segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Diagnóstico de um rio: jornal percorre 40 dos 88 quilômetros do rio Cubatão do Norte (SC)

Geral | 04/12/2010 | 15h00min

A Notícia percorre cerca de 40 dos 88 quilômetros do rio Cubatão

O rio abastece 70% da água que Joinville consome

Taísa Rodrigues | taisa.rodrigues@an.com.br
Respire fundo. Sinta a energia da natureza e embarque nesta aventura. Você vai conhecer o rio Cubatão, que abastece 70% da água que Joinville consome. "A Notícia" percorreu cerca de 40 dos 88 quilômetros do rio e mostra que ele, na verdade, está dividido em dois trechos: um limpo e outro poluído.

Na descida, é possível contemplar a beleza da mata atlântica e, ao mesmo tempo, perceber que o desmatamento também sobe a serra e que a ação do homem está diretamente ligada à poluição da água.

Além da equipe de "AN", embarcaram na viagem o geógrafo da Fundação Municipal do Meio Ambiente (Fundema) Rafael Bendo e o trio responsável pelo equipamento e pelo apoio durante o trajeto - o empresário Alexandre Matteí, o corretor Moacir Conradi e o funcionário público Sidnei Roberto Bruske.
Veja no mapa a as condições da água ao longo do Cubatão

A AJUDA QUE VEM DOS MORADORES

Todos os dias, o marceneiro Milson Dias, 53 anos, vai até o rio Seco, nos fundos de casa, para ver como está a encosta de um dos afluentes do Cubatão. Dedicado e preocupado com o meio ambiente, Milson mima e cuida com carinho as árvores frutíferas que plantou para preservar a área.

Desde 2005, ele conta com uma ajuda da Fundema para reflorestar a encosta. Segundo o marceneiro, há cinco anos choveu pouco na região de Pirabeiraba e a água do rio Seco diminuiu bastante.

— As pedras apareceram e várias pessoas mandaram caminhões para carregá-las e tirá-las do leito do rio. É um absurdo —, diz.

Depois de presenciar uma destas cenas, Milson decidiu procurar a Fundação 25 de Julho. A unidade tem parceria com a Fundema no programa SOS Nascentes, que reúne quatro projetos que têm como proposta assegurar a qualidade ambiental em áreas rurais para preservar rios e garantir o abastecimento.

O marceneiro abraçou a causa. Inscrito no Programa de Compensação Financeira Ambiental de Recuperação da Mata Ciliar do SOS Nascentes, recebe cerca de R$ 250 por mês da Fundema e mudas da fundação para plantar e cuidar em uma área de aproximadamente 11 mil m2. A encosta, antes só de pedras, agora tem terra firme e plantas frutíferas.

— Tem ameixa, pêra, cerejeira, amora, goiaba. Está a coisa mais linda. Depois que cria o hábito, não dá para parar de plantar —, garante Milson.

Quase 90 famílias já recuperaram algum trecho da encosta e 18 delas já receberam ajuda financeira para desenvolver o programa.

— A população tem de entender que a preservação ambiental influencia diretamente na qualidade da água —, explica o geólogo da Fundema, Rafael Bendo.

BELEZAS, ESFORÇO E DEVER CUMPRIDO

Quando surgiu a ideia de descer o rio Cubatão de caiaque pensei: vai ser demais! Mas organizar a equipe e as pessoas que nos levariam nesta aventura não foi uma tarefa fácil. A pauta começou a ser planejada em junho, mês em que foi executada a primeira parte. Em novembro, ocorreu a segunda etapa, finalizando o trajeto de quase 40 km.

Jamais imaginaria que conheceria o rio até o fim. Foram muitas descobertas e surpresas. Ver um rio que começa limpo e termina sujo, feio e poluído dói no coração e na consciência. Tudo é resultado da ação do homem, e eu ainda acredito que as coisas podem mudar.

No começo da aventura, foi só ansiedade. Eu e o fotógrafo Rogerio da Silva ríamos de tudo. Acho que era nervosismo. O pessoal que nos acompanhou nesta primeira etapa é bem descontraído. O ar puro, o céu azul, a água fresquinha...

Na segunda etapa, com o fotógrafo Pena Filho, o dia estava nublado e foi bem mais cansativo. Remamos por quase seis horas e, como no canal a água é parada, tínhamos que nos esforçar mais, senão a gente não saía do lugar. Eu estava no caiaque com o empresário Alexandre Matteí e, ao passar pela barragem, ele furou. Tivemos de parar duas vezes para encher, sem contar que entrou água e ficou mais pesado.

No fim, quase ninguém falava mais. Só observava e analisava aquela água densa, marrom e com cheiro nada agradável. Finalmente chegamos na baía da Babitonga. Nessa hora, a gente nem conseguia mais remar.

Mesmo com os braços doloridos por causa dos movimentos repetitivos para remar, pude perceber a importância do rio Cubatão para Joinville.

PROJETOS

Educação ambiental
Ações pontuais na comunidade.

Saneamento rural
A Fundema doa materiais para o proprietário rural implantar sistema de fossa e filtro. Cerca de 1,2 mil unidades já foram construídas.

Fiscalização
No pórtico do Quiriri, tem um posto de fiscalização onde é feito o controle de caminhões com material de construção para coibir construções irregulares e proibir o roubo de palmito e a caça.

Reflorestamento
A Fundação 25 de Julho doa mudas nativas e presta assistência técnica para a recuperação de áreas de preservação.


Confira vídeo com parte da aventura 
AN.COM.BR


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quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Ministério Público deveria atentar para derrame de esgoto doméstico em rios.

