sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

Aquecimento global, mudanças climáticas e derretimento dos gelos...

Vejam isso:

Montanhas congeladas

Imagine só: pesquisadores ligados ao programa Ano Polar Internacional confirmaram nesta semana a existência uma cadeia de montanhas do tamanho dos Alpes, escondida sob o manto de gelo da Antártida. As montanhas, várias delas com mais de 3 mil metros de altitude, estão completamente "enterradas" no gelo. Você poderia caminhar por cima delas sem nem perceber que elas existem.

Dá para imaginar quanto gelo você precisa para "enterrar" uma cadeia de montanhas do tamanho dos Alpes? A resposta é que o manto de gelo antártico tem até 4 quilômetros de espessura - mais alto do que as montanhas. O ponto mais espesso tem 4.700 metros, e a média do continente é de 2 mil metros. É muito gelo!

E olha que esses Alpes são só um pedacinho da Antártida. O projeto do Ano Polar mapeou uma área de 2 milhões de km2, mas o manto de gelo inteiro da Antártida tem quase 14 milhões de km2 - bem maior do que o Brasil, que tem 8,5 milhões de km2. Ou seja: dava para cobrir o Brasil inteiro de gelo, mais a Argentina inteira, o Uruguai, o Paraguai, o Chile e a Colômbia.

O volume dessa massa toda de gelo, segundo a minha enciclopédia Smithsonian, é de 30 milhões de km cúbicos, o que representa nada menos do que 70% de toda a água doce do planeta.

Impressionante né? Agora imagine se todo esse gelo "de repente" derretesse e se transformasse em água líquida, por causa de um tal aquecimento global … seria uma catástrofe sem precedentes. Se isso acontecesse, segundo uma matéria da Reuters, o nível dos oceanos no mundo todo aumentaria 57 metros (em outras referências eu encontrei até 70 metros). Todas as áreas litorâneas do planeta ficariam submersas. Santos iria por água abaixo e o Corcovado viraria uma ilhota oceânica. De Nova York, só sobrariam os picos dos prédios mais altos.

Imagine quantos cubos de gelo você precisaria jogar numa piscina olímpica para elevar o nível dela em 1 metro. Agora some todos os oceanos da Terra e imagine quantos cubos de gelo você precisar jogar na água para elevar o nível do mar em 1 mísero milímetro que fosse. Já seria MUITO. Imagine então 1 metro, ou 57 metros, ou 70 metros. É tanto gelo que caberia até uma cadeia de montanhas dentro dele. Não é?

Essa é uma das grandes ameaças do aquecimento global: o derretimento das geleiras da Antártida, da Groenlândia e de todas as montanhas ao redor do mundo.

Falar em um derretimento completo da Antártida é um exagero até mesmo para os mais pessimistas dos pessimistas. Mas também não precisa tanto: só o "pouquinho" que está derretendo pelas bordas já deverá ser suficiente para aumentar o nível dos oceanos em 1,5 metro, ou mais, nas próximas décadas. E isso já será catastrófico o suficiente para nós.

Estamos progredindo bem, na nossa meta de destruir o planeta.

Pense nisso a próxima vez que ouvir falar em derretimento. Não é brincadeira, não.

(de http://www.estadao.com.br/vidae/imagineso_330872,0.htm)

Minicidades sustentáveis são o caminho para um mundo diferente.

Minicidades sustentáveis

Mundo tem 15 mil ecovilas, comunidades-modelo de baixo impacto ambiental que reúnem até 2 mil habitantes

Lucas Frasão e Ana Bizzotto, Especial para o Estado

Telhado ecológico capta água da chuva e diminui os efeitos da erosão

Divulgação

Telhado ecológico capta água da chuva e diminui os efeitos da erosão

SÃO PAULO - Na contramão do caos das metrópoles, têm surgido ecovilas que reaproveitam recursos naturais e são reconhecidas pela Organização das Nações Unidas como modelo de sustentabilidade. Elas já são mais de 15 mil no planeta, segundo a Rede Global de Ecovilas, maior entidade do setor, que tem associados no Brasil.

