quinta-feira, 30 de outubro de 2008

Leão Baio, Suçuarana, Onça Parda...

Queria ver mais e mais gente defendendo estes pobres animais...

Uma aula de jornalismo no front da onça parda

Marcos Sá Corrêa*

Primeiro, a má notícia. Dias atrás, morreu um filhote de onça parda em Painel, no planalto de Santa Catarina. O bicho teve uma vida breve, mas um vasto currículo. Em julho do ano passado, aos três meses de idade, escapou por pouco dos cachorros que o acuaram no terreiro de uma chácara, à beira da estrada para a cidade de Lages.

Derrubado aos solavancos de um galho de guabiroba e lançado ao chão, livrou-se dos dentes da matilha para entrar numa jaula de passarinho. Entregue pela polícia ambiental à base de pesquisa avançada do Ibama, acabou não resistindo a uma cirurgia na pata traseira, feita no Centro de Ciências Agroveterinárias da universidade estadual. Morto, foi posto na geladeira, à espera da decisão final sobre seu próximo passo - a incineração ou o empalhamento, se for chamado a prestar serviços póstumos à memória da fauna nativa, apresentando-a para brasileiros que têm cada vez menos chances de conhecê-la ao vivo.

Dito isso, aí vai a boa notícia. A maioria dos detalhes que constam nos parágrafos acima vem do livro Leão Baio, feito por um estudante de jornalismo da Universidade Federal de Santa Catarina - de onde, é bom lembrar, saiu no ano passado o livro A Peleja do Eucalipto, do aluno João Werner Grando. Agora o autor se chama Leo Branco. Pelo nome - Leo - ele deveria trazer do berço a queda pelo assunto. Mas só o escolheu na última hora, quando precisava definir, em outubro do ano passado, um projeto para seu trabalho de conclusão do curso. Seu ponto de partida era fazer uma reportagem. E queria que a reportagem fosse "grande".

Conseguiu. Escreveu 119 páginas. Ou melhor, 130 mil caracteres, sob a orientação de Daisi Vogel, sua professora de Redação 7. Para pesquisar o tema, entrevistou 46 pessoas, entre os quais especialistas do calibre de Peter Crawshaw, a maior autoridade do País em onça. Da bibliografia, constam 20 títulos de livros e monografias. Da ilustração, 13 fotos coloridas.

Para encarar de perto os conflitos entre as onças pardas e os fazendeiros nas bordas das últimas florestas de Santa Catarina, Estado que mais tem e mais derruba mata atlântica, Leo Branco transferiu-se durante um mês para Urubici. E, viajando pela serra catarinense de ônibus, de carona com o pai ou no Ford Fiesta emprestado pela mãe, juntou os capítulos dessa tragédia ambiental com um cuidado que mesmo os jornalistas profissionais raramente têm, somando histórias bem narradas, informações a granel e texto fluente, onde tudo tem começo, meio e fim.

OPORTUNIDADE

A morte em cativeiro do filhote recolhido pelo Ibama em Painel serviu-lhe de pretexto para enviar agora o livro. E com isso ele mostrou, de quebra, senso de oportunidade jornalística. O bicho morreu depois que o trabalho estava pronto. Mas sua vida está toda lá, assim como a da suçuarana que apareceu há quatro anos num quintal em Curitibanos, uma cidade de 37 mil habitantes, ou da onça que quase virou atração turística num pesque-pague de Urubici.

A última onça pintada de Santa Catarina morreu de tiro em 29 de janeiro de 1972, derrubada por um capataz de fazenda e empalhada por um padre taxidermista para se preservar como material didático num colégio de Florianópolis. Mas as suçuaranas - chamadas regionalmente de leão baio, embora sejam parentes mais próximas do gato doméstico - resistem valentemente ao cerco da civilização, adaptando-se até às florestas comerciais de pinus. E, espremidas, estão batendo de frente com um Brasil que vai rapidamente ficando pequeno demais para elas. Ainda bem que Leo Branco viu isso a tempo.

* É jornalista e editor do site O Eco (www.oeco.com.br)

(fonte: http://www.estadao.com.br/estadaodehoje/20081029/not_imp268590,0.php)

Em lugar do PIB, o FIB. Leva em conta o meio-ambiente!

Felicidade Interna Bruta em alta em SP

Índice internacional vira tema de encontro e secretário paulistano considera a possibilidade de aplicar avaliação

Vitor Hugo Brandalise

Inspirada numa idéia de um país tão longínquo quanto o Butão, pequena nação asiática incrustada no meio do Himalaia, São Paulo pensa agora em medir o progresso com base na felicidade de seus cidadãos. O conceito de FIB (Felicidade Interna Bruta), instituído no Butão em 1972, com a proposta de incorporar conceitos díspares como felicidade e progresso, alegria e desenvolvimento econômico, será apresentado hoje, numa conferência internacional em São Paulo - e conta, desde já, com apoiadores dentro da administração municipal.