Rio dos Sinos

MP estuda responsabilizar prefeituras por morte de peixes no RS

02 de dezembro de 2010

O Ministério Público estuda a possibilidade de responsabilizar criminalmente as prefeituras do Vale do Paranhana, na região sul do Rio Grande do Sul, que não têm saneamento básico adequado e despejam o esgoto diretamente no rio dos Sinos. O MP acredita que a mortandade de peixes provocada pela falta de oxigênio na água, registrada na última quarta-feira (1º), pode ter sido causada pela poluição. As informações são do site Correio do Povo.
O titular da Promotoria Regional de Defesa do Meio Ambiente, Daniel Martini, e a delegada de Defesa do Meio Ambiente, Elisângela Reghelin, vão se reunir na manhã desta quinta-feira (2) com a promotoria de Sapiranga para discutir o assunto.
A Patrulha Ambiental da Brigada Militar navegava pelo rio dos Sinos na manhã desta quinta para tentar detectar os locais onde há lançamento de esgoto. Na quarta, a BM delimitou o trecho crítico de falta de oxigênio que causou a mortandade de peixes verificada durante no local.
Antes e depois do trecho, o nível de oxigênio estava normalizado. Isso leva a crer, segundo Daniel Martini, que a chuva da segunda e terça-feira “lavou” o esgoto pluvial e cloacal das cidades mais altas do Vale do Paranhana, formado por Igrejinha, Parobé, Riozinho, Rolante, Taquara e Três Coroas.
Em Sapiranga, medições indicaram índice de 0,4 ml de oxigênio por litro de água, enquanto o normal para a região varia de 5 a 6 mg/l. O Ministério Público contratou um laboratório para confirmar as causas da morte dos peixes. O mínimo para sobrevivência deles é de 2 mg/l.
O rio dos Sinos, juntamente com o Gravataí, está entre os três mais poluídos do Brasil. Os dois perdem apenas para o rio Tietê, em São Paulo.

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Aterros sanitários responsáveis pela geração de 60% das emissões de metano - O que tu fazes com teu lixo orgânico?

Gases-estufa estão em níveis recordes, diz agência da ONU

Reuters/Brasil Online
    GENEBRA (Reuters) - A concentração dos principais gases causadores do efeito estufa na atmosfera alcançou o nível mais altos desde os tempos pré-industriais, anunciou nesta quarta-feira a Organização Meteorológica Mundial (OMM).

As concentrações dos gases-estufa continuaram a aumentar em 2009 - o último ano para o qual há observações registradas - a despeito da recessão econômica, disse a agência meteorológica da ONU em seu mais recente Boletim Gás-Estufa.

O aumento nesses gases eleva a radiação na atmosfera, aquecendo a superfície da Terra e provocando mudanças climáticas.

"Os principais gases-estufa de vida longa, entre eles o dióxido de carbono, o metano e o óxido nitroso, atingiram seus níveis registrados mais altos desde o início da era industrial, e isso apesar de uma recessão econômica recente", disse a jornalistas o vice-secretário-geral da OMM, Jeremiah Lengoasa.

As conclusões serão estudadas em uma conferência da ONU em Cancun, no México, que será promovida entre 29 de novembro e 10 de dezembro para discutir as mudanças climáticas.

A forçante radiativa, ou seja, a razão entre a radiação que chega da atmosfera e a radiação que sai para ela, aumentou em 1 por cento em 2009 e em 27,5 por cento entre 1990 e 2009, disse a OMM.

Os índices de aumento do dióxido de carbono e do óxido nitroso foram mais baixos que em 2008, mas o fato exerceu impacto mínimo sobre as concentrações de longa duração.

Se as emissões de gases-estufa parassem por completo, ainda assim o dióxido de carbono já presente na atmosfera levaria cerca de 100 anos para sair dela.

O dióxido de carbono é isoladamente o mais importante gás-estufa causado pela atividade humana, contribuindo para 63,5 da forçante radiativa total. Sua concentração aumentou 38 por cento desde 1750, principalmente devido às emissões provocadas pela queima de combustíveis fósseis, o desmatamento e mudanças no uso da terra, disse a OMM.

As emissões naturais de metano - devidas, por exemplo, ao derretimento da calota de gelo ártica e ao aumento da precipitação pluviométrica em regiões úmidas, elas próprias causadas pelo aquecimento global - estão ganhando importância, disse a organização.

Esse fato pode gerar um "círculo de feedback" no qual o aquecimento global libera na atmosfera grandes quantidades de metano que, então, contribuem para um aquecimento global ainda maior.

Essas emissões naturais podem ser a razão pela qual a concentração de metano vem aumentando na atmosfera ao longo dos últimos três anos, após quase uma década sem subir, disse a OMM.

Atividades humanas como a criação de gado, o plantio de arroz, a exploração de combustíveis fósseis e aterros sanitários são responsáveis por 60 por cento das emissões de metano, e fontes naturais respondem pelo restante.

(Reportagem de Jonathan Lynn)

(de http://oglobo.globo.com/mundo/mat/2010/11/24/gases-estufa-estao-em-niveis-recordes-diz-agencia-da-onu-923096541.asp

)

terça-feira, 9 de novembro de 2010

Angelina, Anitápolis, Santa Rosa de Lima, Rancho Queimado: elaboraram o plano de saneamento?

Caso negativo, NÃO RECEBERÃO INVESTIMENTOS FEDERAIS!


Apenas receberão investimentos federais na área de saneamento os municípios que concluírem, até o dia 31 de dezembro de 2010, o Plano Municipal Integrado de Saneamento Básico.
O auditório do Conselho Regional de Química, localizado no Centro de Florianópolis, foi palco de mais uma reunião mensal do Conselho Municipal de Saneamento. Durante o encontro, que reuniu representantes de diversos setores da sociedade, foi apresentada e discutida a Versão Preliminar do Plano Municipal Integrado de Saneamento Básico (Produto 9 – Programas Metas e Ações do Plano). Na próxima etapa, denominada Produto 10, serão realizadas Audiências Públicas com o objetivo de consolidar a participação popular na discussão do Plano. O material contendo todos os Produtos, até o momento aprovados, estão disponíveis para toda a comunidade no site da Prefeitura Municipal de Florianópolis e na forma impressa em diversos locais. A exemplo de escolas, Centros Comunitários, Bibliotecas e outros estabelecimentos da região de onde será realizada a Audiência.
A primeira Audiência Pública ocorrerá no dia 22 de Novembro, às 19h00, no Clube Canto do rio, no Ribeirão da Ilha. Já está disponibilizada uma cópia impressa do material para consulta local no Conselho Comunitário do Ribeirão da Ilha, localizado na Rua Baldicero Filomeno, nº 7792. Informações poderão ser obtidas com o Sr. Álvaro, Presidente do Conselho Comunitário. O Secretário Municipal de Habitação e Saneamento Eng. Átila Rocha dos Santos, presidente do Conselho Municipal de Saneamento, responsável pela elaboração do Plano, destacou a importância da participação da população nesta fase. As sugestões podem ser encaminhadas por meio digital para a prefeitura pelo email planosaneamentofloripa@gmail.com Contato: 3251 6327.
(PMF, 06/11/2010)

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Especialistas alertam sobre a iminente crise de escassez de fósforo

Do blog "controversia" (http://blog.controversia.com.br/2010/05/02/especialistas-alertam-sobre-a-iminente-crise-de-escassez-de-fsforo/), originalmente publicado na Der Spiegel...

