terça-feira, 25 de março de 2008

Velocidade máxima em eco-cidades britânicas será de 25 km/h

Este artigo fez-me pensar na velocidade que vejo nos veículos de certas pequenas cidades que conheço... Para que correr tanto, meu Deus?

Lembra-me de uma música antiga que ouvi no fim da minha adolescência:

"Aonde você vai?"

"Aonde você vai com tanta pressa,
com tanta pressa, com tanta pressa?
Onde você vai com tanto ódio,
com tanto medo, com tanto medo?
Onde você vai com tanta ganância,
com tanta arrogância,
com tanta ignorância?"

"Eu vou, eu não sei onde eu vou,
mas eu não sei onde eu vou
meu senhor."

Era de Antonio Adolfo... Não achei a letra inteira na net...

Velocidade máxima em eco-cidades britânicas será de 25 km/h

Além de BedZED, espera-se que mais dez cidades deste tipo estejam construídas até 2020 no Reino Unido
BBC

LONDRES - O bairro BedZED, em Surrey, no Reino Unido, é um exemplo atual do desenvolvimento de veículos ecologicamente corretos para serem conduzidos em estradas planejadas das eco-cidades a, no máximo, 25 quilômetros por hora. A restrição está entre as propostas destinadas a minimizar o impacto ambiental dos assentamentos.

Fontes do governo britânico dizem que os novos centros estão ficando livres de carros, e o limite de 25 quilômetros por hora será aplicado nas "principais estradas" que levam até esses centros.

Ambientalistas têm criticado o sistema, que tem foco demasiadamente restritivo sobre as emissões de carbono.

Mais de 50 ofertas para o desenvolvimento da produção de "zero carbono" foram inscritas pelas empresas. A ministra da Habitação, Caroline Flint, vai definir as normas esperadas dessas empresas e ainda esta semana anuncia a lista dos 10 novos municípios que são contemplados nas próximas semanas.

"Estes desenvolvimentos serão exemplos para o restante do mundo, não só para o país. É crucial que façamos direito - e eu não faço apologia para colocar isso no maior nível possível", afirmou Caroline. "Nós temos uma oportunidade única para fornecer um programa que vai realmente revolucionar o estilo de vida das pessoas."

Caroline disse que pretende ver as cidades criadas em torno dos pedestres, ciclistas e usuários de transporte público.

Protestos
Ambientalistas afirmam que os planos não dão consideração adequada à outras questões ecológicas, como o impacto que um edifício teria sobre a vida selvagem.

Espera-se que pelo menos cinco eco-cidades sejam construídas até 2016, e 10 até 2020. Essas cidades terão uma população entre 5 e 20 mil pessoas e vão estar ligadas aos maiores centros e cidades.

Houve protestos a nível nacional sobre os planos de moradores que alegam que os regimes vão colocar muita pressão sobre os serviços locais.

A oposição vem sendo expressa em lugares como Grovewood, ao sul de Derbyshire, e Stoughton em Leicestershire. No mês passado, cerca de 300 ativistas marcharam contra os planos para um desenvolvimento de 6 mil casas em Long Marston, perto de Stratford, Warwickshire.

(de http://www.estadao.com.br/vidae/not_vid145064,0.htm)

Sem mágicas, 37 cidades melhoram educação

Eu já dei aula no ginásio de Alto Paraíso, em Goiás. Embora sem ter o curso médio completo. Gostei! E meus alunos gostaram também! Um deles chamou-me de "enciclopédia ambulante"... Lembro-me de uma aluno cujo apelido era "Alemão". Ele morreu num acidente na rodovia que leva a Brasília...
Gostaria de dar aula, quando me aposentar. Sobre meio-ambiente... Mas não posso por não ter formação... Embora tenha conhecimento.

Abaixo uma sugestão: melhorar a formação dos professores das cidades da serra... Convênios com a UDESC, UFSC, para ensino à distância... Tanta coisa pode ser feita! Com educação se evitam muuuitos problemas, inclusive ambientais...

Sem mágicas, 37 cidades melhoram educação
Raquel Landim
25/03/2008

Quase 3.550 quilômetros separam Alto Alegre do Pindaré, no norte do Maranhão, de Arroio do Meio, no nordeste do Rio Grande do Sul. Para ir de um ponto ao outro de carro, são 41 horas de viagem sem parar, cortando o país de Norte a Sul. Uma característica une os dois municípios e outros 35 espalhados por todas as regiões do Brasil: ensino público de qualidade.

Pesquisa do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) com apoio do Ministério de Educação (MEC), obtida pelo Valor, mapeou 37 municípios que, apesar da situação social precária, oferecem boa educação para suas crianças. Outra característica destas cidades é que as escolas atuam em rede, mantendo a eqüidade no ensino.

"Uma rede é forte quando os nós são fortes", diz Salete Lacerda Almeida e Silva, coordenadora de pesquisa do Unicef e ex-secretária de educação de Salvador. Ela diz que os "nós" das redes de aprendizagem são as escolas. "Não adianta ter uma escola pública ótima e outra péssima", diz. Em regiões carentes, a importância da escola é maior, ocupando um espaço que deveria ser da família.

Santarém (PA), Presidente Dutra (BA), Sete Barras (SP), João Monvelade (MG), Realeza (PR) e Sapiranga (RS) são algumas cidades que obtiveram nota superior a média nacional no Índice do Desenvolvimento de Educação Básica (Ideb), que combina aprovação escolar com notas obtidas nas provas de avaliação de conhecimentos de português e matemática do governo federal. A avaliação é feita com os alunos de 1ªa 4ª série.

Com base nesses dados, os pesquisadores do Unicef foram a campo verificar se as cidades funcionam como verdadeiras redes de aprendizagem. O objetivo era encontrar a receita do sucesso. Como oferecer educação de qualidade sem dinheiro? A resposta não tem nada de fantástico - é o be-a-bá da educação. Os pesquisadores enumeraram 10 pontos presentes em todas as redes: foco no aluno, boa gestão municipal, compartilhar experiências, avaliação periódica, valorização e formação do professor, prioridade para leitura, atendimento individual e parceria com universidades, empresas ou organizações não-governamentais.

Em São Jorge D'Oeste (PR), prefeito, vice-prefeito, presidente da câmara e secretário municipal de educação, todos são professores. Não é preciso chegar neste extremo, mas o conhecimento da área ajuda a focar na aprendizagem do aluno. Nas redes pesquisadas, qualquer centavo gasto é para aprender. "Pode parecer óbvio, mas algumas cidades estão mais preocupados com melhorar as instalações das escolas", diz Salete.

A pesquisa demonstra que a parceria com o secretário de educação - apontado com protagonista, um papel mais importante que o do prefeito - é a base do bom funcionamento da rede de aprendizagem. Se a relação entre escolas e secretaria está azeitada, existe espaço para o planejamento compartilhado, mencionado por quase 70% das escolas como fator de sucesso. Em Rio Verde (GO), por exemplo, diretores, professores, merendeiras e até vigilantes das escolas elaboram um plano individual de trabalho. Os compromissos assumidos são cobrados pela direção da escola durante o ano.

Para Justina Iva de Araújo Silva, presidente da União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime), o bom desempenho das redes públicas depende de fatores objetivos, como salário e infraestrutura, e fatores subjetivos, como compromisso e envolvimento. Ela diz que os prefeitos começam a se dar conta da importância de apontar um educador como titular da pasta, mas critica a submissão da educação à área financeira. "O secretário não é gestor pleno de seus recursos", diz.

Estímulo, formação e avaliação do professor também mereceram destaque. Em Alto Alegre do Pindaré (MA), os professores fazem prova e os que obtiverem notas ruins são convocados para aulas de reforço. Em Altamira (PA), professor tem prioridade no atendimento médico e não paga cinema.

A formação da maioria dos professores das cidades que se destacaram é fraca, mas, em alguns casos, é feito um esforço em mutirão. Em Guaramirim (SC), uma parceira com a universidade estadual permitiu oferecer o curso de pedagogia a distância. Em Presidente Dutra (BA), mais de 80% dos professores faz faculdade, porque a prefeitura paga 50% do custo.

Salete diz que redes de aprendizagem são raras no Brasil. "A consciência de trabalhar em rede é algo em formação até no mundo empresarial, mas ganhou impulso com a Internet", diz. A pesquisa será divulgada hoje em Brasília durante um fórum de secretários de educação dos municípios com os piores resultados no Ideb. "O objetivo é jogar luz nas boas experiências", diz Maria do Pilar, secretária de educação básica do MEC. A pesquisa está sendo divulgada em ano de eleições municipais. Para o MEC e a Unicef, o momento é perfeito, pois ajuda na transição. Salete admite, porém, que os resultados podem ser usados como propaganda por quem pretende se reeleger ou fazer um sucessor.