Veja tembém:

especial Meio ambiente especial - biodiversidade

especial Meio ambiente especial - sustentabilidade

especial Meio ambiente especial - biomas

especial Meio ambiente especial - emissões de CO2

som Meio ambiente especial - Dez defensores da preservação

especialEspecial: Quiz: você tem uma vida sustentável?

especialEspecial: Evolução das emissões de carbono

especialEspecial: Perguntas e respostas sobre reciclagem

especialEspecial: As ações diárias que salvam o planeta

blog Blog: Andrea Vialli: Sustentabilidade

Em tempos de crise ambiental e econômica, as ecovilas simbolizam a busca de um novo modo de vida, mas diferente do das antigas comunidades alternativas pela escala - têm até 2 mil moradores - e pela gestão, com venda de lotes e busca de rentabilidade. Entre os preceitos das ecovilas estão plantar aquilo que se come e adotar padrões sustentáveis de construção, que incluem sistemas de captação de água da chuva (mais informações nesta página). Também seguem documentos socioambientais de referência, como a Agenda 21, resultado da Eco-92, realizada no Rio.

Algumas das primeiras e maiores comunidades do mundo foram criadas por volta de 1970, como a Auroville, no sul da Índia. A meta da ecovila indiana é se tornar uma cidade autossuficiente para 50 mil habitantes - hoje, são cerca de 2 mil. Outro exemplo é Damanhur, no norte da Itália. Com mais de mil moradores de diversas nacionalidades, Damanhur tem Constituição e unidade monetária próprias, além de um jornal diário, escolas e uma universidade "livre".

BRASIL

As ecovilas brasileiras não são tão populosas assim. Mas as comunidades têm crescido desde que o modelo chegou ao País, há uma década.

O projeto da Ecovila Clareando, em Piracaia, interior paulista, surgiu em 2001. Os 97 lotes começaram a ser vendidos quatro anos depois. Hoje, com metade das terras comercializadas, as primeiras famílias estão se mudando para lá.

"Morar em uma ecovila significa passar por mudanças radicais de comportamento", diz o engenheiro agrônomo Edson Hiroshi Seó, idealizador da comunidade Clareando. Mas, apesar de radicais, essas mudanças implicam reencontrar um estilo de vida menos distante, historicamente, do que parece. "Há apenas duas gerações, nossos antepassados viviam no campo. Erguiam as casas da própria terra e tiravam os remédios do mato. Isso se perdeu no homem moderno", afirma Seó.

Outra ecovila, em Terezópolis de Goiás, a 40 quilômetros de Goiânia, mostra como esse tipo de empreendimento pode ser rentável. Desde 2004, mais de 80% dos 335 lotes da Santa Branca foram vendidos. "Nosso negócio é traduzir a ideia da sustentabilidade para o mercado", diz Antônio Zayeck, de 44 anos, presidente da associação de moradores e o primeiro a erguer sua casa no local.

Para Ely Brito, idealizadora da Viver Simples, na zona rural de Itamonte, sul de Minas, a sustentabilidade não se limita ao espaço da ecovila. "Nosso projeto procurou preservar as tradições locais e trocar conhecimento com a comunidade da região", diz Ely. O terreno da Viver Simples, comprado em 2006, fica na área de proteção ambiental da Serra da Mantiqueira. Os futuros moradores conseguiram licença ambiental para construir as casas, que devem ficar prontas em dois anos.

CURSOS

Para quem quer saber mais sobre o tema, o Instituto de Permacultura e Ecovilas da Mata Atlântica (Ipema) serve de referência. Localizado em Ubatuba, no litoral norte de São Paulo, o instituto tem um centro de treinamento. O curso mais disputado custa R$ 480 e vai de março a julho. Visitantes podem conhecer o local às sextas-feiras, pagando R$ 20.

O Instituto de Permacultura e Ecovilas do Cerrado, em Pirenópolis (GO), também promove cursos e presta consultorias. Criada há dez anos, a ecovila de Pirenópolis tem cem famílias.

BIOCONSTRUÇÃO

Entre os pilares das ecovilas está o uso de técnicas de construção que minimizem impactos ao ambiente. Uma dessas correntes é a da bioconstrução, que prevê a reciclagem e uso de materiais disponíveis na região. "Isso permite maior integração com o entorno, tanto nos aspectos estéticos como nos funcionais", explica o arquiteto Daniel Quintão, especialista em bioconstrução pelo Centre Ecologique Terre Vivante, na França.

A escolha das técnicas construtivas e dos mecanismos de redução de efluentes e de lixo deve considerar clima, relevo, material e mão de obra disponíveis. Para economizar energia, os projetos dão prioridade à ventilação e iluminação natural. Há também a opção do aquecimento solar e de cataventos, por exemplo, para gerar energia eólica.

O recurso do "teto verde" como cobertura ajuda a regular a temperatura e a captar água da chuva, armazenada em reservatórios subterrâneos e utilizada para vários fins, como dar descarga.