Se a gente já sabe que as jazidas vão se esgotar, porque não fazer o certo da primeira vez? Explorar/recuperar o fósforo dos esgotos! Assim se resolve TAMBÉM o problema de saneamento das grandes cidades!

O fosfato atualmente é extraído das jazidas e processado para ser usado como adubo. As plantações são adubadas e as colheitas são transformadas em alimentos para os moradores das grandes cidades. No final do ciclo o fosfato vai para nos esgotos. Até quando? Até se esgotarem as jazidas? Só então vão pensar em recuperar o fosfato dos esgotos e do lixo orgânico? Após devastarem as regiões das jazidas? Estupidez!

Especialistas alertam sobre a iminente crise de escassez de fósforo

Hilmar Schmundt

Máquina move minérios com fosfato em   complexo de produção de fertilizantes no Iraque

Máquina move minérios com fosfato em complexo de produção de fertilizantes no Iraque

O elemento fósforo é essencial à vida humana e o ingrediente mais importante dos fertilizantes. Mas os especialistas alertam que as reservas de rochas de fosfato do mundo estão acabando. Será que reciclar o esgoto é a resposta?

Eles peneiram o pó entre os dedos, cheiram-no e admiram seu leve brilho marrom. Membros de uma delegação japonesa, vestidos com ternos pretos e capacetes amarelos, observam com atenção dentro de uma fábrica em Leoben, Áustria, maravilhados com a transformação aparentemente milagrosa do esgoto fétido em cinzas valiosas.

Nada indica que a poeira marrom venha de uma fossa. Ela não tem cheiro, é higiênica e tão segura quanto a areia de um parquinho infantil. E também é valiosa. A poeira contém cerca de 16% de fosfato. O elemento, principal ingrediente básico dos fertilizantes minerais, é atualmente comercializado por US$ 335 a tonelada.

O lodo de esgoto costumava ser jogado sem tratamento nas plantações como esterco líquido, até que se tornou evidente o quanto era tóxico. As excreções humanas estão cheias de metais pesados, hormônios, bifenil – e medicamentos. Novas fábricas de processamento conseguem remover essas toxinas com muito mais eficácia hoje, abrindo caminho para o uso do lodo de esgoto como um fertilizante seguro. A Ash Dec, companhia que opera a fábrica piloto em Leoben, apelidou o programa de "Ash to Cash" ["Cinzas em Dinheiro"].

Essa abordagem pouco convencional pode ser importante para toda a humanidade. Embora o termo "pico do petróleo" - o ponto em que a capacidade de produção chegará ao pico antes que os poços de petróleo comecem a secar – seja bastante conhecido, poucas pessoas sabem que as reservas de fósforo também estão se esgotando. Especialistas se referem a este cenário como o "pico do fósforo".

"Embora o tempo exato seja motivo de controvérsia, está claro que a qualidade das rochas de fosfato que ainda restam está diminuindo, e os fertilizantes baratos em breve serão coisa do passado", alerta Dana Cordell do Instituto para Futuros Sustentáveis em Sidney. Uma crise de fosfato seria no mínimo tão séria quanto uma crise do petróleo. Enquanto o petróleo pode ser substituído por outras fontes de energia – nuclear, eólica ou solar –, não há uma alternativa para o fósforo. É um elemento básico para todo tipo de vida, e sem ele os seres humanos, animais e plantas não podem sobreviver.

Gerador da vida e letal

O elemento fósforo liga-se ao oxigênio, que dá a ele seu duplo papel como elemento gerador da vida e também como elemento letal. Como ele se liga facilmente, o fósforo é altamente inflamável, e por isso é usado em bombas incendiárias. Por outro lado, o fósforo é uma parte essencial das biomoléculas.

O químico conhecido como fosfato, que consiste em um átomo de fósforo cercado por um cordão de segurança de átomos de oxigênio, é uma das bases da vida. O corpo humano, por exemplo, contém cerca de 700 gramas de fósforo. Nossos dentes de ossos devem sua força a um mineral de fosfato, mas as células nervosos e os músculos também dependem do químico. Até as moléculas de DNA são mantidas unidas pelo fósforo.

"A vida pode se multiplicar até que todo o fósforo desapareça, e então haverá uma interrupção inexorável que nada poderá evitar", escreveu o autor de ficção científica e bioquímico Isaac Asimov. Pessoas que não consomem pelo menos 0,7 gramas de fósforo por dia com seus alimentos têm maior probabilidade de sofrer sintomas de deficiência.

A demanda por fertilizantes para plantar alimentos para ração animal cresceu por conta da fome de carne dos países ricos. O crescimento da prosperidade na China e o cultivo de plantas para produzir biocombustíveis estão aumentando ainda mais essa demanda, o que gera mais especulação nos mercados globais. Há dois anos, o preço da rocha de fosfato subiu 700%, e depois teve uma ligeira queda. Os mercados estão nervosos.

"Uma bomba-relógio"

Apenas quatro países – Marrocos, China, África do Sul e Jordânia – controlam 80% das reservas de fosfato utilizável do mundo. O Marrocos é um exportador particularmente importante, a Arábia Saudita do fósforo, por assim dizer.. Suas reservas se formaram há milhões de anos, quando restos de animais de plâncton foram depositados como sedimentos no fundo de um mar raso e quente. O tesouro fóssil do Marrocos responde por cerca de 37% das reservas mundiais.