(de http://www.valoronline.com.br/valoreconomico/285/primeirocaderno/especial/Sem+magicas+37+cidades+melhoram+educacao,08253,,59,4842057.html)

quinta-feira, 20 de março de 2008

Natureza é agredida pelo lixo humano

Mais uma de

Ainda quero fotografar os rios de Anitápolis e em torno cheios de garrafas PET, sacos plásticos e até embalagens de herbicidas! As fotos serão publicadas aqui.

O ritmo de devastação da Mata Atlêntica tem sido de um campo de futebol a cada quatro minutos, 16 por hora, 390 por dia

Natureza é agredida pelo lixo humano

De cadam 100 quilos de lixo, 63 são atirados em rios e córregos, poluindo cursos d'água

Um dos fatos mais curiosos na natureza é que ela cuida de limpar todos os lixos que produz. Pode-se dizer que a "casa natureza" está sempre limpa ou em processo de limpeza. O fato é que todas as coisas na natureza estão em seu lugar e retornam para o local de origem. A folha que cai da árvore, por exemplo, permanece no chão por algum tempo, mas logo vai se decompor, transformando-se em húmus, ou seja, material de que se alimenta as plantas. A natureza tem seus próprios coveiros, como o urubu, que se encarrega de remover os cadáveres e o mau-cheiro. Ela recicla por conta própria todo lixo que produz. Somente o homem, que também provem da natureza, não cuida bem do seu próprio lixo.

Pouca gente se dá conta de que, jogando um papel no chão, um pedaço de plástico na estrada ou uma lata de cerveja vazia na praia, o lixo vai ficar lá, às vezes por décadas. Nesses casos, nem mesmo a natureza sabe processar todo tipo de material que o homem converte em resíduo. É assim, por causa desse descaso e desrespeito à natureza, que nossas cidades estão cada vez mais poluídas e inabitáveis.

Observe a quantidade de lixo produzida em sua casa, some-a com o lixo dos vizinhos e tente imaginar a montanha de resíduos que o mundo inteiro produz. Um estudo do IBGE, feito em 1980, calculava que cada morador urbano produzia, em média, 220 quilos de lixo domiciliar por ano. Hoje, calcula-se que cada um dos brasileiros que moram nas áreas urbanas, produzem um quilo de lixo por dia, ou seja, mais de 350 quilos em um ano.

A mata atlântica hoje é considerada um dos ecossistemas mais ameaçados do mundo.

Mais uma, do AN (), antes que a compra pela RBS faça com que de repente este tipo de informação "saia do ar"...

A mata atlântica hoje é considerada um dos ecossistemas mais ameaçados do mundo.

Mata atlântica agoniza no Sul do Brasil

Maior devastação de florestas ocorreu no Rio Grande do Sul, reduzindo a cobertura vegetal para só 2,6%

A forma de ocupação do solo e o uso das florestas nativas estão vinculados ao processo de desenvolvimento de Santa Catarina ao longo dos últimos cinco séculos. A utilização desordenada destes recursos, porém, deixou seqüelas. Enquanto em 1500 as florestas ocupavam 81,5% da área total do Estado, hoje, embora os números sejam divergentes, sabe-se que a cobertura vegetal é reduzida.

O mapeamento da Fundação do Meio Ambiente (Fatma) concluído em 1996 mostra que o Estado conserva 29,14% de cobertura vegetal em relação a sua área, um percentual até positivo se comparado com os demais Estados do Sul do País que abrigam a mata atlântica. Os números da Fatma englobam toda formação vegetal acima do solo, não diferenciando os tipos de floresta e os estágios de regeneração e incluem a área total do Estado que, a partir do decreto 750/93, passou a ser considerada de Mata Atlântica, independente da formação fitogeográfica.

Há, entretanto, quem afirme que a situação é pior que a diagnosticada pela Fatma. Dados da Organização Não-governamental SOS Mata Atlântica, que levam em conta as áreas de regeneração em estágio médio e avançado (excluindo os estágios iniciais), mostram que Santa Catarina apresenta 17,41% de cobertura florestal natural. Deste total, segundo o biólogo Ademir Reis, responsável pelo Laboratório de Ecologia Floresta da Universidade Federal de Santa Catarina, apenas 4% corresponde à vegetação primária (o que não quer mais dizer floresta virgem, já que não se pode garantir que o homem nunca entrou em contato com estas áreas).

O ponto positivo é que o rigor da legislação ambiental e o aumento da consciência ecológica em todo o mundo provocaram a redução do ritmo de devastação, ao mesmo tempo em que incentivaram a regeneração. Levantamento do SOS Mata Atlântica conclui que os estados do Paraná e Santa Catarina foram os que mais reduziram o ritmo de desmatamento: 50% e 30%, respectivamente, embora as regiões devastadas ainda sejam grandes.

O diretor de Estudos Ambientais da Fatma, David Vieira Fernandes, também constata a desaceleração do desmatamento. "Não quer dizer que está bom, mas somos um dos que menos degrada", destaca. O mapeamento da cobertura vegetal realizado pela Fatma constatou, ainda, que 4,14% da área de Santa Catarina está recoberta por reflorestamentos, principalmente pinus e eucalipto.

Tabuleiro e Joinville preservados

O diretor de Estudos Ambientais da Fatma, David Vieira Fernandes, afirma que atualmente as áreas mais preservadas em Santa Catarina são as microrregiões do Tabuleiro e de Joinville, com 66% e 63% de cobertura vegetal primária e secundária, respectivamente. Em contrapartida, no Oeste, Extremo-oeste e na região conhecida como Alto Uruguai estão os trechos com menor cobertura vegetal. A microrregião do Tabuleiro engloba os municípios de Águas Mornas, Alfredo Wagner, Anitápolis, Rancho Queimado e São Bonifácio e apresenta apenas 1% de áreas destinadas a reflorestamentos.

Vale lembrar, entretanto, que o levantamento da Fatma não diferencia os tipos de floresta, e soma toda a formação vegetal acima do solo. Já a microrregião de Joinville abrange os municípios de Araquari, Corupá, Garuva, Guaramirim, Itapoá, Jaraguá do Sul, Joinville, Massaranduba, São Francisco do Sul e Schroeder e 3% de área de reflorestamento . Uma das razões apresentadas por Fernandes, para isso, é o difícil acesso a algumas regiões - como a Serra Dona Francisca, por exemplo - e a atuação da Polícia Ambiental nos últimos anos.

Satélites ajudam no mapeamento

Lançado em 1996, o mapeamento da cobertura vegetal de Santa Catarina foi o resultado de três anos de pesquisas realizadas pela Fatma. Tudo foi reunido em um atlas, na forma de CD, concluído em 1996. Para chegar aos dados, foram utilizadas imagens de satélites fornecidas pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) da região de Santa Catarina. David explica que em um primeiro momento as imagens foram interpretadas no escritório e, a partir daí, partiu-se para as pesquisas de campo. Com isso, garantiu-se a exatidão do mapeamento.

O índice de 29,14% encontrado pela Fatma no mapeamento não está distante dos 33,4% de vegetação registrados pelo último inventário florestal nacional, em 1982. Porém ,não se pode afirmar que houve uma redução de 4,26 pontos percentuais da cobertura vegetal, já que foram usados parâmetros diferentes. O inventário levou em conta áreas de campo, ou savanas, que foram excluídas da pesquisa realizada pela Fatma. O índice também é próximo do encontrado pelo projeto Radam-Brasil, em 1986. O projeto constatou que as áreas com conservação maior da vegetação secundária situam-se na região da vertente atlântica e coincidem com os locais que, no levantamento da Fatma, obtiveram percentual superior a 50%.

Cronologia
Degradação da cobertura vegetal em SC
Ano Área Cobertura
1500 7.768.440 81,5%
1912 7.498.690 78,67%
1959 2.859.550 30%
1985 1.831.950 19,14%
1990 1.725.638 18,03%
1995 1.666.241 17,41%

Remanescentes florestais no Sul do País

Cobertura em relação à área total

* Paraná: 8,93%
* Santa Catarina: 17,41%
* Rio Grande do Sul: 2,69%

A área original de domínio da mata atlântica no País era de 1,2 milhões de quilômetros quadrados em 17 Estados. Hoje, resta menos de 8% do total.

Será verdade???

Achei isto em http://www.ararajuba.org.br/sbo/ararajuba/artigos/Volume144/ara144not3.pdf

Será verdade que "cerca de 10 mil ha de floresta ombrófila densa serão afetados pelo empreendimento que irá utilizar lenha em seus fornos"???

Se isso for verdade a FATMA e outros orgão que aprovaram isto são criminosos!