Os projetos sempre incluem o tratamento de esgoto. Em alguns casos, os imóveis têm o "banheiro seco", para transformar resíduos em húmus e reutilizá-los como adubo. "Algumas pessoas não acreditam que a gente consegue viver em ecovila. Mas é uma mudança de hábito", diz Marcelo Bueno, arquiteto e secretário executivo do Instituto de Permacultura e Ecovilas da Mata Atlântica (Ipema), em Ubatuba. As telhas da sede do Ipema foram feitas a partir da reciclagem de tubos de pasta de dente.

As paredes das casas podem ter como matéria-prima adobe, tijolo de terra crua, bambu e pau-a-pique. Mas até o cimento é usado, em menor escala.

(de http://www.estadao.com.br/noticias/vidae,minicidades-sustentaveis,330316,0.htm)

quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

Ser acolhido: isto é hospitalidade!

Neste blog costumo mais postar notícias relacionadas com o meio-mabiente e coisas assim...

Desta vez vou variar... Em cim a do mesmo tema. Não vou postar nenhuma notícia garimpada em algum jornal e coisa e tal. Vou escrever sobre meu carnaval.

Sextafeira saí um pouco mais cedo de meu trabalho. Consultei meu banco de horas na intranet e este me apontava cerca de 17 horas positivas, sem contar com as que ainda não haviam sido contabilizadas... Saí mais cedo para conseguir chegar ao ponto da avenida Ivo Silveira a tempo de fazer sinal para o onibus que vai para Santa Rosa de Lima e que me levaria a Anitapolis, um pouco antes de seu destino final.

Dei sorte por ser o motorista que foi, mas depois falo sobre isso. Apanhei o dito bem na horinha. Foi pela Ivo Silveira, passou pelo viaduto (mal projetado) de Capoeiras, passou para São José, fez a volta pela antiga "rodoviária da Josué Di Bernardi, e voltou para a av. Presidente Keneddy... Depois pela Praia Comprida (a Long Beach de São José...), pleo lado do saudoso Cine York, pela praça do Centro Histórico de São José com seu Theatro Adolpho Mello, pelas entradas da Ponta de Baixo e da Fazenda do Max, Ponte do Imarui, Palhoça, congestionamento da BR101 pela insistência e percorrer o trajeto antigo... Santo Amaro da Impertariz, Águas Mornas, Rancho Queimado (parada de 10 minutos para café e banheiro...) e, finalmente, Anitápolis!

Açougue do Dico, padaria do Tarcisio, lanchonete de seu Aristides, Rosalvo (para pegar a chave), seu Mip, o taxista, não faz mais corridas longas, dona Marlene (me aprontou uma...) me hospedou...

Caminhada...

Posso acrescentar mais texto mais tarde. Vou abreviar este post agora: passei uns dias no sítio, olhando e ouvindo os quero-queros, as curucacas, os gaviões, as aracuãs... Depois fui para o Rio da Prata, passando pela Praça. Na Hilux de seu Laurindo

Fiquei lá no seu Gabriel, porque em Pasárgada não tinha lugar.

Terça desci de mala e cuia pra u8sufruir bons momnetos. Conheci o Paulo Markun e a Tatiana, o uruguaio Pablo, gente boa! Bons momentos!

Depois escrevo mais!

Cesário

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

Maravilha! Finalmente!

Esgoto e dejetos viram energia

Biodigestor misto, com dejetos humanos e animais, instalado em [br]Cabrália Paulista (SP), tem alta eficiência

Niza Souza - O Estado de S.Paulo

Quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009, 07:02

SÃO PAULO - O projeto de instalação de um biodigestor na Escola Técnica Estadual (Etec) Astor de Mattos Carvalho, de Cabrália Paulista (SP), mostra que é possível tratar esgoto sanitário doméstico juntamente com dejetos de criações comerciais, como suínos e aves. O biodigestor está em funcionamento há pouco mais de um ano e os resultados mostram que o processo elimina quase 100% dos coliformes fecais dos dejetos.



Sustentabilidade: resíduos de suínos já não são um problema

"A ideia é validar um sistema para o tratamento de esgoto de pequenas comunidades rurais", diz o pesquisador Wilson Tadeu Lopes da Silva, da Embrapa Instrumentação Agropecuária, que coordena o projeto. Segundo ele, apesar de a Embrapa trabalhar com biodigestores há algum tempo, esta é a primeira experiência com dois tipos de dejetos tratados conjuntamente.