A Europa, por outro lado, quase não tem reservas próprias, e depende das importações para satisfazer 90% de sua demanda. O fósforo é uma "bomba-relógio geoestratégica", alerta David Vaccari, professor de engenharia ambiental no Instituto de Tecnologia Stevens em Hoboken, Nova Jersey. "Eventualmente podemos ser obrigados a implantar um alto grau de reciclagem à medida que os recursos se tornam escassos", diz ele. "Quanto mais cedo implantarmos tecnologias de reciclagem, mais tempo os recursos atuais durarão, facilitando a transição para um período em que uma intensa reciclagem se tornará imperativa."

Até mesmo o escritor francês Victor Hugo reconheceu o problema, interrompendo seu famoso livro "Os Miseráveis" para escrever várias páginas de uma defesa inflamada do uso de material fecal humano como fertilizante. "Não há guano que se compare em fertilidade aos detritos de uma capital", enfatizou.

E agora o sonho do escritor pode finalmente tornar-se realidade. A indústria é chamada de "mineração urbana", e além de reciclar metais, vidros e plástico, logo poderá transformar os esgotos em minas de fertilizantes. As estações de tratamento de esgoto acumulam quase um quilo de fosfato por ano por morador.

Nas estações de tratamento de esgoto atuais, os fosfatos vão parar no logo, que é então aquecido em fábricas de mono-combustão e com frequência levado a aterros em forma de cinza ou misturados ao concreto – junto com este valioso fertilizante.

Consumido, digerido, excretado e enviado descarga abaixo

Mas isso poderá mudar em breve, como descobriu a delegação japonesa em sua visita à fábrica piloto de Leoben. A região em torno da fábrica já foi o centro da indústria de mineração da Áustria, que desde então entrou num declínio visível. Muitas casas em Leoben estão vazias hoje.

Agora a mineração urbana poderá dar nova vida à região. As cinzas são entregues à fábrica por caminhões da companhia de tratamento de esgoto em Viena, a cerca de 150 quilômetros dali. A poeira marrom clara e fina é guardada em grandes sacos plásticos, e nada ali sugere que suas partículas já foram uma refeição deliciosa, antes de ser consumida, digerida, excretada e enviada descarga abaixo pelo sistema de esgoto da cidade.

Quando chegam na fábrica, as cinzas do lodo de esgoto não são apropriadas para serem usadas como fertilizantes, porque contêm níveis excessivamente altos de metais pesados como o cádmio. À medida que as engrenagens gemem e as correias transportadoras chiam, as cinzas, combinadas com aditivos químicos, passam para um forno giratório, onde uma chama de gás natural as esquenta a 1.000 ºC. Depois de meia hora no forno giratório, as cinzas, que já passaram por dois processos de purificação, têm um conteúdo de cerca de 16% de fosfato. Elas são então enriquecidas com outros nutrientes, como o potássio e o nitrogênio, para chegar ao produto final: o fertilizante urbano.

"Depois da reciclagem, o conteúdo de metal pesado é significativamente mais baixo do que na maioria dos fertilizantes convencionais", diz Ludwig Hermann, co-fundador da Ash Dec. "No começo, tudo que podia dar errado dava errado", diz ele, referindo-se à fábrica piloto de US$ 2,7 milhões. "As caldeiras quebraram e as cinzas cozinharam até virarem pedaços duros". A máquina que Hermann usa agora para a mineração urbana já foi usada para processar alumínio.

"O miraculoso portador da luz"

Suas experiências são comuns na emergente indústria de reciclagem de fosfato, onde há muita especulação, testes e erros – quase como era há 340 anos, quando o fósforo foi descoberto. Foi o alquimista Hennig Brand, de Hamburgo, que descobriu uma substância promissora que brilhava misteriosamente no escuro, enquanto buscava a "pedra filosofal" em 1669.

A receita do alquimista era de certa forma estranha. Pegue a urine "dourado-amarelada", destile-a e aqueça o resíduo. Usando este método rudimentar, ele obteve alguns gramas de fósforo a partir de várias centenas de litros de urina. Então ele vendeu os pedaços a outros cientistas por grandes somas de dinheiro. O matemático Gottfried Wilhelm Leibniz também estava interessado o segredo do "phosphorus mirabilis" ("o miraculoso portador da luz").

O uso prosaico do fosfato como fertilizante foi descoberto por acidente mais de 200 anos depois. O material era um subproduto da produção de aço na Inglaterra, conhecido como o pó de Thomas. Este lixo industrial mais tarde se mostrou útil como um ótimo fertilizante.

Depois disso, o fósforo passou a ter várias aplicações: na fertilização das plantas, nas rações animais, na superfície das caixas de fósforo e nas armas. Ironicamente, os aliados usaram bombas incendiárias de fósforo na 2ª Guerra Mundial para destruir Hamburgo, o local em que o "milagroso portador da luz" foi descoberto.

Salvação nos esgotos

Com o advento da mineração urbana, uma nova fonte do escasso elemento está sendo explorada. Muitos métodos para retirar materiais brutos do esgoto estão sendo testados no processo. Na Holanda, por exemplo, a companhia Thermphos está produzindo fósforo branco de qualidade para uso na indústria a partir de grandes quantidades de cinzas de lodo de esgoto. A Alemanha também em breve assumirá um papel pioneiro com um centro de pesquisa inovador na reciclagem de fósforo.

No mais tardar em 2012, Hermann planeja construir uma fábrica de 12 milhões de euros dentro de um projeto com o Instituto Federal para Pesquisa e Teste de Materiais, com sede em Berlim. Um local no Estado de Brandemburgo, no leste da Alemanha, está sendo considerado.