A situação do M. guianensis em Santa Catarina e Rio
Grande do Sul é crítica, devido á conversão das florestas nos
sopés da Serra Geral em plantações de Pinus e em empreendimentos
de mineração. O processo consiste na queima de
grandes extensões de floresta ombrófila densa para a fabricação
de carvão vegetal que vem sendo utilizado no maior pólo
da indústria de cerâmica catarinense. O impacto da mineração
na cobertura vegetal é muito grande, resultando na retirada da
floresta e exposição do solo (Albuquerque 2000). A prática da
produção de carvão vegetal obtido com o desmatamento da
Floresta Atlântica vem sendo observada em Grão-Pará, Santa
Rosa de Lima e Anitápolis na região ocupada pelo M. guianensis
em Santa Catarina. Somando à expansão das plantações
de Pinus sobre a área originalmente coberta por floresta
ombrófila densa, existe um projeto para a exploração de uma
jazida de fosfato em Anitápolis (SC) que está situada sobre o
corredor ecológico que une a Serra Geral ao Parque Estadual
da Serra do Tabuleiro. Caso o projeto para a exploração do
fosfato de Anitápolis seja aprovado, cerca de 10 mil ha de
floresta ombrófila densa serão afetados pelo empreendimento
que irá utilizar lenha em seus fornos. Os responsáveis pelo
empreendimento em Anitápolis já sofreram Ações Civis Populares
no Piauí onde foram responsabilizados pela destruição
da caatinga e cerrado dentro de um raio de 800 km de suas
empresas (Riosvivos 2005). A jazida de fosfato está situada
sob o corredor ecológico que une a Serra Geral à Serra do
Tabuleiro. A exploração de jazidas de fosfato pode também
contaminar o lençol freático e aqüíferos com metais pesados
(www.thephosphaterisk.com). Todas estas atividades antrópicas
contribuem para a rápida destruição do habitat, fragmentação
e quebra da conectividade existente entre as manchas
florestais que ainda persistem.

Bem-vindo ao Tietê

Imaginem a cena!

Bem-vindo ao Tietê
Por Daniela Chiaretti, de São Paulo
20/03/2008

Fotos: Davilym Dourado / Valor
E la nave va: passageiros cumprimentam os motoristas parados na marginal, ao som suave de um saxofone
Que cena foi aquela? Um grupo de gente sobre o convés de um barco, navegando em pleno rio Tietê, erguendo os braços e fazendo "ola" para motoristas de carros, ônibus e caminhões nas marginais travadas, numa manhã cinzenta em São Paulo, na altura do Cebolão? E os motoristas dos carros, ônibus e caminhões, todos devidamente engarrafados, respondendo com acenos e buzinas aos amalucados que navegavam no trecho urbano mais degradado do rio, tomando Prosecco e escutando um saxofonista como se tudo aquilo fosse muito natural? Pois aconteceu no sábado passado e espantou até os urubus que espreitavam às margens.


O encontro começou em grande estilo, às 9h30, em frente do Museu da Casa Brasileira, a antiga casa da aristocracia paulistana que exibe hoje seu belo acervo de mobiliário e design nacional em plena avenida Faria Lima. De lá saíram quatro ônibus cheios de arquitetos e urbanistas rumo ao improvável: uma volta de hora e meia no trecho mais pavoroso do rio Tietê, bem no centro da cidade. No caminho, o arquiteto Marcio Mazza, que inventou a aventura, levanta do seu assento no ônibus e aponta para uma pequena torre. "É o mirante do Jaguaré, que alguns conhecem por farol e foi desenhado por um sobrinho-neto de Santos-Dumont. Em poucos dias organizaremos um passeio para lá e estão todos convidados."


Marcio Mazza (à dir.), que organizou o passeio, e o economista Douglas Siqueira (à esq.), do Instituto Navega São Paulo: "Acredito que se sentirmos mais afeto por São Paulo poderemos planejar melhor e influenciar a qualidade de vida urbana", diz o arquiteto
Há um ano Mazza começou a programar alguns tours pela cidade, todos por trajetos pouco usuais, que ele divulga aos colegas pelo seu site Arq!bacana (www.arqbacana.com.br). O preço (R$ 50,00 para a volta no Tietê) é simbólico e paga apenas o ônibus, diz. "A idéia é envolver as pessoas com a cidade. Quanto mais você a conhece, mais se dedica a ela. Não dá para ficar planejando só no gabinete." Foi assim que, no ano passado, paisagistas, designers, arquitetos e urbanistas fizeram sua primeira mininavegação pelo Tietê. Em outra ocasião, exploraram as obras pouco convencionais do arquiteto autodidata Artaxo Jurado, em Higienópolis. Num futuro próximo irão à usina de Henry Borden, no sopé da Serra do Mar, em Cubatão, entender um pouco como funciona o binômio bombear água e produzir energia.


Mazza tem currículo diverso. No começo da carreira trabalhou em Paris, no Centro de Arte e Cultura Georges Pompidou. Lecionou Teoria da Arquitetura na FAU, a faculdade de arquitetura da Universidade de São Paulo. Nasceu na Mooca e adora explorar a cidade. "Gosto de comer fora, mas fujo do circuito Mello Alves-Oscar Freire", conta, entusiasmado com a pizzaria que descobriu no Belenzinho ou a churrascaria escondida no Jaguaré. Atualmente envolvido com as instalações de uma mina de bauxita para a Alcoa, em Belém, e com uma usina de etanol no sul de Mato Grosso, está convencido de que o que é lúdico educa e funciona. "Acredito que se sentirmos mais afeto por São Paulo poderemos planejar melhor e influenciar a qualidade de vida urbana."


Os ônibus param numa espécie de cemitério de barcaças, um pátio às margens do rio, bem embaixo dos viadutos da saída da rodovia Castelo Branco. A paisagem é macabra. As águas são marrons e se movimentam vagarosamente arrastando garrafas plásticas de refrigerantes. Uma bola azul vem chegando logo à frente de um tênis sem par. O cheiro é o de menos. Não é o de mato-molhado-depois-da-chuva, mas, surpreendentemente, não incomoda. Não faz calor, está garoando, talvez seja por isso, especula alguém. Os viajantes entram na embarcação calados e com ar de suspeição.


É surpreendente o auditório do Almirante do Lago, o simpático barco azulzinho que parece uma barcaça do Mississipi sem roda e em miniatura. Por ali, no térreo, instalam-se umas 160 pessoas. A turma veio com a família: há crianças, senhoras e adolescentes sentando em cadeiras giratórias. Alguns colocam no pescoço ou na testa o lenço branco com a campanha "Enquanto tem água tem vida", da Roca, uma fabricante de pisos e louças sanitárias. A monitora dá as primeiras instruções: não pode ficar nas áreas não demarcadas dos ambientes externos, não pode fumar e, naturalmente, nem pensar em jogar objetos no rio.


Douglas Siqueira, diretor de Comunicação do Instituto Navega São Paulo, baixa um telão com PowerPoint e explica o perfil da ONG que usa o barco para conscientizar a população e tentar produzir mudanças. "Queremos atrair a atenção do público para o Tietê, fazer com que as pessoas reflitam sobre o rio", diz ele. "Queremos mudar um pouco a cidade."


No barco, que tem capacidade para 200 pessoas, equipamento multimídia, dois banheiros e elevador para deficientes físicos, já circularam outros pioneiros. Em 2006, durante 70 dias, 1.700 pessoas viram dali a peça BR-3 sendo encenada pelos atores do grupo Teatro da Vertigem. O palco eram as margens do rio. Em janeiro, a grife Cavalera saiu do Ibirapuera durante o São Paulo Fashion Week e fez seu desfile bem por ali. Na semana que vem, uma novidade: o barco levará quem quiser ver de perto 20 garrafas PET gigantes que ficarão expostas às margens do Tietê até 25 de maio. As instalações são do artista plástico Eduardo Srur, o mesmo que em 2007 colocou caiaques no também morto rio Pinheiros. A iniciativa faz parte da mostra "Quase Líquido", do Itaú Cultural. "É preciso chamar a atenção para o problema da poluição difusa", continua Siqueira, falando sobre a sujeira que é lançada às ruas, não é recolhida e chega às águas do Tietê. Em algumas estimativas, responde por 30% da poluição do rio.


O barco ainda não se mexeu e Siqueira continua despejando informações. Diz que, a partir de abril e até junho, o passeio será feito por alunos da rede pública de ensino. O banco Itaú ajudará com transporte e alimentação e a idéia é trazer oito mil estudantes. "Precisa formar também os professores", sussurra alguém na platéia. Na tela, agora, exibe-se o projeto de fim de curso na FAU de Cristina Junqueira Zaharenko. Naquele mesmo lugar, a arquiteta projetou um centro de educação ambiental. O desenho mostra passarelas sobre as águas, seria uma espécie de mirante em movimento. "Gostaria de trazer a identidade do rio de volta para a cidade", afirma Cristina. "Fazer com que as pessoas percebam que o Tietê não é só um receptor de esgoto."