"A idéia do FIB é incorporar a felicidade, medida por critérios técnicos em questionários de até 150 perguntas, aos índices de desenvolvimento de uma cidade, Estado ou país", explica a psicóloga e antropóloga Susan Andrews, organizadora da 1ª Conferência Nacional sobre FIB, que ocorre hoje no Sesc Pinheiros. Para medir o FIB, a percepção dos cidadãos em relação a sua felicidade é analisada em nove dimensões: padrão de vida econômica, critérios de governança, educação de qualidade, saúde, vitalidade comunitária, proteção ambiental, acesso à cultura, gerenciamento equilibrado do tempo e bem-estar psicológico.

"O FIB situa a felicidade como pivô do desenvolvimento, em oposição ao PIB (Produto Interno Bruto, que é a soma das transações econômicas de uma nação), que falha em contabilizar os custos ambientais e inclui formas de crescimento econômico prejudiciais ao bem-estar da sociedade, como o corte de árvores", afirma Susan. "Os bons resultados no Butão chamaram a atenção da ONU (Organização das Nações Unidas), que passou a estudar a implementação do exemplo butanês em outros países", afirma. Uma versão internacional está sendo elaborada no Canadá, com aplicação prática prevista para este ano.

Até o início da década de 1970, uma brutal política de isolamento levou o Butão a concentrar os mais altos índices de pobreza, analfabetismo e mortalidade infantil do planeta. Em 1972, juntamente com a abertura econômica, o recém-empossado rei Jigme Singye Wangchuck criou o conceito de Felicidade Interna Bruta, para redefinir o significado de desenvolvimento social e econômico.

Hoje o Butão - cuja capital, Thimphu, com 50 mil habitantes, não possui semáforos e só conheceu televisão e internet em 1999 -, vê os índices de analfabetismo e mortalidade infantil despencarem, a economia se recuperar e as belezas naturais continuarem intactas, com 25% de seu território delimitado por parques nacionais. Desde o fim da década de 1990, observadores da ONU viajam ao País anualmente para estudar o jeito butanês de levar a vida. "As mudanças foram reflexo da maneira como os butaneses passaram a observar a vida, valorizando somente o que realmente interessa", afirma Susan. "Eles se dizem, hoje, o povo mais feliz do planeta."

BRASIL

No Brasil, um protótipo de FIB foi colocado em prática em abril, em Angatuba, a 181 km de São Paulo (mais informações nesta página). Na capital, a idéia já conquistou um primeiro aliado: o secretário municipal do Verde e do Meio Ambiente, Eduardo Jorge, que propõe, a partir de 2009, iniciar pesquisas de medição do FIB em subprefeituras da capital. "Seria uma maneira de a cidade contribuir com esse esforço internacional, com adaptações à realidade da metrópole", disse. "O ideal seria começar numa subprefeitura central, como Pinheiros, e em outra periférica, como Parelheiros. É uma boa sugestão para a próxima gestão."

Para pesquisadores, a adoção do FIB, em conjunto com outros indicadores, tem o mérito de informar a população sobre sua percepção de bem-estar. "O PIB foi elaborado na década de 1950 e está defasado há muito como indicador de desenvolvimento de um país. O FIB complementa os indicadores de qualidade de vida, juntamente com o IDH (Índice de Desenvolvimento Humano)", afirma o economista Ladislau Dowbor, consultor da ONU.

Como ressalva, há valores subjetivos que influenciam na avaliação das pessoas sobre a felicidade. "Para quem não tem nada, qualquer melhoria já representa um ganho enorme em relação ao bem-estar", afirma o economista Flavio Comim, do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud). "Mas a ONU analisa o indicador com bons olhos."


O QUE SE AVALIA

1. Padrão de vida econômica

2. Educação de qualidade

3. Saúde

4. Expectativa de vida

e longevidade comunitária

5. Proteção ambiental

6. Acesso à cultura

7. Bons critérios de governança

8. Gerenciamento equilibrado do tempo

9. Bem-estar psicológico

(fonte: http://www.estadao.com.br/estadaodehoje/20081029/not_imp268626,0.php)

quarta-feira, 22 de outubro de 2008

Luto.

Terça-feira, 21 de outubro de 2008

Homenagem póstuma

Filhote de puma foi capturado em julho de 2007Foto: Guto Kuerten

Guto Kuerten

A morte do filhote de leão-baio, ou puma (nome científico Puma concolor), mantido em um cativeiro na sede do Ibama em Lages, na Serra Catarinense, acontece exatamente um ano após a primeira vez que prestei atenção à sua história.

O filhote de leão-baio morreu neste sábado, por conta de complicações após uma cirurgia no joelho dianteiro direito. Sua espécie é, depois da extinção da onça-pintada, a topo da cadeia alimentar dos animais da região, controlando a população das outras espécies silvestres.

Ou seja: por conta do seu porte físico — que pode chegar até a um metro e meio de comprimento e os 80 quilos — nenhum outro animal, exceto o homem, mete medo em um leão-baio. Sua preservação é importante para garantir que não haja um desequilíbrio populacional entre as outras espécies.