"Com a nossa tecnologia, a reciclagem poderá satisfazer um terço da demanda por fertilizantes da Alemanha", diz Hermann. Sua primeira fábrica em escala industrial deverá ser sete vezes maior do que a fábrica piloto na Áustria, e produzirá 29 mil toneladas de fertilizantes por ano. Ele planeja obter o material bruto das estações de tratamento de esgoto próximas, num raio de 300 quilômetros. Mas a maior parte dele virá daquela que talvez seja a mais importante mina de fosfato da Alemanha: os esgotos de Berlim.

Fonte: Der Spiegel – http://www.spiegel.de/

Ocupação das margens dos rios - lições a aprender com o nordeste.

Reconstrução com precaução
04 Nov 2010, 12:14

Enchente afeta a cidade de Barreiros (foto: Imprensa Oficial de Pernambuco)

Em junho, a imprensa nacional teve uma pauta dramática: as cidades que margeavam os rios Una, Carimã e Itaperibú em Pernambuco e Alagoasforam invadidas e as águas vieram com poder de destruição. Várias cidades foram destruídas e, passado o trauma, começam a ser reconstruídas. Por causa disso, o Ministério Público de Pernambuco na cidade de Barreiros, a 91 quilômetros da capital e um dos municípios mais atingidos pelas cheias, entrou com uma ação para que a prefeitura da cidade não autorize construção nas margens dos rios. 

Logo depois das chuvas, estudiosos analisaram a ocupação das cidades ao longo dos rios e apontaram a urbanização da área de segurança do leito do rio como um dos principais motivos para a destruição. O professor da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE) Abelardo Montenegro, especialista em hidrologia e tecnologia rural, disse também que as cidades pernambucanas e alagoanas prejudicaram o curso das águas com a colocação de dejetos, lixos e entulhos.
 
O promotor de Barreiros, Flávio Falcão, autor da ação, segue o mesmo raciocínio e argumenta que faltou área para o escoamento das águas. "Como as margens dos rios estavam repletas de imóveis, foi impossível evitar a destruição." 

Agora o promotor Flávio Falcão não quer ver o mesmo filme outra vez. Na ação, disse que seu o objetivo é preservar as margens para evitar outra tragédia. Em outra frente, o Ministério Público do estado quer reunir, além das instituições municipais, secretarias estaduais e outras prefeituras para se discutir a reurbanização dos municípios. 

O Ministério Público cobra do município, que é o responsável pela fiscalização. O prefeito de Barreiros, Antônio Vicente, informou que a construção de imóveis nas margens dos rios já está proibida. "Fomos orientados pela Operação Reconstrução, do governo do Estado. Também solicitamos ajuda para mapear e identificar as áreas de risco". Em Pernambuco, 35 municípios da Zona da Mata, região canavieira, foram afetados com as chuvas e enchentes de junho. 
(Celso Calheiros)

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quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Quando irão implementar redes de esgoto em Angelina, Anitápolis, Rancho Queimado e Sta Rosa de Lima?


Governo do Estado apresentará prognóstico de
saneamento básico de municípios do Vale do Itajaí

Extraído de: Governo do Estado de Santa Catarina  -  13 horas atrás
A partir de quarta-feira (3), 10 municípios do Vale do Itajaí, com até 10 mil habitantes, conhecerão o prognóstico de saneamento básico, por meio de reuniões e oficinas que serão realizadas pelo Governo do Estado, por meio da Secretaria de Desenvolvimento Econômico e Sustentável (SDS), prefeituras e o consórcio responsável pelo lote 2, MPB, Esse e Sanetal. Os estudos para desenvolvimento dos Planos Municipais de Saneamento Básico iniciaram em dezembro do ano passado com recursos do governo estadual.
Os planos irão apontar ações de desenvolvimento nas áreas de abastecimento de água, sistema de esgoto, drenagem urbana e destino de resíduos, melhorando, assim, a qualidade de vida da população.
Esta é a segunda etapa de reuniões e oficina dos Lote 2, com a participação de 10 dos 24 municípios atendidos, das SDRs Taió, Timbó e Ibirama.
Planos Municipais - Legalmente, até dezembro de 2013, os planos municipais de saneamento deverão estar concluídos, fato que propiciará o acesso aos recursos e financiamentos junto ao governo federal. Com isso, os municípios colocarão os planos em prática, para aprimorar sistemas de água e esgoto, drenagem urbana e dar destino correto a resíduos.
Os planos de saneamento básico atenderão 61% dos municípios catarinenses. Inicialmente estão sendo atendidas as cidades com até 10 mil habitantes. Na região Sul do Estado, a elaboração dos planos iniciou em 2009. Com esta ação, Santa Catarina passa a ser o primeiro estado a auxiliar os municípios no cumprimento da Lei 11.445/07, que estabelece diretrizes nacionais mais abrangentes ao saneamento básico.
Informações adicionais: jornalista Luiz Roberto Damiani, telefone (48) 3029-9074, e-mail betodamiani@sds.sc.gov.br
Secretaria de Estado do Desenvolvimento Sustentável

Ótima notícia! Mercados vetam o uso de sacolas plásticas em Jundiaí


Mercados vetam o uso de sacolas plásticas em Jundiaí

Sacos plásticos biodegradáveis, feitos de milho, passaram a ser vendidos a R$ 0,19 cada um; iniciativa deve ser adotada por outros municípios