Antes de recolher o telão, Siqueira brinca: "Quando trazemos a pessoa para cá, a enchemos de informações. Aqui no barco a pessoa não tem como escapar. Ela vem e não tem como sair." A frase, que poderia ser slogan da prisão da ilha de Alcatraz, na baía de São Francisco, parece se ajustar bem à situação de quem começa a navegação no Almirante do Lago. A palestra termina, o barco zarpa e todos saem do auditório. A garoa cedeu e o lugar mais concorrido é o deque, no terceiro andar. Quatro amigas encostam na balaustrada e esticam os braços, imitando a pose de Leonardo di Caprio em "Titanic". O professor da FAU Vladimir Bartalini não disfarça o espanto. "Estou desorientado", confessa. "Para que lado está o rio Pinheiros?"


Deste ponto da cidade, um barco dentro do Tietê, não se entende imediatamente onde se está. Todos os dias passam por ali uns 700 mil veículos, o que dá mais ou menos 1,5 milhão de pessoas que trafegam pela marginal mirando em linha reta. "A gente não olha para cá, não se dá conta que isto aqui ainda é um rio", comenta uma moça. "Para nós é só um esgotão, uma cena que não temos nenhuma vontade de ver."


Os garçons estão servindo espumante. Alguém aponta onde é a Lapa, a Vila Leopoldina. Uma garça branca atravessa à frente. Passa-se por perto do entreposto do Ceagesp, logo ali desponta o edifício dos Correios. Ninguém define esse armazém azul. "É uma sensação muito louca", diz ao celular a professora de história da arte Anna Mantovani. "Estou me sentindo em Paris", continua. Ao desligar explica que tinha ligado para a sobrinha bióloga. "A cidade vista pelo rio tem outra perspectiva. É a última coisa que eu pensaria em fazer em São Paulo e estou me divertindo."


Quem está em terra firme está parado no trânsito. Um caminhão buzina; alguém acena do carro vermelho. A ambulância desvia fazendo malabarismos, sirene ligada. "Olha só do que nos livramos", aponta a arquiteta e astróloga Rosa di Maulo. "Estamos andando mais rápido do que os carros, estamos fluindo." Debaixo de um pilar de viaduto, surge o desenho de um Cristo dentro de uma prancha de surfe, tudo emoldurado por um grande sol. A ponte da Anhangüera se aproxima e é muito baixa, dá a sensação de que pode ser tocada. Os dedos apontam para a construção cinza, imponente e abandonada, sobre o morro. "É a casa da marquesa de Santos", conta Siqueira. "Não pode ser, isso é lenda urbana", discorda a professora Maria Lúcia Bressan Pinheiros, do Centro de Preservação Cultural da USP. "Essa casa tem traços dos anos 1930", arrisca, prometendo pesquisar mais depois.


Para quem espia daqui debaixo, as alças de acesso à avenida dos Bandeirantes e o monumento marco da rodovia fazem o desenho de um coração. "O que mais me choca é o desperdício do patrimônio urbano. Não podíamos ter deixado isso se deteriorar assim, é um absurdo", registra a professora Maria Lúcia. Ela observa a quantidade impressionante de fios e redes de alta tensão que sujam a paisagem. O professor Bartalini está atento aos córregos que aparecem e desembocam no Tietê. "Tenho um trabalho de pesquisa dos córregos ocultos da cidade", explica.


Passa um caminhão de ovos na marginal. Atrás vem outro cheio de toras. Um terceiro está carregado de motos. Na altura da ponte do Piqueri o barco pára e vira. Alguém lamenta não ter chegado até a ponte das Bandeiras, onipresente nas fotos antigas do Tietê, em épocas em que por ali se faziam regatas. O som do tráfego intenso é interrompido pelos acordes de um saxofone tocando "Corcovado", de Tom Jobim. O homem de camisa branca e gravata é confundido com a tripulação. "Não, sou motorista do ônibus que trouxe o pessoal", esclarece Paulo Ribeiro de Souza. Ao lado está o colega Odair Mendes, também da Gatti. "Olhando a cidade daqui eu me sinto com o radar quebrado", diz. "Se muitos fizerem este passeio vão ver como é legal. Talvez assim se consiga cuidar mais do rio."


Guilherme Figueiroa, o saxofonista, toca "Sampa" e depois passa a "Alô, Alô, Marciano." Quando respira, diz que a experiência de tocar na marginal, navegando no Tietê, é inusitada, "quase bizarra". Os navegantes estão relaxados, acenam para os carros. A historiadora e antropóloga Gloria Kok tem vários trabalhos sobre São Paulo e sobre a história do rio, mas confessa nunca ter visto a marginal por essa perspectiva. Ela sente falta de mais informação no passeio, de fontes e fatos que relacionem a história do rio à vida da cidade. "O Tietê já foi um lugar importante de convívio dos paulistanos. Acho fundamental mostrar isso."


Siqueira, do Instituto Navega São Paulo, anota a sugestão. "Nossa intenção é esta, conscientizar. Já nos pediram para fazer festa no barco, mas não há essa hipótese. Não é esse o nosso objetivo." O Almirante do Lago, que é da empresa Transrio, volta para o porto sob o Cebolão. O arquiteto Marcio Mazza sonha com seu novo projeto, um "planeta de passeios", que pretende montar junto a parceiros privados. Dali planejaria incursões diversas pelos arredores paulistanos. "São Paulo é uma cidade de imigrantes, o que é legal por um lado, muito cosmopolita. Mas também faz com que ninguém tenha muito pé por aqui", diz. Os quatro ônibus buzinam, as pessoas não saem do barco no Tietê. Parecem ter ficado seduzidas pelo lugar menos desejado da cidade. Os urubus, silenciosos, espreitam.

(de http://www.valoronline.com.br/valoreconomico/285/euefimdesemana/cultura/Bem-vindo+ao+Tiete,08203,,47,4837365.html)

Postagem número 100

Estou chegando ao post de número 100. Já sei sobre o que vai ser: sobre o rio Tietê. O que tem a ver o Tietê com o Ambiente da Serra? Tudo! Muita gente de Anitápolis e das cidades da serra amam a cidade grande. Os "shopping centers", templos do consumo, são atração para adultos e crianças... Mas o que dizer da cidade grande? Eu, que nasci em Santos e vivi em São Paulo (capital), Rio de Janeiro, Curitiba, Brasilia e, por último, vi Florianópolis deixar de ser a querida cidade provinciana e passar a ser uma metrópole com todos os problemas ) poluição, criminalidade galopante, congestionamentos, etc.), tenho a dizer o seguinte:
Quem gostaria que a cidade em que mora fosse "grande" está equivocado. Como já disse Schumacher na década de 1970: "Small is beautiful" - "Pequeno é bonito".
Vamos imaginar:
Anitápolis sendo uma grande cidade e o rio do Povoamento um esgoto a céu aberto. A praça com um congestionamento colossal. As mães com medo de deixar seus filhos saírem de bicicleta ou brincarem na praça... Que tal?
Vamos conseguir melhorar a qualidade de vida, o nível cultural. Isto sim! Mas crescer? Não muito, por favor!

quarta-feira, 19 de março de 2008

SNA lança portal para orgânicos

Para os colegas da AGRECO:

SNA lança portal para orgânicos
O Estado de S.Paulo
- A Sociedade Nacional de Agricultura (SNA), em parceria com o Fundo Multilateral de Investimento (do Banco Interamericano de Desenvolvimento), o International Development Research Center e o Sebrae-RJ, lançou na segunda-feira, no Rio (RJ), o projeto OrganicsNet (www.organicsnet.com.br), uma rede comunitária para acesso ao mercado. O projeto é voltado para pequenos e médios produtores.

Embora os principais mercados consumidores sejam Japão, Estados Unidos e Europa, a agricultura orgânica vem crescendo rapidamente no Brasil, destaca a diretora da SNA, Sylvia Wachsner. Segundo ela, as vendas têm projeção de chegar a US$ 3 bilhões em 2010, congregando 800 mil hectares e 19 mil produtores, a maioria pequenos, que têm acesso reduzido ao mercado. ''O projeto utilizará um portal de internet que servirá ao mesmo tempo de vitrine de vendas, integração da cadeia produtiva e base de informação e capacitação dos participantes. Uma das metas é encorajar grupos de produtores a trabalharem juntos aprimorando suas práticas agrícolas, compartilhando conhecimento e experiências.''

(de http://www.estadao.com.br/suplementos/not_sup142703,0.htm)

Esboços de uma sociedade planetária sustentável

Utopia? Custa sonhar?

Esboços de uma sociedade planetária sustentável
Por Fritjof Capra e Ernest Callenbach*

O conceito de sustentabilidade transformou-se num elemento chave no movimento global, crucial para encontrar soluções viáveis para resolver os maiores problemas do mundo. O que significa isto? Lester Brown, fundador do Worldwatch Institute, elaborou uma definição clara: "Uma sociedade sustentável é aquela que satisfaz as suas necessidades sem diminuir as possibilidades das gerações futuras de satisfazer as delas".

Como seria, verdadeiramente, uma sociedade sustentável? Ainda não há modelos detalhados, mas na última década surgiram critérios básicos que nos permitem desenhar a forma emergente das sociedades sustentáveis.