Eu não fazia idéia desta informação em outubro de 2007, quando cursava a 7ª fase do curso de Jornalismo da UFSC e estava indeciso sobre qual assunto escolheria para a reportagem que seria o meu trabalho de conclusão de curso, o TCC.

Apesar de ser natural da Serra Catarinense, já ter estado na sede do Ibama, e saber da captura de um filhote de leão-baio, havia pouco mais de três meses, nunca tinha parado para refletir sobre a conflituosa existência deste animal na região.

— A captura deste leão-baio rende um TCC — sugeriu uma professora, no meio de uma discussão em sala de aula. Nunca tinha pensado nesta hipótese, mas apostei nela, apesar de ter dúvidas sobre a validade do tema.

Foi em uma viagem à região, na metade do mês de outubro de 2007, em que vi o filhote pela primeira vez. Ao saber as dificuldades que rondavam o animal em cativeiro — a maior parte delas já eram em decorrência da luxação no joelho que seria responsável pela sua morte — e de como a existência desta espécie é polêmica na região, graças aos constantes ataques a rebanhos de bezerros e ovelhas, não tive mais dúvidas de que esta era uma grande história.

Era um enredo que prometia um final feliz: aos cuidados de pesquisadores do Projeto Puma, uma ONG respeitada na região pelo cuidado a animais silvestres, o filhote de puma poderia ser solto novamente na natureza em um programa assistido por biólogos para garantir a sua adaptação e sobrevivência.

Na pior das hipóteses, ficaria para sempre em cativeiro, à exposição para estudantes e da sociedade serrana, que conhecem o leão-baio apenas como o temível felino que ataca bezerros e ovelhas sem piedade.

Agora, o que pode ser feito é empalhá-lo e deixá-lo em exposição pública, para que mais pessoas possam ter acesso à sua história e vejam que a preservação do leão-baio da Serra Catarinense pode ser mais urgente do que se pensa.

Postado por Leo Branco às 23h41

(de http://www.clicrbs.com.br/blog/jsp/default.jsp?source=DYNAMIC,blog.BlogDataServer,getBlog&uf=2&local=18&template=3948.dwt&section=Blogs&post=115282&blog=524&coldir=1&topo=3994.dwt)

sexta-feira, 17 de outubro de 2008

Vamos parar de crescer?

Parar de crescer. Antes que seja tarde!


Mundo tem que abandonar obsessão por crescimento, diz revista

'New Scientist' diz que crescimento está matando o planeta Terra.

- Em plena crise global, com governos e mercados preocupados com uma possível recessão mundial, a revista especializada britânica New Scientist foi às bancas nesta semana com uma capa na qual defende que a busca por crescimento econômico está matando o planeta e precisa ser revista.

Em uma série de entrevistas e artigos de especialistas em desenvolvimento sustentável, a revista pinta um quadro em que todos os esforços para desenvolver combustíveis limpos, reduzir as emissões de carbono e buscar fontes de energia renováveis podem ser inúteis enquanto nosso sistema econômico continuar em busca de crescimento.

"A Ciência nos diz que se for para levarmos a sério as tentativas de salvar o planeta, temos que remodelar nossa economia", afirma a revista.

Segundo analistas consultados pela publicação, o grande problema na equação do crescimento econômico está no fato de que, enquanto a economia busca um crescimento infinito, os recursos naturais da Terra são limitados.

"Os economistas não perceberam um fato simples que para os cientistas é óbvio: o tamanho da Terra é fixo, nem sua massa nem a extensão da superfície variam. O mesmo vale para a energia, água, terra, ar, minerais e outros recursos presentes no planeta. A Terra já não está conseguindo sustentar a economia existente, muito menos uma que continue crescendo", afirma em um artigo o economista Herman Daly, professor da Universidade de Maryland e ex-consultor do departamento para o meio ambiente do Banco Mundial.

Para Daly, o fato de o nosso sistema econômico ser baseado na busca do crescimento acima de tudo, faz com que o mundo esteja caminhando para um desastre ecológico e também econômico, dadas as limitações dos recursos.

"Para evitar este desastre, precisamos mudar nosso foco do crescimento quantitativo para um qualitativo e impor limites nas taxas de consumo dos recursos naturais da Terra", escreve.

"Nesta economia de estado sólido, os valores das mercadorias ainda podem aumentar, por exemplo, por causa de inovações tecnológicas ou melhor distribuição. Mas o tamanho físico dessa economia deve ser mantido em um nível que o planeta consiga sustentar", conclui Daly, que compara a atual economia a um avião em alta velocidade e a sua proposta a um helicóptero, capaz de voar sem se mover.

Reformar o capitalismo

Mas essas mudanças no sistema não serão fáceis. Em uma entrevista à revista, James Gustav Speth, ex-conselheiro do governo Jimmy Carter (1977-1981) e da ONU, afirma que o movimento ambiental nunca conseguirá vencer dentro do atual sistema capitalista.