A proposta, diz, era saber se é possível trabalhar com ambos ao mesmo tempo, do ponto de vista da qualidade de eficiência do processo de saneamento. Por isso, a pesquisa avaliou a qualidade do material que entra e do que sai do biodigestor. "Concluímos que houve redução de coliformes fecais no produto final de 99,99%. O tratamento é muito eficiente", diz.

Por enquanto, o único produto gerado pelo biodigestor em uso pela escola é o biogás, resultado do processo de biodigestão anaeróbio. Mas os estudos comprovaram que o efluente tratado tem grande quantidade de material orgânico, como nitrogênio, enxofre e outros micronutrientes. Por isso, os pesquisadores estudam a viabilidade de usar o efluente final do processo de tratamento como fertilizante.

A Etec tem um plantel de 50 suínos e os dejetos eram um problema, diz o diretor, Lourenço Magnoni Júnior. "Agora esse material até nos dá lucro." O biogás está sendo usado para substituir o gás (GLP) da cozinha do colégio. "Reduzimos o gasto de 180 quilos de gás para 90 quilos por mês", diz.

(de http://www.estadao.com.br/noticias/suplementos,esgoto-e-dejetos-viram-energia,326000,0.htm)

Chnace para quem quer preservar?

Quem sabe aí resida uma chance para os que se dispõe a conservar um pedaço de chão...


Código Florestal

Quarta-Feira, 18 de Fevereiro de 2009

André Meloni Nassar

Um dos temas de ordem política mais controversos em discussão em Brasília é a reforma do Código Florestal brasileiro, sobretudo nos pontos que se referem às atribuições legais de responsabilidade sobre o meio ambiente que são impostas aos produtores rurais. No que diz respeito à conservação, o Código estabelece que os produtores têm duas obrigações legais: cumprimento da reserva legal (RL) e, adicionalmente, proteção de áreas de preservação permanente (APPs). Pela RL, os produtores que estão fora da Amazônia Legal devem manter preservados, sem uso produtivo agrícola, 20% da área da propriedade rural. Nos Estados da Amazônia Legal o porcentual é de 35% nas áreas de cerrado e de 80% nas áreas dentro do bioma Amazônia.

A questão da RL e das APPs sempre foi motivo de contencioso entre produtores e o governo brasileiro. Especialmente no caso da RL, desde que, há mais de dez anos, o Judiciário passou a determinar a averbação das áreas nos cartórios de registro de imóveis, o nível de tensão vem crescendo. O aumento da fiscalização, a recente regulamentação das leis de crimes ambientais e a popularização do uso de ferramentas de georreferenciamento detonaram, do lado dos produtores, ações para reformar o Código Florestal. Como ficou claro no mês passado, organizações ambientais e o Ministério do Meio Ambiente são o outro lado da moeda.

Esse é o contexto político em que o tema é tratado. Mas a complexidade dele vai muito além desses elementos. Por um conjunto de razões que listo a seguir, o Código precisa ser reformado. No entanto, dada a enorme mudança institucional que representa a reforma, ela só fará sentido se passar por um processo de escrutínio pela sociedade brasileira.

A reforma do Código não é motivo de disputa apenas entre produtores e ambientalistas, mas também entre os próprios produtores. Cada Estado com relevância na produção agropecuária tem uma condição específica e, idealmente, gostaria de ver o Código alterado para acomodar sua situação. Além disso, há questões de legitimidade econômica e ambiental que são simplificadas pela abordagem legal utilizada no Código - e que já são suficientes para justificar uma reforma. Assim, uma estratégia de reforma concentrada apenas na mudança de seus aspectos legais tem poucas chances de dar certo, pois é mais do que evidente que o Código, de 1965 e repleto de emendas, está fora da realidade em que vivemos.

O primeiro elemento que justifica a reforma é a necessidade de encontrar soluções para equacionar o problema do passivo ambiental que hoje atormenta os produtores. Os dados indicam que nos Estados do Sul, Sudeste e Centro-Oeste há cobertura vegetal insuficiente para atender às exigências de RL e APPs. Do ponto de vista legal, tais Estados deveriam recuperar essas áreas, incluindo a compensação fora da propriedade, no caso da RL, desde que na mesma bacia hidrográfica.