A sustentabilidade global requer uma drástica diminuição do crescimento mundial. As sociedades sustentáveis terão populações estáveis, como as que têm hoje em dia 13 países europeus e o Japão. A população mundial deverá se estabilizar no máximo em oito bilhões de pessoas. As economias sustentáveis não serão movidas por combustíveis fósseis, mas sim por energia solar e suas muitas formas diretas e indiretas: luz solar para aquecimento e eletricidade fotovoltaica, energia eólica, hídrica e assim por diante. A energia nuclear deixará de ser usada devido a sua longa lista de desvantagens e riscos econômicos, sociais e ambientais. Os painéis solares aquecerão a maior parte da água doméstica ao redor do mundo, e a maior parte da calefação será feita pela entrada direta dos raios solares.

Com as células fotovoltaicas, os lares, em todas as partes do mundo, serão tanto produtores quanto consumidores de eletricidade. A produção de energia será muito mais descentralizada e, por isso mesmo, menos vulnerável aos cortes ou apagões.

Um sistema energético sustentável será também muito mais eficiente. A economia de combustível dos automóveis será duas vezes maior. Por sua vez, a eficiência dos sistemas de iluminação será três vezes melhor, e as necessidades de aquecimento diminuirão em 75 por cento. Tudo isto hoje em dia é possível graças às tecnologias já existentes.

O transporte numa sociedade sustentável será muito menos esbanjador e poluente do que hoje. As pessoas morarão muito mais perto dos seus lugares de trabalho e se movimentarão nas vizinhanças por sistemas altamente desenvolvidos de ônibus e transportes sobre trilhos. Haverá menos automóveis particulares. As bicicletas serão um veículo importante no sistema de transporte sustentável. Hoje em dia, já há no mundo duas vezes mais bicicletas do que automóveis. Nas indústrias sustentáveis, a reciclagem será a principal fonte de matéria prima. O design de produtos se concentrará na durabilidade e no uso reiterado, em vez da vida curta e descartável dos produtos. O desejável será uma mentalidade baseada na ética da reciclagem. As empresas de reciclagem ocuparão o lugar das atuais companhias de limpeza urbana e disposição final do lixo, reduzindo a quantidade de resíduos em pelo menos em dois terços.

Uma sociedade sustentável necessitará de uma base biológica restaurada e estabilizada. O uso da terra seguirá os princípios básicos da estabilidade biológica: a retenção de nutrientes, o equilíbrio de carbono, a proteção do solo, a conservação da água e a preservação da diversidade de espécies. É provável que as áreas rurais tenham maior diversidade do que atualmente com o manejo equilibrado da terra, em que haverá rotatividade de plantações e de cultivo de espécies. As empresas que produzirem alimentos e energia serão mais populares.

Não haverá desperdício de colheitas. Os bosques tropicais serão conservados. Não haverá desmatamento para obtenção de madeira e outros produtos. Pelo contrário, milhões de hectares de novas árvores serão plantados. Os esforços para deter a desertificação transformarão as áreas degradadas em terrenos produtivos. O uso exaustivo de pastagens será eliminado, assim como haverá modificação na cadeia alimentar das sociedades afluentes, para incluir menos carne e mais grãos e vegetais.

Novas indústrias sustentáveis estarão mais descentralizadas, fomentando uma maior independência nas grandes cidades. Os sistemas de valores que enfatizam a quantidade, a expansão, a competição e a dominação darão lugar à qualidade, à conservação, à cooperação e à solidariedade. À medida que a acumulação de riqueza material perder sua importância, a distância entre ricos e pobres diminuirá, eliminando muitas tensões sociais.

A característica decisiva de uma economia sustentável será a rejeição da cega busca de crescimento. O produto interno bruto será reconhecido como um indicador falido. No lugar do PIB, as mudanças econômicas e sociais, tanto quanto as tecnológicas, serão medidas por sua contribuição à sustentabilidade. Em um mundo sustentável, os orçamentos militares serão uma pequena fração do que são hoje. Em vez de manter caras e poluidoras instituições de defesa, os governos poderão investir em uma fortalecida Organização das Nações Unidas para a manutenção da paz.

As nações descentralizarão o poder e a tomada de decisões dentro de suas próprias fronteiras. Ao mesmo tempo, estabelecerão um grau de cooperação e coordenação sem precedentes em nível internacional para solucionar problemas globais. As diferenças ideológicas se dissiparão frente à crescente consciência de que a Terra é o nosso lugar comum, não importando os nossos diferentes antecedentes culturais. A compreensão de que todos nós compartilhamos esta Terra será a fonte de um novo código ético.

A imagem de uma futura Terra sustentável tem sido pintada com grandes pincéis. O desafio das próximas décadas é aperfeiçoar os detalhes, por meio do trabalho das corporações, dos governos, das organizações ambientais, dos partidos políticos e dos cidadãos. Nós acreditamos que o ideal da sustentabilidade é uma preciosa meta, estimulante para os seres humanos, cansados de uma época esbanjadora e destrutiva.


* Fritjof Capra é físico e teórico de sistemas. Ernest Callenbach é ambientalista.

(Envolverde/Instituto Ethos)

© Copyleft - É livre a reprodução exclusivamente para fins não comerciais, desde que o autor e a fonte sejam citados e esta nota seja incluída.


De http://www.envolverde.com.br/?materia=44616

Grimpa da araucária vira madeira

Eu nunca entendi porque o pessoal de Anitápolis não gosta das araucárias... Certa vez ouvi dizer que "o gado comia as grimpas e ficava doente" ou "morria"... Pode??

Plantei alguns pinheiros de pinhão mas muitos foram roubados por ocasião do natal, outros foram destruídos quando da extração dos pinus próximos... Que inconsciência! Não gostam do pinhão? Não acham bonita a paisagem das florestas de araucárias?

Grimpa da araucária vira madeira

Casal de Curitiba (PR) desenvolve um resistente compensado a partir [br]do ramo seco que cai naturalmente da árvore

Evandro Fadel - O Estado de S.Paulo


- Para resolver um problema caseiro, um casal de Quitandinha, região metropolitana de Curitiba (PR), inventou e garantiu a patente internacional de chapas de madeira feitas a partir da grimpa, o ramo seco da araucária (Araucaria angustifolia). As amostras feitas por Silvio Sepkca Moreira e Marli Bosquet resultaram numa madeira bem resistente. Agora, procuram investidores para a primeira fábrica, a ser instalada no sul do Paraná ou em Santa Catarina, onde estão as principais florestas de araucária.

A grimpa cai naturalmente do pé e não há necessidade de cortar a árvore. Moreira cita que, entre as vantagens do produto, está o menor gasto de energia para secar, triturar e transportar.

BAIXA UMIDADE

Enquanto o processo de transformação do pinus (Pinus elliotis) leva 30 dias, Moreira diz que a Produção de Madeira de Grimpa do Pinheiro (PMGP) está pronta em uma semana, pois a umidade é de só 11%. A economia de energia no processo é de 50%. Na compactação do material triturado usa-se também menos resina.

Segundo Moreira, são 2% a menos do que na confecção de aglomerados ou do MDF. ''A estrutura física do produto é mais densa do que a madeira de pinus, porque a genética da grimpa é a do nó do pinheiro.''

Submetido a um teste, um dos exemplares suportou peso de até 10 mil quilos. Os inventores ainda não definiram qual a linha de trabalho, mas estudam produtos que possam servir para decks de piscina, esquadrias, pisos e paredes.

Marli destaca os benefícios ambientais do produto. A grimpa que cai dos pinheiros é recolhida e queimada quando as pessoas querem limpar o terreno. Ela fazia o trabalho de recolhimento na chácara onde possuem 60 araucárias. ''É um trabalho desconfortável.'' Do contrário, é abandonada no meio do mato e leva cerca de quatro anos para se decompor. ''Com o PMGP podemos até desenvolver um projeto de crédito de carbono, tanto para quem recolhe a grimpa, como para quem planta araucária.''

Conforme Moreira, para fabricar 1 metro cúbico de PMGP serão usados 1.200 quilos de grimpa e, para produzir a mesma quantidade de madeira com pinus, seria necessário derrubar 3 mil quilos da floresta. ''Queremos incentivar as pessoas que têm pinheiro para que cuidem, e, aquelas que pretendem ter, que plantem porque terão renda'', diz Marli.P

INFORMAÇÕES: E-mail marli.bosquet@yahoo.com.br

(de http://www.estadao.com.br/suplementos/not_sup142682,0.htm)

terça-feira, 18 de março de 2008

Escolas vão monitorar poluiçaõ de rio em Jaraguá do Sul

Aí está um exemplo que poderia ser seguido em todos os municípios...