"A única solução é reformarmos o capitalismo atual. Os Estados Unidos cresceram entre 3% e 3,5% por um bom tempo. Há algum dividendo deste crescimento sendo colocado em melhores condições sociais? Não. Os Estados Unidos têm que focar em indústrias sustentáveis, necessidades sociais, tecnologias e atendimento médico decente, e não sacrificar isso para fazer a economia crescer. Eu não defendo o socialismo, mas uma alternativa não-socialista para o capitalismo atual", diz.

Ele também faz críticas ao atual movimento ambientalista.

"A comunidade ambientalista, pelo menos nos Estados Unidos, é muito fraca quando falamos sobre mudança de estilo de vida, consumo e sobre sua relutância em desafiar o crescimento ou o poder das corporações. Nós precisamos de um novo movimento político nos EUA. Cabe aos cidadãos injetarem valores que reflitam as aspirações humanas, e não apenas fazer mais dinheiro.

Obsessão pelo crescimento

A revista também traz um artigo que discute o argumento de que o crescimento econômico é necessário para erradicar a pobreza e que quanto mais ricos ficam alguns, a vida dos mais pobres também melhora. É a chamada Teoria do Gotejamento.

Segundo Andrew Simms, diretor da New Economics Foundation, em Londres, este argumento, além de "não ser sincero", sob qualquer avaliação, é " impossível".

"Durante os anos 1980, para cada US$ 100 adicionados na economia global, cerca de US$ 2,20 eram repassados para aqueles que estavam abaixo da linha de pobreza. Durante a década de 1990, esse valor passou para US$ 0,60. Essa desigualdade significa que para que os pobres se tornem um pouco menos pobres, os ricos tem que ficar muito mais ricos".

Segundo ele, isto pode até parecer justo para alguns, mas não é sustentável.

"A humanidade está indo além da capacidade da biosfera sustentar nossas atividades anuais desde meados dos anos 1980. Em 2008, nós ultrapassamos essa capacidade anual em 23 de setembro, cinco dias antes do ano anterior".

Ele ainda afirma ser impossível que um dia toda a humanidade tenha o padrão de vida dos países desenvolvidos.

"Seriam necessários pelo menos três planetas Terra para sustentar essas necessidades se todos vivessem nos padrões da Grã-Bretanha. Cinco se vivêssemos como os americanos".

Para Simms, a Terra estaria inabitável há muito tempo antes que o crescimento econômico pudesse erradicar a pobreza.

Para que o mundo possa ter uma economia ecologicamente sustentável, segundo Simms, é preciso acabar com o preconceito de alguns em relação aoo conceito de "redistribuição", que, para ele, é o único modo viável de acabar com a pobreza.

"Só foi preciso alguns dias para que os governos da Grã-Bretanha e dos EUA abandonassem décadas de doutrinas econômicas para tentar resgatar o sistema financeiro de um colapso. Por que tem que demorar mais para introduzirem um plano para deter o colapso do planeta trazido por uma conduta irresponsável e ainda mais perigosa chamada obsessão pelo crescimento?". BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.


(de http://www.estadao.com.br/geral/not_ger261547,0.htm)

quarta-feira, 15 de outubro de 2008

Inteligência à vista!

Indústria volta às embalagens reutilizáveis

Empresas vão abandonar as embalagens descartáveis para diminuir descarte de resíduos, diz especialista

Andrea Vialli

A era da embalagem descartável pode estar com os dias contados. A indústria de embalagens, cada vez mais pressionada pela legislação, por consumidores e ONGs por causa da produção de resíduos e seu descarte inadequado no ambiente, ensaia uma volta às origens. Segundo especialista, a embalagem do futuro será durável e poderá ser reutilizada inúmeras vezes, em um ciclo fechado de produção e consumo.

"É o fim da era do descartável. Haverá um retorno à embalagem durável e reutilizável'', diz Martin Bunce, especialista em design sustentável e diretor da Tin Horse, empresa de design britânica que tem entre os clientes gigantes como Unilever, P&G, Coca-Cola e Electrolux. Segundo Bunce, o conceito de redução do desperdício de embalagens está tomando corpo entre as empresas de bens de consumo e de bens duráveis.

Bunce afirma que as novas embalagens, que já começam a chegar às mãos dos consumidores na Europa, Japão e Estados Unidos, unem conhecimento de ponta ao tradicional. "As pessoas gostam das coisas novas, mas também apreciam as antigas. Lembra quando costumávamos retornar os vasilhames de bebida? Eles estão de volta."

"Os recursos naturais são finitos, as matérias-primas estão encarecendo e nosso padrão de consumo está transformando as cidades em enormes lixeiras. Os anos de desperdício estão no fim, e a indústria terá de se adaptar a essa realidade."

Por outro lado, Bunce critica a postura de muitos defensores de práticas mais sustentáveis na indústria de declarar guerra a produtos ou tipos de materiais - é o caso, segundo ele, das sacolas plásticas dos supermercados, na berlinda em várias regiões do planeta. "Essa campanha não faz muito sentido porque as sacolas são reutilizadas para outros fins, o que é um atributo de sustentabilidade." Segundo ele, do ponto de vista ambiental não faz muita diferença se a embalagem é de vidro, plástico ou alumínio - desde que sua vida útil seja ampliada.