Existem três saídas nesse caso: incorporar as APPs, pelos menos as de margem de rio, na contabilização da RL; desenvolver um enorme programa, com ajuda governamental, de recuperação de matas e florestas; e buscar uma solução que flexibilize os esquemas de compensação. Em qualquer dos casos, não faz sentido recuperar APPs de morro que há anos estão ocupadas com produção agrícola e pecuária. A primeira solução é boa para os produtores, mas não sairá de graça. Dado que o passivo deverá continuar elevado, os produtores poderão ser cobrados a se comprometer a resolver o remanescente. A segunda faz sentido somente se o restauro florestal ocorrer em áreas de baixo valor produtivo e se houver uma forte política de incentivo governamental. A terceira solução, de baixa probabilidade de aceitação pelos Estados que estão livres de passivo, deveria estender, no mínimo, a compensação a todo o Estado, não importando a bacia hidrográfica. Considerando que a RL e as APPs devem ser atendidas pela propriedade, é impossível mapear todos os casos para medir qual das soluções acima é mais viável. Assim, um pacote combinado de todas elas parece ser a solução.

Em situação diferente estão os produtores da Amazônia. Do ponto de vista legal, usar terras na Amazônia para fins agropecuários é considerada uma exceção. Não somente por conta dos 80% de RL, mas porque os objetivos de proteção ambiental são atingidos com as unidades de conservação ali estabelecidas. A grande questão da Amazônia é que, por força da obrigatoriedade dos 80%, os produtores são transformados em prestadores de serviços ambientais sem nada receberem por isso. Claramente, é uma construção jurídica que não poderia funcionar porque a única forma de renda de um produtor, exceto pelo desmatamento ilegal, é o uso de apenas 20% de sua terra para produção. O caminho de reformar o Código com a redução dos 80%, que seria a solução ideal aos produtores da Amazônia, provavelmente não vai prosperar, porque isso pode levar ao aumento do desmatamento, fato que governo e sociedade não desejam mais. Assim, garantir os 80% de RL passa, obrigatoriamente, pela inclusão dos serviços ambientais na matriz de custo da sociedade brasileira.

Dois outros elementos complicam ainda mais o debate. A questão da regularização fundiária e a inclusão dos produtores num sistema de cadastro rural. São temas que, por sua interdependência, não evoluem. Um produtor com passivo ambiental não tem interesse em fazer parte do cadastro. Um produtor que não tenha título da terra não tem interesse em fazer desmatamento legal. E a falta de um sistema de cadastro deixa o governo de mão atadas para fiscalizar.

A reforma do Código Florestal é necessária e precisa contemplar soluções para o passivo ambiental, o pagamento pelos serviços ambientais, a regularização fundiária e a criação de um cadastro rural nacional. Uma reforma que não ataque esses temas será, mais uma vez, parcial.

André Meloni Nassar é diretor-geral do Instituto de Estudos
do Comércio e Negociações Internacionais (Icone).
E-mail: amnassar@iconebrasil.org.br

(de http://www.estadao.com.br/estadaodehoje/20090218/not_imp325992,0.php)

Como manter estas áreas, para estudar como se regenera a floresta?

Como?

Estudo mostra área devastada da Amazônia em regeneração

AE - Agencia Estado

SÃO PAULO - Pela primeira vez desde que começou a monitorar o desmatamento da Amazônia, em 1988, o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) vai ?tirar a máscara? da floresta e ver o que está acontecendo nos 700 mil quilômetros quadrados já desmatados da região. Um estudo preliminar, baseado numa amostra de 26 imagens de satélite, indica que 19,4% dessa área total desmatada possui florestas secundárias em processo de regeneração.



A expectativa de vida dessas novas florestas, porém, é curta - cerca de cinco anos, até serem derrubadas novamente. Os números carregam uma série de implicações para as políticas nacionais de combate ao aquecimento global e de conservação da biodiversidade na Amazônia. As florestas secundárias absorvem parte do dióxido de carbono (CO2) que foi emitido pela derrubada e queima das florestas originais, reduzindo o impacto do desmatamento sobre as mudanças climáticas. Quando a vegetação é queimada novamente, porém, o CO2 retorna para a atmosfera.



?A floresta secundária reabsorve carbono, mas isso não significa que o carbono esteja imobilizado para sempre?, disse o engenheiro agrônomo Cláudio Almeida, chefe do recém-criado Centro Regional da Amazônia (CRA) do Inpe, em Belém (PA). Almeida fez o estudo para sua tese de mestrado, concluída em 2008. A pesquisa foi feita com dados de 2006, quando a área total desmatada na Amazônia era de 680 mil km2 (hoje já ultrapassou 700 mil km2). Naquele ano, os 19,4% de florestas secundárias cobriam 132 mil km2, uma área maior do que metade do Estado de São Paulo. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
(de http://www.estadao.com.br/noticias/geral,estudo-mostra-area-devastada-da-amazonia-em-regeneracao,326097,0.htm)