NESTE DIA DA ÁGUA AS ESCOLAS VÃO MONITORAR POLUIÇÃO DO RIO ITAPOCU

Para celebrar o Dia Mundial da Água, o Instituto Rã-bugio vai desenvolver atividades educativas com as escolas às margens do rio Itapocu, no trecho próximo ao Terminal Rodoviário de Jaraguá do Sul. O evento acontece hoje e amanhã, dias 18 e 19, das 13h30 às 16h30, e será patrocinado pela Petrobras. Dentre as atividades previstas, está o monitoramento da poluição do rio Itapocu, com o uso de indicadores químicos naturais, extraídos de plantas. Atividade que faz parte do cotidiano dos programas de educação ambiental dos países do primeiro mundo porque dá bons resultados na conscientização dos estudantes, comprovado cientificamente. Para desenvolver o método o Instituto Rã-bugio recebeu ajuda voluntária dos professores e alunos de doutorado da Universidade Federal de Santa Catarina. O Instituto Rã-bugio já é referência no Brasil por buscar sempre técnicas modernas em educação ambiental, com eficácia cientificamente comprovada. Já atendeu mais de 17 mil alunos em trilhas interpretativas da Mata Atlântica, na RPPN Santuário Rã-bugio, realizou cursos de capacitação para professores e centenas de palestras nas escolas e eventos. Graças ao patrocínio conquistado da Petrobras, da Fundação Avina e da Fameg e doações de pessoas físicas, o Instituto Rã-bugio consegue manter uma equipe de funcionários treinados para atender todos os dias as escolas da região, desenvolvendo uma educação ambiental de qualidade para a promoção do desenvolvimento sustentável no Vale do Rio Itapocu. Mais informações no www.ra-bugio.org.br
(do Jornal Absoluto de 18/03/2008)

TJ confirma reparação de dano ambiental

Isso! Eu sempre fico indignado ao ver sentenças requerendo "recuperação ambiental"... Como se fosse possível verificar quantos ninhos de passarinho haviam, quantos grilos minhocas e joaninhas foram mortas...

TJ confirma reparação de dano ambiental
Fonte: TJMG

Se o objetivo da lei é a reparação do dano ambiental, e sendo possível a sua restauração, é esta a providência ideal a ser determinada, pois é através dela que se atingirá o interesse indispensável e indisponível da sociedade em ter um meio ambiente ecologicamente equilibrado, o que não se substitui por pecúnia. Esse foi o entendimento da 4ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG) ao manter, na íntegra, sentença do juiz da 2ª Vara Cível e Criminal da comarca de Mariana.

Conforme os autos, o réu efetuou queimada em área aproximada de 400 metros quadrados em área de preservação permanente em sítio localizado em Águas Claras, zona rural de Mariana, sem qualquer autorização ambiental. Diante disso o Ministério Público ajuizou Ação Civil Pública Ambiental, objetivando o reflorestamento da área danificada e a condenação do infrator no pagamento de indenização pelos danos causados ao meio ambiente.

Na decisão, o juiz julgou parcialmente procedente o pedido, condenando o réu na recomposição da área desmatada, sem o fazer, contudo, em relação à indenização. Condenou-o a abster-se de efetuar qualquer intervenção na área e executar medida compensatória, consistente no isolamento da área com cerca de quatro fios, assim como o plantio de ingá, quaresma, ipê, cedro, angico, adrago e pau-doce, num total de 20 mudas de cada uma das espécies, medidas que deverão ser acompanhadas por técnico da área, sendo que a aferição do adimplemento dessas obrigações deverá ser comprovada após 12 meses, com laudo pericial do Instituto Estadual de Florestas (IEF).

Ao apelar da decisão, o Ministério Público alegou que nem todo o dano ambiental é passível de recuperação total, restando sempre algo irreparável, portanto, no caso, em não se condenando os infratores em indenização pecuniária, estar-se-ia sinalizando aos mesmos que o crime compensa.

Em seu voto, o desembargador relator Dárcio Lopardi citou legislação (art.3º da Lei nº 7.347/1985) que permite uma alternatividade na condenação do réu infrator - ou a condenação em dinheiro ou em obrigação de fazer ou não fazer, o que sugere a impossibilidade da cumulatividade do provimento condenatório.

Ressaltou que a Lei nº 6.938/1981, que dispõe sobre a Política Nacional do Meio Ambiente, visa à reparação do dano ambiental em primeiro lugar, buscando a recuperação da área degradada, somente impondo a indenização em dinheiro quando não houver condições para a recuperação do meio ambiente.

“Nesse sentido, tendo a sentença recorrida determinado a recuperação do meio ambiente degradado, não há que se falar em condenação em pecúnia, como pretendido pelo Ministério Público”, argumentou, acrescentando que o perito técnico afirmou ser possível a recuperação da área afetada.

Votaram de acordo com o relator, os desembargadores Almeida Melo e Célio César Paduani.

Processo nº 1.0400.05.016620-8/001


(de http://www.jurid.com.br/new/jengine.exe/cpag?p=jornaldetalhejornal&ID=45835&Id_Cliente=44253)

segunda-feira, 17 de março de 2008

Condomínios devastam Serra da Cantareira, em SP

O tipo do exemplo que não deve ser seguido. Mas eu acredito em Condomínios Ecológicos, que podem ajudar na PRESERVAÇÃO!

Condomínios devastam Serra da Cantareira, em SP
AE - Agencia Estado

SÃO PAULO - Nos últimos três anos, a Serra da Cantareira, em Caieiras, na Grande São Paulo, uma das maiores florestas urbanas do mundo, perdeu 1,4 milhão de metros quadrados de área verde - o equivalente a 180 campos de futebol iguais aos do Morumbi. Estudo inédito do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e da Fundação SOS Mata Atlântica detectou 16 polígonos de desmatamento no entorno do Parque Estadual da Serra da Cantareira, área de preservação. A pesquisa não só revela aceleração do desmatamento, estagnado entre 2000 e 2005, como mostra uma mudança no processo de devastação. ?Nos anos 90, a causa principal era a profusão de lotes clandestinos. Hoje, quem rouba o verde é a ocupação regular?, diz Márcia Hirota, da SOS Mata Atlântica.



Em um dos pontos mais altos da serra, o grupo católico Arautos do Evangelho construiu uma espécie de paraíso na Terra. Quaresmeiras e manacás moldam uma clareira de concreto de 12 mil metros quadrados, base de sustentação para prédios, casas, quadra esportiva e estacionamentos do empreendimento. O ?castelo? - apelido dado pelos moradores da região ao complexo - chama a atenção pelas dimensões avantajadas e suspeitas de irregularidades, mas a obra é apenas uma entre muitas que têm contribuído para a devastação da área.



Na Estrada de Santa Inês, altura do km 10, entre Caieiras e São Paulo, placas de ?vende-se? e ?proibido construir? disputam o mesmo espaço. É um reflexo do avanço da urbanização na serra que tanto preocupa os ambientalistas. Em três anos, foram expedidos 865 alvarás para casas e condomínios na bacia do Juqueri-Cantareira, que compreende Mairiporã, Caieiras, Franco da Rocha e São Paulo. De todos, Mairiporã é o que tem maior movimento imobiliário. Nos últimos dez anos, a área urbana do município cresceu 41,5%. ?A ocupação danificou mais de 12% de mata atlântica?, diz Pilar Cunha, do Instituto Socioambiental (ISA).



A maioria das casas e condomínios erguidos na Serra da Cantareira está dentro da lei. Licenças ambientais são concedidas mediante laudos de flora e fauna. As análises determinam o quanto pode ser construído, o total a ser mantido intacto e o reflorestamento posterior à obra. Há dois problemas, segundo especialistas. O primeiro é o cumprimento pelos proprietários de contrapartidas ambientais impostas pelo governo - com a fiscalização precária, ele dificilmente ocorre. Só na Promotoria de Caieiras, há 16 inquéritos de irregularidades em condomínio. O segundo é mais complexo: as leis brasileiras sobre ocupação de áreas verdes estão ultrapassadas, datam de 1977 e não levam em conta a atual situação ambiental. As informações são do Jornal da Tarde

(http://www.estadao.com.br/geral/not_ger141156,0.htm)

Amazônia se divide entre a BR e a ferrovia

Se a ocupação da Amazonia fosse feita através de redes feroviárias o controle seria mais fácil... O que acham?

Amazônia se divide entre a BR e a ferrovia
Daniela Chiaretti, de São Paulo
17/03/2008

Alberto Cesar Araujo / Folha Imagem
No mapa, a BR-319 liga Manaus a Porto Velho, mas estrada é intransitável e último ônibus passou por toda ela em 1988
O destino de uma estrada de 885 quilômetros é o mais novo debate amazônico. No mapa, a BR-319 liga Manaus, no Amazonas, a Porto Velho, em Rondônia - mas na prática só leva de uma capital à outra quem é muito aventureiro ou muito teimoso. A maior parte da rodovia já foi vencida pelos buracos e pela floresta. O último ônibus entre as duas pontas passou em 1988. Para reverter o quadro, há dois anos o Ministério dos Transportes investe na solução tradicional e se empenha em pavimentar o trajeto. Mas nos últimos meses é um plano B, impulsionado pelo governo do Estado do Amazonas, que começa a ganhar força - trocar piche por trilhos e instalar uma ferrovia no coração da floresta. Quem defende a alternativa diz que ela cumpre a mesma função, tem a desvantagem de ser inicialmente mais cara, mas exercerá um impacto ambiental indiscutivelmente menor.