TECNOLOGIA

A multinacional americana Eastman, que produz resinas para embalagens e no Brasil fornece para Natura e O Boticário, tem apostado no desenvolvimento de novos materiais, em parceria com designers renomados. A empresa lançou nos EUA a tecnologia Tritan, um tipo de plástico (copolímero) usado para fabricar artigos com durabilidade até 10 vezes superior. "O conceito de sustentabilidade na indústria está mudando: não é só reciclar o que já foi produzido, mas também conceber produtos que usem menos matéria-prima, duráveis" diz Gaylon White, diretor de de design da Eastman nos EUA. "O refil também surge como forte tendência."

A garrafa plástica para água Kore One é um exemplo de aplicação do Tritan. Lançada há dois meses, é um fenômeno de vendas nos Estados Unidos - teve uma fila de espera de 10 mil pessoas. "A garrafinha virou um objeto de desejo e ninguém quer jogá-la no lixo após beber água", diz White.
(de http://www.estadao.com.br/estadaodehoje/20081015/not_imp260045,0.php)

Finalmente!

Soja não transgênica: começa o plantio

Associação reúne produtores de grãos não geneticamente modificados com vistas ao valioso mercado externo

Fernanda Yoneya - O Estado de S.Paulo

César Machado/AE

Plantio de soja convencional em Cafelândia, Paraná

SÃO PAULO - Estimulados pelo aumento da demanda mundial, sobretudo da União Européia, produtores investem, já a partir deste mês, no plantio de soja não transgênica. Cada saca produzida recebe um prêmio que varia entre R$ 1 e R$ 2 sobre a cotação normal da soja. Ainda é um prêmio pequeno, dizem os produtores. Mas, como o mercado é recente, a tendência é a de que o bônus aumente com a expansão das exportações.

Veja também:

link Prêmio é um estímulo ao produtor

linkTodo o cuidado para evitar mistura

Há cerca de um mês, o Grupo André Maggi, a Brejeiro, a Caramuru Alimentos, a Imcopa e a Vanguarda, cinco dos maiores produtores e fornecedores de soja não transgênica do País, anunciaram, em São Paulo (SP), a criação da Associação Brasileira de Produtores de Grãos Não-Geneticamente Modificados (Abrange), com o objetivo de fomentar o desenvolvimento da produção brasileira deste tipo de grão, explica o secretário-executivo da Abrange, Ricardo Tatesuzi de Sousa. "É um mercado de enorme potencial", diz. "A Polônia, por exemplo, acabou de anunciar que só importará soja não transgênica, com demanda inicial de 2 milhões de toneladas." Além da Europa, Coréia do Sul e Japão também são potenciais compradores.

Confiança

"Há mercados interessados e o Brasil, como fornecedor, precisa inspirar confiança e segurança", diz o presidente da Vanguarda, Otaviano Pivetta. "A associação oficializa o pool de produtores com capacidade de abastecer esse mercado." Segundo Pivetta, o prêmio pago pela saca pode chegar a 5%. Por enquanto, a Vanguarda exporta soja em grão. Em 2009, começará a processar os grãos.

A Vanguarda possui, na Bahia e em Mato Grosso, 12 unidades de produção e cultiva 150 mil hectares com soja não transgênica. A produção é de 500 mil toneladas, sendo 70% exportados, sobretudo para a Europa.

Conforme o secretário-executivo da Abrange, a entidade estimulará tanto o consumo quanto o aumento de qualidade dos produtos não transgênicos. "Estamos organizando um banco de dados para atender às demandas de clientes internos e externos, e buscando maneiras de investir na certificação da cadeia produtiva como um todo", diz Sousa, destacando que o apelo deste mercado baseia-se, sobretudo, na segurança alimentar.

Exportações

A produção de soja não transgênica dos associados da Abrange soma mais de 6 milhões de toneladas, ou 10% da safra brasileira - segundo a Conab, o País produziu 60 milhões de toneladas de soja na safra 2007/2008. Do volume total previsto para as exportações de soja este ano (25,7 milhões de toneladas) a soja não transgênica participa com 2,8 milhões de toneladas. Já as exportações de farelo e proteína de soja não transgênicos somam 4,5 milhões de toneladas.

Hoje, os principais Estados produtores de soja não transgênica são Mato Grosso, Goiás, Paraná, Tocantins e Bahia. No País, calcula a Abrange, 60% da produção de soja é não transgênica. "Somos o único país capaz de abastecer o mundo, porque os EUA e a Argentina já cultivam praticamente 100% de grãos transgênicos", diz Sousa.

"A Europa é o mercado que mais valoriza os não transgênicos", diz o gerente de Desenvolvimento de Mercados da Imcopa, Osires de Melo. A Imcopa compra 2 milhões de toneladas de soja não transgênica/ano, de cooperativas do Paraná.