03 de novembro de 2010 | 10h 37
Nos supermercados de Jundiaí, as pessoas não saem mais carregando inúmeras sacolinhas plásticas. As compras vão em caixas, sacolas retornáveis – como as de pano – ou em poucas sacolas biodegradáveis, feitas com amido de milho.
Ernesto Rodrigues/AE
Ernesto Rodrigues/AE
Biodegradável custa dez vezes mais que convencional
O motivo: a prefeitura fez um acordo com a grande maioria dos mercados para que eles deixassem de oferecer sacolas plásticas comuns. "Não é uma exigência legal, fizemos uma parceria", ressalta o prefeito Miguel Haddad (PSDB). Segundo ele, um dos aspectos mais importantes foi realizar uma grande campanha de conscientização antes de implantar o projeto.
"Para nossa surpresa, a aceitação foi ótima. Há alguma reclamação aqui e ali, mas o desconforto é mais no início", afirmou o prefeito.
Para aumentar a consciência dos clientes e evitar desperdícios, as sacolinhas biodegradáveis custam R$ 0,19 cada uma – o preço de custo. Também por conta disso, os consumidores rapidamente se acostumaram a levar sacolas de casa.
"Quase ninguém tem comprado as sacolinhas. Estamos vendendo o equivalente a apenas 5% do que distribuíamos antes", conta Orlando Marciano, diretor-presidente da rede Coopercica. Para ele, isso não é um ponto negativo: "Nosso negócio não é vender sacola. Antes, as pessoas levavam para casa muito além do necessário".
Ele também tem recebido poucas críticas ao novo sistema e acha que a ideia vai se espalhar por todo o Brasil. "Achei que teríamos um problema maior, que as pessoas ficariam insatisfeitas. Mas passamos muito tempo conversando e explicando a mudança aos clientes", diz.
Agora, em vez de vender as caixas de papelão para reciclagem (o valor pagava metade das sacolinhas compradas), ele as dá para os consumidores.
Outra opção oferecida em alguns mercados são cestas de plástico que se acoplam no carrinho de compras e, depois, servem para levar os produtos para casa. Elas custam R$ 15 cada uma e têm capacidade para 12 quilos.
Só o começo. Em vários países, entre eles Alemanha, Polônia e Argentina, é comum a cobrança pelas sacolinhas plásticas. Segundo a campanha "Saco é um Saco", do Ministério do Meio Ambiente, desde 2002 os clientes pagam pelas sacolas na Irlanda – com isso, houve uma redução de 97% no consumo. Na China, o governo proibiu a distribuição gratuita de sacolinhas em 2008.
Edivaldo Bronzeri, vice-presidente da Associação Paulista de Supermercados (Apas), afirma que o projeto de Jundiaí vai se espalhar pelo Estado e, quem sabe, pelo Brasil. De acordo com ele, Piracicaba, Sorocaba, Bauru e Monte Mor estão prestes a aderir. Em São Vicente, o projeto começa em janeiro. Foram dadas palestras para os feirantes de Jundiaí, e Bronzeri também apresentou a iniciativa em Belo Horizonte (MG).
Para não infringir nenhuma lei, ele conta que a entidade pediu a orientação do Procon. A recomendação foi de avisar os consumidores 90 dias antes de parar de oferecer sacolinhas gratuitas. "Ficamos cerca de 30 anos fornecendo sacolas de graça, era um contrato implícito com o consumidor."
Material. As sacolas biodegradáveis custam em média dez vezes mais que as convencionais. A sacola usada em Jundiaí é também chamada de compostável – ela pode virar adubo. "Os micro-organismos presentes no solo proporcionam em poucos meses a biodegradação completa, resultando somente em água, gás carbônico e biomassa, sem deixar resíduos nocivos ao meio ambiente", afirma a Extrusa-Pack, que produz as sacolas.
Segundo Gisele Barbi, gerente comercial da empresa, as sacolas se degradam em 180 dias. As sacolas plásticas comuns levam mais de um século. Isso não significa, entretanto, que a sacola biodegradável não tenha impactos ambientais. Ela ainda tem em sua composição derivados do petróleo – que provocam emissões de gases-estufa e as mudanças climáticas.
"O benefício desse produto é que ajuda a balancear o ciclo de carbono por ter em sua composição matéria-prima de fonte renovável (o amido de milho)", diz a empresa. Para Gisele, essas sacolas também são mais apropriadas para colocar o lixo orgânico, pois facilita a decomposição dele em vez de funcionar como uma "cápsula protetora".
Consumidores aprovam ideia e mudam hábitos
A dona de casa Maria do Carmo da Rosa resolveu fazer algumas sacolas retornáveis com retalhos de pano depois que a campanha pela diminuição de sacolas plásticas teve início em Jundiaí. Ela conta que rapidamente se acostumou a não ter mais os sacos grátis. "Deixo as minhas retornáveis no carro para não esquecer. Achei a ideia muito boa e me sinto contribuindo com o meio ambiente", disse, após fazer compras no supermercado Ki-Legal.
Maria do Carmo reconhece que toda mudança no início causa algum transtorno, mas considera importante incentivar a mudança de um hábito profundamente enraizado na população: o de pegar o máximo de sacolinhas plásticas que puder.
As sacolas vendidas na cidade tentam conscientizar os clientes e estampam a seguinte frase: "Vamos tirar o planeta do sufoco."
Enquanto fazia compras no mercado Coopercica, a professora de inglês Viviane Bonilha admitiu que não foi fácil se habituar à falta de sacos plásticos.
Agora, ela normalmente traz sacolas próprias – que também deixa no veículo – ou usa caixas. Em último caso, compra sacolinhas biodegradáveis. "Estamos sendo cobaias nessa história."
Ampliação da estratégia. A designer Claudia Khawali avalia que a iniciativa de não distribuir gratuitamente sacolas deveria ir além dos supermercados. "Acho que só valeria realmente a pena se todos os estabelecimentos do município entrassem na campanha", disse.
O prefeito de Jundiaí, Miguel Haddad, afirma que o governo municipal tem esta intenção e já começou a conversar com as padarias, por exemplo, para ampliar o projeto.
A dona de casa Dalva Maria Lopes de Oliveira também conseguiu se adaptar, mas ainda demonstra irritação com o novo sistema. "Se não tivesse caixa de papelão para colocar as compras, eu ia embora do mercado", afirmou ela, com o carrinho cheio de produtos.

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Lixo Zero nas cidades da Serra!

Está em curso a conferência sobre Lixo Zero em Florianópolis. Muitas cidades do mundo estão tratando do assunto. San Diego, na Califórnia, por exemplo. É hora das cidades da Serra Catarinense pararem de enviar o lixo para os aterros sanitários distantes, em outras cidades a centenas de quilometros.
Interessante o artigo abaixo:


22 de outubro de 2010 | N° 8967

ARTIGOS

Lixo zero

Depois de 19 anos tramitando no Congresso Nacional, o presidente Lula sancionou, em agosto, a Lei nº 12.305/10. Estamos no início das aplicações da Política Nacional de Resíduos Sólidos, que ganhou alguns títulos não oficiais, como Lei do Lixo Zero, Lei da Sustentabilidade ou do Meio Ambiente. Esta lei representa uma revolução em termos ambientais.