Construída pelo governo militar em 1973, em tempos em que o mote para a porção norte do País era "integrar para não entregar", a BR-319 é uma linha que atravessa o Estado mais preservado da federação, com menos de 4% de área desmatada. São 859 km no Amazonas e 26 km em Rondônia, num trecho asfaltado próximo a Porto Velho e já bastante utilizado.


De manutenção cara, a BR-319 virou um bicho híbrido. Tem as pontas próximas às capitais em melhor estado, mas o trecho central, com mais de 400 km no meio da floresta, praticamente abandonado. Em 2006, no pico da seca, uma equipe de pesquisadores do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia, o INPA, levou quatro dias para percorrer os 600 quilômetros entre Humaitá e Manaus. Transitando com veículo de tração nas quatro rodas, atolaram cinco vezes. "Muita gente quer a estrada", reconhece Virgilio Viana, o primeiro secretário de Meio Ambiente do Estado, função que ocupou por cinco anos. "No Amazonas existe um sentimento muito forte de se estar isolado do mundo", diz Viana, desde a semana passada secretário-executivo da Fundação Amazônia Sustentável.


O efeito benéfico deste isolamento foi preservar a Amazônia no Amazonas. "É como se a floresta tivesse uma proteção passiva, que é a sua falta de acesso", registra o cartógrafo Britaldo Soares Filho, professor da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). "É importante frisar a cadeia de efeitos diretos que uma estrada causa. Só de falar em asfalto já se produz uma corrida ao ouro de quem quer se apossar de glebas que irão valorizar." Segundo estudo pilotado por ele, 53 mil km2 serão desmatados no Amazonas até 2050 se a BR-319 não for pavimentada e muitas áreas de proteção ambiental forem criadas; com a pavimentação (e igual número de unidades de conservação), o desmatamento seria de 168 mil km2 no período. Isto representa a emissão de 600 milhões de toneladas de carbono no primeiro caso, e 2,1 bilhões de toneladas no segundo.


Entre o melhor e o pior cenário, o estrago também é três vezes maior na estimativa de emissão de CO2. No caso de estrada sem pavimentação e protegida por várias unidades de conservação, o desmatamento até 2050 produziria uma emissão de 1,8 bilhões de toneladas de CO2. Ela chega a 5,7 bilhões de toneladas de CO2 com a estrada asfaltada, calcula Soares Filho. Para se ter um paralelo, as cem indústrias mais poluidoras de São Paulo emitirão cerca de 1,6 bilhão de toneladas de CO2 no mesmo período, mantido o padrão atual.


A discussão sobre pavimentar ou não a BR-119 foi um impasse duro dentro do governo Lula. Para o ministro dos Transportes Alfredo Nascimento, que já foi prefeito de Manaus, asfaltar a estrada é parte de sua agenda política. Na visão dos técnicos de sua pasta, como a estrada já existia, a decisão de pavimentá-la não exigia licenciamento ambiental. "Não é usual que numa estrada já construída se faça EIA-Rima", diz Paulo Sergio Passos, secretário-executivo do Ministério dos Transportes. No entender dos técnicos do Ministério do Meio Ambiente, a estrada existia mas não era transitável e sua pavimentação mudaria, e muito, o quadro.


O embate, em fase pré-PAC, o Programa de Aceleração do Crescimento, durou mais de um ano. Só abrandou no final de 2006, na reunião ministerial que definiu os planos de infra-estrutura do governo. O presidente Lula arbitrou: na ponta de cima (nos arredores de Manaus) e na de baixo (proximidades de Porto Velho) a estrada existe, é utilizada e ali as eventuais obras teriam licenciamento simplificado. Mas o miolo abandonado da BR-319, que corta a floresta virgem, deveria ser tratado como obra nova. O Ministério contratou então o EIA-Rima junto à Universidade Federal do Amazonas. "Esperamos que o estudo esteja concluído em 30 de abril para entrega ao Ibama", diz Passos.


O licenciamento foi fatiado e o Ministério dos Transportes posicionou suas máquinas. O PAC prevê R$ 700 milhões. Há três batalhões do Exército mobilizados para o asfaltamento e vários projetos de pontes - uma delas sobre o rio Madeira, próxima a Porto Velho, terá edital até maio. No horizonte de Passos, a pavimentação da BR-319 "é obra grande, com trabalho para mais de três anos."


Diante dos tratores em campo, o Ministério do Meio Ambiente, o MMA, tratou de criar uma área de interdição. "Não existia nenhum mosaico de unidades de conservação que impedisse o desastre ambiental que uma estrada destas faria", diz Paulo Adario, coordenador da campanha da Amazônia, do Greenpeace. O primeiro movimento foi criar uma ALAP, ou Área sob Limitação Administrativa Provisória. Durante sete meses, num polígono de mais de 15 milhões de hectares, ficaram proibidos o corte raso da floresta e a autorização de qualquer atividade que provocasse algum impacto ambiental negativo. Foram feitas consultas públicas à população e ouvidos órgãos municipais, estaduais, pesquisadores e ONGs. Deste esforço saiu o desenho de nove unidades de conservação federais e estaduais entre parques, florestas nacionais e reservas extrativistas. Serão 7,4 milhões de hectares de áreas de conservação -o que significa 1,5 vezes o tamanho do Distrito Federal. "Será o maior complexo de unidades de conservação já criado", diz Mauro Oliveira Pires, diretor da secretaria-executiva do Ministério do Meio Ambiente. Os processos aguardam o OK da Casa Civil para serem encaminhados à Presidência da República. Na expectativa de Pires, é "questão de semanas" para que as áreas saiam do papel.


As novas unidades de conservação foram planejadas, diz ele, ao redor de áreas de maior conflito potencial - no sul do Amazonas, onde a exploração predatória está chegando, ou no lado esquerdo da estrada. "Esta é uma das regiões mais belas do país e onde uma estratégia adequada pode realmente fazer diferença", acredita. As ameaças de desmatamento estão todas ali, do lado sul e leste do Estado do Amazonas, nas fronteiras com Mato Grosso, Rondônia e Pará.


Em paralelo a estes movimentos, outro processo começa a ganhar fôlego nas esferas estaduais do Amazonas - o estudo de uma ferrovia sobreposta ao traçado original da BR-319. A idéia é evitar o fenômeno "espinha de peixe", efeito de desmatamento comum à abertura de estradas na Amazônia. Os tratores constroem o eixo central e deste saem várias outras pequenas estradas, delas outras menores e assim repetidamente. "Este é um processo muito difícil de conter" teme o engenheiro florestal Mariano Colini Cenamo, secretário-executivo do Idesam, o Instituto de Conservação e Desenvolvimento Sustentável do Amazonas. "O risco é muito grande, tanto para a floresta como para Manaus, com aumento da violência também", prossegue. "Hoje Manaus não tem roubo de carro e um dos motivos é que não há por onde escoar", exemplifica.


O pesquisador Paulo Moutinho, do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (IPAM), critica o caminho usual de obras de infra-estrutura na Amazônia: "Antes vem a obra, só depois vem a governança", diz. "Pavimentar uma estrada onde não há presença do Estado, de Saúde, de Justiça ao longo do eixo é um modelo que resulta em conflito e desmatamento", avalia.


Desde fins de 2007, debates sobre os efeitos da pavimentação da rodovia e da ferrovia ocorrem em Porto Velho, Humaitá e Manaus. Alguns foram patrocinados pela fundação norte-americana Moore, que tem financiado projetos na região. Na quarta-feira, dia 19, no auditório da Superintendência da Zona Franca de Manaus (Suframa), ocorrerá o evento "Ferrovia x BR-319: um debate necessário e urgente para o Amazonas". Na pauta, a viabilidade econômica da ferrovia e os impactos sociais e ambientais de estradas de ferro e de asfalto na Amazônia. O encontro é patrocinado por entidades como o Idesam, o INPA e a SDS, a Secretaria de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável do Estado do Amazonas. "Simplesmente bloquear a proposta de pavimentação da BR-319 encontraria uma resistência muito grande", conta Cenamo. "A idéia era ampliar o debate de forma harmoniosa."