Prova do potencial do mercado é que a Imcopa, hoje, é a maior produtora mundial de um farelo concentrado de proteína, usado por fabricantes de ração para salmão, que substitui a farinha de peixe. Além desse farelo, exporta farelo de soja, lecitina de soja, óleo de soja refinado e bruto e até etanol de soja. "Repassamos metade do prêmio para as cooperativas."

Sousa explica que, por segurança e exigência dos mercados, toda a produção é certificada, da semente ao armazém. As empresas exportadoras fiscalizam plantio, transporte e colheita e inspecionam a limpeza de plantadoras e colhedoras, tudo para garantir a segregação correta dos grãos. Ao entregar a produção, são feitos os testes de transgenia. Se for um lote 100% puro, o produtor recebe o prêmio. Se for detectada "mistura", ou contaminação por grãos transgênicos, a safra não é devolvida, mas o produtor perde o prêmio.

6 milhões de toneladas
é o volume produzido pelas associadas da Abrange e
que representa 10% da safra

7 milhões
de toneladas de soja e derivados não transgênicos são exportados, sobretudo para a Europa

R$ 1
é o valor do prêmio que o produtor recebe pela saca de soja não transgênica, em média, em GO e no PR
(de http://www.estadao.com.br/suplementos/not_sup260129,0.htm)

Índios mortos a facão em Santa Catarina

Foi o que ouvi da boca de meu sogro: no início do século passado os brancos iam em silêncio até as aldeias, postavam-se às entradas das ocas com seus facões e, quando um deles dava tiros para o ar, os índios, ao saírem, eram mortos com faconadas no pescoço. Homens mulheres e crianças. Um genocídio real.

Hoje os índios ainda se comportam melhor do que os brancos na causa do meio-ambiente:

Indígenas brasileiros levam luta pela terra ao Parlamento europeu

da France Presse, em Bruxelas

Representantes de três populações indígenas do Nordeste brasileiro levaram ontem e hoje ao Parlamento Europeu, em Bruxelas, sua "campanha de paz" em defesa de seu direito à terra e contra o aquecimento global, pedindo à Europa "respostas imediatas" para suas comunidades.

"Queremos despertar uma consciência não apenas para a violação dos direitos humanos, mas também para a violência contra o planeta Terra e a mudança climática que está causando fome e miséria. Nós, os povos indígenas, somos os primeiros a sofrer com isso", disse a estudante de Direito Yakuy, 46, representante da comunidade Tupinambá, que fica na Bahia.

"Precisamos de projetos conjuntos para desenvolver nossos saberes e garantir a sustentabilidade e a segurança alimentar. Também precisamos de campanhas para frear o consumo desnecessário que leva a produzir mais e a esgotar as riquezas naturais", acrescentou Yakuy.

A viagem de Yakuy, Atia (da comunidade Pankararu) e Ayrá (da comunidade Kariri-Xocó) pela Europa começou em 25 de setembro e vai até final de outubro. Fazem parte do grupo uma ONG brasileira e algumas associações francesas.

Como parte de sua agenda em Bruxelas, os representantes indígenas participaram de um debate na Subcomissão de Direitos Humanos e na Comissão Temporária de Mudança Climática na Eurocâmara, onde receberam o apoio de vários eurodeputados.

"As comunidades indígenas dependem dos recursos naturais e da biodiversidade, e seu meio ambiente se vê especialmente afetado pela produção de biocombustíveis e de energia hidrelétrica", afirmou a eurodeputada eslovena Romana Jordan.

Se a luta contra o aquecimento global e o avanço dos biocombustíveis e das monoculturas é um dos objetivos da campanha na Europa, Yakuy lembrou que as comunidades também precisam de "respostas imediatas" para problemas há tempos sem solução: acesso à terra, soberania alimentar, reconhecimento de sua cultura e educação diferenciada.

Para os três representantes indígenas, o problema da propriedade da terra é fundamental, já que, atualmente, muitos dos povos autóctones brasileiros "vivem em campos de concentração", distantes uns dos outros e sem "comunicação suficiente", o que os impede de se unir para lutar por seus direitos.

Nesse sentido, criticaram o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que "não está cumprindo a demarcação de terras" que havia prometido, em função "das pressões muito grandes de setores econômicos interessados nas riquezas naturais" das zonas nas quais vivem os povos autóctones.

Segundo os representantes indígenas, estima-se que convivam, no Brasil, cerca de 240 etnias que falam 180 línguas. Seu número total varia de 350.000 a um milhão de pessoas, dependendo da fonte de consulta. A comunidade Tupinambá é integrada por pelo menos 6.300 nativos; os Kariri-Xocó, por 2.500; e os Pankararu, por 7.000.