A norma determina que as cidades deem um destino correto aos seus resíduos, com o mínimo impacto para o meio ambiente. A nova lei também traz obrigações para os fabricantes, importadores, distribuidores e vendedores de agrotóxicos, pilhas, baterias, pneus, óleos lubrificantes e todos os tipos de lâmpadas e eletroeletrônicos. Quem disponibiliza esse tipo de material é obrigado a recolhê-lo e dar-lhe um fim adequado.

A lei proíbe a criação de novos lixões – causas de problemas ambientais, como a contaminação dos solos e da água (com o chorume), a geração de maus odores e de pragas. Somam 60% os municípios que armazenam seu lixo dessa forma. Agora, as cidades terão que criar planos de ação para manejo sustentável dos resíduos. O primeiro passo é a elaboração de um diagnóstico detalhado da situação do lixo, realizado para saber que quantidade é reciclável, da onde vem o lixo, qual a melhor destinação, etc. Esse diagnóstico é necessário para a aprovação de projetos junto ao governo federal e obter recursos para serem utilizados nesses projetos de limpeza pública e de manejo de resíduos sólidos.

A lei prevê, também, incentivos às cooperativas de reciclagens, como forma de inclusão social. Falamos de geração de renda e trabalho para milhares de pessoas. É uma norma que vai mudar não só a vida das prefeituras, mas também a da população quanto à questão do manejo sustentável do lixo. Colocada em prática, representará um salto na qualidade de vida da população, aliada ao bem-estar ambiental.
MÁRCIO GODOY * | * DIRETOR DO INSTITUTO MOVIMENTO PRÓ-PROJETOS(de http://www.clicrbs.com.br/diariocatarinense/jsp/default2.jsp?uf=2&local=18&source=a3083095.xml&template=3898.dwt&edition=15746&section=1320)

Em defesa da agricultura familiar!

Sou a favor do meio ambiente, mas também da Agricultura familiar!

Interessante o artigo publicado hoje no DC ()http://www.clicrbs.com.br/diariocatarinense/jsp/default2.jsp?uf=2&local=18&source=a3089998.xml&template=3898.dwt&edition=15786&section=130:


Intimidação do agricultor

Ao percorrer 232 municípios catarinenses para discutir qual o projeto adequado de desenvolvimento rural sustentável, deparei com famílias de agricultores intimidadas e temerosas. Recolhem-se em suas propriedades e nem mais participam de eventos em suas comunidades. Encontrei cidadãos amedrontados e dizendo aos filhos que ali não é lugar de futuro. Não que eles não gostem da profissão. O que os atormenta é o nível de responsabilização com que os sobrecarregam, além das incertezas da própria atividade. Desse quadro, três aspectos devem estar na pauta dos governantes.

O primeiro se refere às exigências de regularização ambiental e de uso da propriedade. O governo exige, no mínimo, 20% do patrimônio do agricultor. Diz que é o agricultor quem deve pagar pela regularização, cujo custo é bastante elevado. No entanto, conforme legislação em vigor, esses custos devem ser arcados pela União e o Estado. Mesmo cuidando adequadamente de seu patrimônio, o agricultor geralmente é punido. Se fizer uso da água que passa pela propriedade ou se retira uma árvore para melhorar a moradia, recebe a visita de policiais.

As exigências sanitárias encurralam o agricultor familiar. Não é permitido vender qualquer produto oriundo do campo sem que haja licença para tal. Ao vender um queijo na cidade, o que é feito há dezenas de anos sem que ninguém tenha ficado doente, os fiscais fazem uma abordagem para investigar a sacola da agricultora, e exigem dela os mesmos procedimentos que exigem das grandes indústrias, inviabilizando a produção artesanal.

A legislação proíbe o trabalho dos menores de 16 anos. Eles precisam estudar e ter momentos de lazer. Mas como vão ter gosto pela atividade agrícola sem o aprendizado desde cedo? Diante dessa situação, até quando os agricultores estarão produzindo alimentos, que não crescem nas indústrias e nem em laboratórios, mas sim do trabalho de cultivar a terra? Num futuro breve, não teremos mais agricultura familiar. Hoje, em 35% das propriedades rurais catarinenses já não há mais sucessor. Os ex-futuros agricultores preferem qualquer emprego na cidade a continuar nessa atividade, sem perspectiva de crescimento e criminalizados, como está ocorrendo com seus pais.
HILÁRIO GOTTSELIG * | * PRESIDENTE DA FETAESC

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Tratando água do esgoto doméstico. Exemplo em Sto Amaro da Imperatriz

Interessante!

cc


Tratamento de Efluentes Líquidos por Filtro Biológico com Zona de Raízes e Piscicultura para Combate de Larvas de Mosquitos