(de )

sexta-feira, 10 de outubro de 2008

Turismo Ecológico

Está na hora das cidades serranas que querem ter no turismo ecológico sua fonte de renda começarem a pensar em algo assim:

Paraty, no RJ, é a primeira cidade do mundo a implementar o Passaporte Verde

Cidade foi escolhida devido às características naturais e culturais da região

Com uma visitação de cerca de 400 mil pessoas por ano e candidata ao título de Patrimônio da Humanidade da Unesco, Paraty, no Rio de Janeiro, quer se tornar um modelo de destino turístico sustentável para o mundo. A cidade foi escolhida como destino piloto da campanha internacional Passaporte Verde, do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma). É uma iniciativa que visa estimular o turista a adotar uma atitude de consumo responsável, de forma a reduzir os impactos negativos do seu comportamento e de suas escolhas sobre o meio ambiente e a cultura dos destinos que visita.

A campanha - que será lançada oficialmente no Brasil em dezembro - faz parte do projeto Férias Sustentáveis, desenvolvido no âmbito da Força Tarefa Internacional para o Desenvolvimento Sustentável, composta por 20 países e liderada pelo governo francês. Em solo nacional, o projeto é coordenado pelos ministérios do Meio Ambiente, do Turismo e pelo Pnuma, além de contar com diversos parceiros.

Paraty foi escolhida devido às características naturais e culturais da região, bem como o compromisso dos envolvidos com o turismo na cidade em preservar e conservar os ecossistemas naturais, valorizar e proteger o patrimônio construído pelo homem e manter a cultura ancestral local.

A comunicação desenvolvida pelo governo brasileiro em parceria com a ONU será testada em Paraty. O site internacional do projeto (www.unep.fr/greenpassport) será traduzido para o português, com informações sobre produção e consumo sustentável no setor turístico, inclusão de "cases" brasileiros e elaboração de conteúdo específico sobre o projeto-piloto em Paraty. Nele, os visitantes encontrarão dicas de como se tornarem turistas sustentáveis desde o momento da escolha do destino, o que fazer quando chegar lá, antes de ir embora e até depois de voltar para casa.

Iniciativa pretende mobilizar a comunidade

Em contrapartida, Paraty também precisa se apresentar de forma estratégica para o turista, oferecendo produtos e serviços compatíveis com a proposta, pois os turistas conscientes, que desejarem optar por ações que impactam cada vez menos o meio ambiente, serão levados a escolher destinos comprometidos com a conservação e com o uso sustentável dos recursos naturais e culturais.

– No caso específico de Paraty, não é possível discutir turismo sustentável sem falar da infra-estrutura básica, como saneamento, por exemplo, que ainda é precária em Paraty, ou ainda, sem falar da relação do trade turístico com as comunidades tradicionais locais, que possuem imenso potencial turístico mas ainda estão relativamente apartadas do processo – destaca a assessora técnica do Ministério do Meio Ambiente (MMA), Liliana Salvo.

Entre as proposições das ações estruturantes da campanha está o diagnóstico da atividade turística local, identificando quais são os obstáculos que impedem uma mudança de comportamento na cadeia do turismo, isto é, entre o turista, o comerciante do turismo e poder público, criar e aplicar soluções.

Para auxiliar a cidade nesse processo, o MMA está planejando uma série de ações, desde aquelas voltadas para a capacitação do trade turístico em gestão ambiental, como também o fortalecimento dos fóruns de base, como a Agenda 21 local, a implementação de programas de educação ambiental e ainda o fomento a projetos de ecoturismo de base comunitária.

– Teremos um plano de ação para os próximos dois anos. É processo que tem que ser construído. Não acontece de um dia para o outro – completa Liliana.

MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE
(fonte: http://www.clicrbs.com.br/especiais/jsp/default.jsp?template=2095.dwt&newsID=a2232720.htm&tab=00052&order=datepublished&espid=21&section=Not%EDcias&subTab=04400)

Quem usa material de amianto sabendo disso...

...é meio culpado pelas doenças destas pessoas!

Justiça determina fornecimento de remédios a vítimas do amianto

da Agência Brasil

A Justiça Federal no Rio determinou que a União, os Estados do Rio e de Goiás e o município do Rio de Janeiro forneçam medicamentos às vítimas de doenças provocadas pelo contato com o amianto.

Na decisão, a juíza federal Regina Coeli Medeiros de Carvalho, titular da 18ª Vara Federal, avaliou que o fornecimento da medicação é necessário para garantir sobrevida às vítimas "com um mínimo de dignidade, devido ao ser humano".

Estudos da OMS (Organização Mundial de Saúde) revelam que a exposição ao minério causa danos irreversíveis à saúde como tumores e doenças pulmonares. O Brasil tem a terceira maior mina de amianto do mundo, o parque industrial da Sama, localizado em Minaçu (GO).

A juíza entendeu como evidente o risco de lesão grave ou de difícil reparação em caso da falta de suprimento dos remédios necessários à garantia das condições de vida desses pacientes.

A decisão atende parcialmente pedido da Defensoria Pública da União em ação pública movida contra a União e os Estados do Rio de Janeiro e Goiás.


(fonte: http://www1.folha.uol.com.br/folha/cotidiano/ult95u454469.shtml)

quinta-feira, 2 de outubro de 2008

Idealismo

Acabou-se o tempo do idealismo?