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Com base em estudos e pesquisas, foi desenvolvido um sistema que permite ao mesmo tempo, tratar o efluente líquido oriundo do sistema convencional de esgoto domestico, e combater com eficiência, larvas dos mosquitos da DENGUE, MALARIA, FEBRE AMARELA, e os incômodos PERNILONGOS. Tudo isso a partir de princípios biológicos, de fácil montagem e baixo custo, podendo ser instalado em diversas regiões do país, mesmo em locais de periferias onde se encontram as populações mais humildes de baixa renda e sem acesso a água potável e saneamento básico.
Esse sistema vem sendo testado, em caráter experimental a seis meses, com bons resultados, atendendo a quatro famílias, que tem toda canalização dos esgotos de suas residências interligados e tratados pelo mesmo.
Após o tratamento o efluente tratado poderá ser reaproveitado, para fins de limpeza de calçadas, lavação de carros, rega de plantas, ou outras aplicações. Porem o líquido tratado, não pode ser consumido, ingerido ou aplicado em regas de legumes, verduras ou lavação de frutas. Se não for de interesse o reaproveitamento do efluente tratado, este poderá ser novamente devolvido a natureza, isentando córregos, rios, lagos, mar, e o lençol freático, desses poluentes.
Por ser um sistema de caráter biológico, utilizando princípios básicos naturais com vegetais por suas raízes como agente principal, é auto-sustentável, se tornando um atrativo de embelezamento em forma de jardim contendo plantas que produzem flores, tudo sem provocar qualquer inconveniente como fortes odores, e irradiações de doenças, e patogênicos atraindo a participação de animais e insetos benéfico ao homem. Da mesma forma a complementação aquática do sistema com a piscicultura inserida, atua no combate a larvas de mosquitos, dando vida novamente, a um líquido que após tratado se apresenta sem odor, oxigenado e com possibilidade vida, que em circunstâncias anteriores não proporcionaria qualquer sobrevivência das espécies citadas.
Estamos longe de atingir, uma excelência em nossas atitudes como pessoas atiladas, porem enquanto existir vontade, sabedoria e humildade haverá sempre uma esperança.
O protótipo esta instalado, no endereço a seguir:
Travessa Pedro Simão da Cruz, 51
Bairro: Centro.
Cidade: Santo Amaro da Imperatriz, SC
CEP: 88140 000
“Nunca perca a fé na humanidade, pois ela é como um oceano. Só porque existem algumas gotas de água suja nele, não quer dizer que ele esteja sujo por completo.”
Contatos: Pedro Simão da Cruz Filho – Acadêmico – FADESC – UNIASSELVI
pedacruz{at}uol.com.br
EcoDebate, 25/10/2010

terça-feira, 19 de outubro de 2010

Os rios de minha infância...

Minha mãe sempre me contava do rio Isabel, em Corupá (SC) que ela tinha que atravessar sobre um grande tronco caído que servia de ponte... E que um dia uma tempestade fez a água do rio passar por cima do tronco... Ela não pode ir à escola naquele dia... Pois fui conhecer Corupá e o rio Isabel... Que rio? Onde? aquele fio d'água cheio de capim?

Pois é!

Vejam o escrito abaixo (de http://www.oecoamazonia.com/br/artigos/33-os-rios-de-minha-infancia-e-o-codigo-florestal):

Paulo Barreto* Jun 07, 2010
Quando eu era criança gostava de banhar-me em rios e igarapés. Hoje, aos 42 anos, constato que a maioria dos rios que conheço – tanto aqueles em que eu costumava me banhar quanto todos por onde passo pelo Brasil – estão assoreados; ou seja, mais rasos e com águas turvas pelo acúmulo de terra que deslizou das margens desmatadas. As águas desses rios também já se tornaram impróprias para banho por causa dos esgotos e da poluição industrial. Além de impedir o banho, o assoreamento e a poluição diminuíram os peixes dos rios e tornam mais caro o tratamento de água para uso industrial e humano. Aposto que você também tem histórias para contar sobre rios que na sua infância eram margeados por floresta e limpos e hoje estão com suas margens desmatadas, seus leitos mais rasos e sujos. O que levou a esta situação?

A perda da qualidade ambiental de nossos rios resulta principalmente da ganância e da impunidade. A ganância se manifesta quando um agricultor desmata as margens dos rios e terrenos muito inclinados (sujeitos à erosão) para aumentar seus ganhos.  Os gananciosos degradadores de florestas e rios poderiam ter sido coibidos há muito tempo. Há 76 anos – ou quatro anos antes de meus pais nascerem – o Brasil estabeleceu um Código Florestal que visava “conservar o regimen das aguas” e “evitar a erosão das terras pela acção dos agentes naturaes”. O Código também visava proteger nossa fauna (ou no texto original “asilar especimens raros de fauna indígena”). O código florestal de 1934 especificamente proibia “derrubar, nas regiões de vegetação escassa, para transformar em lenha, ou carvão, mattas ainda existentes as margens dos cursos dagua, lagos...”. Além disso, mandava manter pelo menos 25% da floresta em cada propriedade rural. O Ministério da Agricultura era o responsável por aplicar o código de 1934.

Depois, em 1965 (dois anos antes de eu nascer), o código florestal foi modificado, mas continuou a exigir a proteção de florestas; por exemplo, denominou de Áreas de Proteção Permanente as áreas que deveriam ser intocáveis, como as margens dos rios (especificando a largura das faixas de floresta conforme a largura dos rios), terrenos íngremes e topo de morros; estabeleceu que cada fazenda deveria ter uma área de floresta nativa que poderia ser usada para produção de produtos florestais, mas não desmatada, denominada de Reserva Legal (RL). A RL na Amazônia deveria ser de 50% e de 20% nas outras regiões. Com o passar do tempo os órgão florestais e depois ambientais passaram a ser responsáveis por fiscalizar a aplicação do código florestal.

Apesar dessas restrições, a derrubada ilegal de florestas continuou. A impunidade prevaleceu! O crime compensou! A fiscalização era insuficiente, as penas muito baixas e raras.

Porém, desde meados da década passada tem ficado cada vez mais evidente que a destruição ambiental não pode continuar. Enchentes e deslizamentos de morros têm sido alertas freqüentes. Para evitar a destruição e reparar os danos, o poder público tem tomado várias medidas, como mudanças legais (Medida Provisória de 1996 que aumentou de 50% para 80% a RL na Amazônia e a Lei de Crimes Ambientais de 1998), o aumento da fiscalização e ações judiciais. Além disso, compradores de produtos oriundos de áreas desmatadas ilegalmente têm sido processados e alguns tiveram que se comprometer legalmente a só comprar de quem respeitar a lei.

Como seria de se esperar, quem se beneficiou da destruição por muitos anos tem contestado essa nova fase de aplicação da lei. Para se livrarem da responsabilidade de reparar os danos causados, alguns representantes do setor rural propõem medidas para eliminar ou modificar para pior as leis ambientais, especialmente o Código Florestal. Será que o Congresso Nacional, que avalia essas propostas, conseguirá barrar essas pressões?

* Paulo Barreto é Mestre em Ciências Florestais pela Universidade Yale nos Estados Unidos e pesquisador sênior do Instituto do Meio Ambiente da Amazônia.