Não!

Entre os caiçaras e a conservação

Adriana Mattoso defende populações tradicionais enquanto briga para criar unidades de proteção

Giovana Girardi, de O Estado de S. Paulo

Arquiteta só consome palmito pupunha, mas planta o juçara para as aves espalharem as sementes

Antonio Milena/AE

Arquiteta só consome palmito pupunha, mas planta o juçara para as aves espalharem as sementes

SÃO PAULO - O que no começo era só uma empreitada contra um grupo que destruía seu paraíso ecológico de férias acabou se tornando um projeto para uma vida inteira. Assim poderia ser resumida a história de Adriana Mattoso, hoje gerente de Unidades de Conservação da Fundação Florestal, da Secretaria de Estado do Meio Ambiente de São Paulo, que iniciou sua carreira defendendo caiçaras de Trindade, uma vila de pescadores em Parati (RJ), e se transformou numa das responsáveis pela criação e gerenciamento de unidades de conservação de SP. Ela é uma das mães, por exemplo, do plano de manejo do Parque Estadual da Serra do Mar.

Apaixonada desde criança pela natureza, Adriana viu, no fim da adolescência, em meados da década de 70, um trecho de mata atlântica ser destruído com a construção da Rodovia Rio-Santos. “Foi uma coisa chocante. Primeiro pelo impacto ambiental da abertura da estrada e depois pela especulação imobiliária absurda que se seguiu, com espertalhões comprando terra de caiçara para depois fazer empreendimentos. Era um lugar ao qual só se chegava por estrada de terra que, de repente, e de um modo muito brutal, foi desbravado.”

Diante de um grupo estrangeiro que queria expulsar a população para construir um condomínio de luxo, ela, um grupo de visitantes assíduos e os moradores formaram uma das primeiras ONGs socioambientais do Brasil - a Sociedade de Defesa do Litoral Brasileiro.

Juntos organizaram exposições fotográficas mostrando o que estava acontecendo. Ela, depois, fez um documentário sobre o problema. Eles foram à Justiça e os caiçaras conquistaram o direito de ficar na região.

DA ONG AO GOVERNO

Essa batalha, que durou até o começo dos anos 80, chamou a atenção do governador André Franco Montoro (1983-1987), que convidou parte da ONG para formar uma equipe de resolução de conflitos de terra.

“Naquela época a gente tinha de brigar a tapa com os que excluem o homem totalmente da questão ambiental. Mas percebi que os maiores conflitos ocorriam onde ainda havia áreas naturais, nas fronteiras do Estado, às vezes dentro de parque ou em área que iria virar parque. Quando a gente defende o caiçara, o caboclo, o caipira é porque o poder de destruição deles é menor.”

A ambientalista e arquiteta de 52 anos conta que aprendeu ainda pequena a respeitar as relações entre comunidades e o ambiente ao visitar um sítio em uma comunidade alemã em Joinville (SC). “Era a casa dos pais da minha babá. Eles eram imigrantes e moravam em uma colônia onde se produzia de tudo. Com aquilo eu entrei em contato com a natureza mesmo: cacei tatu, derrubei palmito, arei, plantei, dei comida pra vaca, tive convivência próxima com a natureza e com o pequeno produtor. Isso me ensinou a respeitar quem vive na roça e da roça.”

Pouco tempo depois, em 1986, surgiam “casados”, como brinca Adriana, dois ícones daquela mudança de paradigma que se anunciava: a ONG SOS Mata Atlântica e a Secretaria Estadual do Meio Ambiente. “A turma que criou a ONG, da qual eu fiz parte, foi a mesma que exigiu do governo a criação da secretaria.

Estávamos na Ilha do Cardoso, na reunião que criaria a SOS, e o Montoro passou de helicóptero para assinar um convênio entre São Paulo e Paraná para proteger a região do Lagamar. Desceu para nos fazer uma visita, aí a gente segurou o governador lá até ele se comprometer com isso. Foi no mesmo período em que lutamos pela criação da Estação Ecológica da Juréia.”

Hoje gerente das 32 unidades de conservação do Estado, Adriana sente falta do tempo de ativista e de estar no meio do mato, enquanto resolve uma burocracia ou outra de sua sala no Horto Florestal. Mas acredita que, no governo, pôde fazer mais pelo ambiente e pelas populações tradicionais. Uma inovação, por exemplo, foi estabelecer, no plano de manejo do Parque Estadual da Serra do Mar, que entrou em vigor em 2007, uma área especial para abrigar caiçaras ou quilombolas. A zona-histórico-cultural-antropológica permite a presença de moradores tradicionais que já estejam há muitas gerações no local.

Preserva seu lado “bicho-do-mato” no sítio na Serra da Bocaina, onde planta palmito juçara - espécie das mais ameaçadas da mata atlântica. “A gente só come pupunha. O juçara fica para as aves comerem as sementes e ajudarem na recuperação.”

(de http://www.estadao.com.br/vidae/not_vid251737,0.htm)