Uma empresa de consultoria de Brasília, a CP Empreendimentos, foi contratada pela SDS e pela Fundação Moore para elaborar um pré-estudo da viabilidade econômica da ferrovia. Pelo trabalho, a ferrovia não substituiria totalmente a BR-319. A rodovia persistiria de Porto Velho a Humaitá, um trecho que está em boas condições, mas os 700 km até Manaus seriam percorridos em trilhos. No primeiro ano de funcionamento, a estrada de ferro poderia levar 10 milhões de toneladas de grãos produzidas no Mato Grosso e em Rondônia - hoje a produção ali é de 30 milhões de toneladas/ano. Cesar Cascão, sócio da CP, diz que atualmente menos de 3 milhões de toneladas/ano saem pelo rio Madeira e o restante chega ao sul do País pelo porto de Paranaguá. "A ferrovia é competitiva e seu impacto ambiental é infinitamente menor que o da rodovia."


Os estudos sobre a ferrovia não foram formalmente apresentados ao governo em Brasília. "Somos parceiros do governo federal, não estamos nos rebelando", avisa Nadia Cristina Ferreira, secretária interina da Secretaria Estadual de Desenvolvimento Sustentável (SDS). "Só estamos verificando opções, sendo que uma não invalida a outra. Mas entendemos que cabe ao Estado aprofundar a discussão e ver o que pode ser economicamente viável e de menor impacto social e ambiental", diz. "Uma ação de precaução é importante."


Virgilio Viana levou os estudos da ferrovia a Luciano Coutinho, presidente do BNDES, no final de 2007. Segundo ele, o investimento necessário para colocar trilhos na floresta seria de R$ 1,9 bilhão. A empreitada teria um trunfo especial. Se a emissão de CO2 associada à rodovia está estimada em 950 milhões de toneladas, e se o projeto da estrada de ferro fosse inserido no mercado voluntário de carbono, a opção poderia ser também um bom negócio, nas suas contas. A tonelada de carbono está cotada hoje a US$ 3,70 e a escolha pela ferrovia e não pela rodovia poderia chegar a US$ 3,6 bilhões em créditos. "É uma solução que nos parece óbvia, de evitar uma nova Balbina e ainda sair ganhando", diz, fazendo referência à hidrelétrica do Amazonas que ele chama de "a maior tragédia ambiental do século passado no Estado".


Há quem defenda, ainda, uma terceira via para o transporte local. "Claro que a ferrovia é muito melhor que a estrada, em termos socioambientais, mas o melhor mesmo seria a cabotagem", opina o pesquisador Philip Fearnside, do INPA. Ele cita os atrativos do Estado do Amazonas e de sua capital: é o mais rico da região, com quatro vezes a renda per capita do Maranhão e o dobro da do Pará. A indústria em Manaus gera emprego e renda, e não tem perfil muito poluente. A ferrovia, lembra, não teria tanto impacto no trajeto, mas traria um contingente expressivo de gente para Manaus que as frentes de trabalho não conseguiriam absorver . "Manaus só é protegida porque é difícil chegar até aqui", reforça, temendo que um processo desordenado de ocupação repita o que ocorreu no centro do Pará, uma região campeã nas taxas de desmatamento. Fearnside defende mais estudos para fortalecer o transporte por navios na região.


"Existe uma pressão populacional represada em Porto Velho", concorda Mario Menezes, diretor-adjunto da Amigos da Terra-Amazônia Brasileira. "Na hora em que se abrir a estrada, uma frente enorme de pessoas irá alcançar áreas que hoje não são acessíveis. É só olhar para Rondônia e entender o processo que virá em seguida", teme. "O que chama a atenção é que enquanto o Amazonas fala em ferrovia, a reconstrução da rodovia está em curso. É crucial parar este processo enquanto não se tem claro qual é a melhor opção."


Na região, aponta Menezes, há quatro caminhos que merecem mais discussão: a reconstrução da BR-319, a própria utilização da hidrovia do rio Madeira, a ferrovia e a opção multi-modal - o transporte seria feito por rio de Manaus a Santarém e depois pela BR-163 até Cuiabá. "Se o fluxo ocorrer pela BR-163, a BR 319 não tem razão de existir", imagina. "A estrada, a pior alternativa do ponto de vista socioambiental, está sendo discutida apenas pelo seu viés político."


Adário, do Greenpeace, vive em Manaus e lembra que asfaltar a BR-319 é "sonho antigo de muita gente" por ali. "É verdade que numa estrada passa madeireiro e grileiro, mas também passa remédio e professora primária", diz. "O problema é que uma estrada pavimentada tem impacto gigantesco enquanto uma ferrovia só produz desmatamento onde o trem pára. Atende necessidades de transporte de pessoas e carga e é infinitamente melhor ambientalmente." Ele alfineta: "Esta história de mover máquinas sem antes ter unidades de conservação é irresponsável. É uma ação que vai contra o próprio plano do governo federal de combate ao desmatamento."

(de http://www.valoronline.com.br/valoreconomico/285/primeirocaderno/especial/Amaz%c3%b4nia+se+divide+entre+a+BR+e+a+ferrovia,08173,,59,4831535.html)

sexta-feira, 14 de março de 2008

Água armazeda em represas explicam "sumiço" do nível do mar

Deu na FolhaOnLine!

Represa explica "sumiço" do nível do mar
da Folha de S.Paulo

Boa parte dos cientistas que estudam os efeitos do aquecimento global se divide em dois grupos: os que acham que a situação é pior do que se imagina e os que acham que ela é muito pior. Um estudo publicado ontem na revista Science dá razão ao segundo grupo.

Três pesquisadores de Taiwan afirmam que a contribuição do degelo polar e das montanhas para a elevação global do nível do mar é muito maior do que o estimado pelo IPCC, o painel de climatologistas das Nações Unidas.

O problema é que essa elevação não é observada nas medições do nível do oceano, e o trio diz que sabe por quê: a culpa é das represas.

Uma série histórica de dados obtida pelos cientistas revelou que, ao longo dos séculos 20 e 21, a humanidade "seqüestrou" em 29.484 reservatórios 10.800 quilômetros cúbicos de água. Isso bastou para reduzir o nível dos oceanos nesse período em 3 centímetros.

Não fosse essa água retida, o nível do mar teria subido 2,46 milímetros por ano nos últimos 80 anos em vez do 1,7 milímetro anual observado desde o começo do século 20 e computado no Quarto Relatório de Avaliação (AR4) do IPCC, publicado em 2007.

"Isso exige uma contribuição significativamente maior de outros fatores (naturais e antropogênicos) para a elevação global do nível do mar", escrevem os autores, liderados por Benjamin Chao, da Universidade Nacional Central.

Fechando a conta

A elevação do nível do oceano atribuída ao aquecimento global é causada por dois fenômenos: a chamada expansão térmica (água mais quente tende a ocupar um volume maior, como sabe qualquer pessoa que já tenha fervido água) e o derretimento das geleiras de montanha (Alpes, Andes e Himalaia) e dos mantos de gelo da Antártida e da Groenlândia.

Estranhamente, no entanto, essa elevação não tem sido constante como era de esperar caso o aquecimento global fosse o principal culpado pelo fenômeno. As observações mostram que ela aparentemente acelerou e desacelerou ao longo das décadas: foi mais lenta antes dos anos 1930, acelerou até 1960, desacelerou de novo até 1990 e voltou a acelerar.

Chao e seus colegas dizem que essa variação é "artificial". Se o volume da água retida em represas for computado, "fica evidente que o nível global do mar subiu a uma taxa constante desde 1930". Ou seja, o gelo não parou de derreter desde então.

"Agora a conta fecha", disse à Folha o glaciologista Fransico Eliseu Aquino, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. "Esse trabalho dá um argumento novo e relevante para explicar por que o nível do mar não subiu mais."
(de http://www1.folha.uol.com.br/folha/ambiente/ult10007u381904.shtml)

quinta-feira, 13 de março de 2008

União Européia suspende embargo ao mel brasileiro

Boa notícia para os produtores de mel da nossa serra... Mas, eles submetem o mel às análises?

União Européia suspende embargo ao mel brasileiro
da Folha Online

A União Européia decidiu, por unanimidade, reabilitar as importações do mel brasileiro. A informação foi divulgada nesta quarta-feira (12) pelos técnicos do Serviço de Alimentação e Veterinária (FVO) do bloco econômico, que estiveram em missão oficial no Brasil para verificar a continuidade das ações tomadas pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento no Plano Nacional de Controle de Resíduos e Contaminantes nos produtos de origem animal.

Segundo os inspetores europeus, a União Européia reconheceu que o Brasil adotou a equivalência de seus padrões no controle de resíduos e contaminantes do mel. Em poucas semanas será publicado, no periódico oficial europeu, o reconhecimento que possibilitará o retorno efetivo das exportações desse produto aos países do bloco.

Nesta quarta-feira, em reunião na Secretaria de Defesa Agropecuária, os técnicos europeus fizeram um relato das auditorias realizadas, nos últimos dez dias, em dois laboratórios do Ministério da Agricultura e três credenciados, em duas Superintendências Federais de Agricultura, em uma granja, em um abatedouro de equídeos e em duas farmácias veterinárias.

Segundo o ministério, eles concluíram que os laboratórios do governo possuem equipamentos modernos e pessoal qualificado para realizar as análises dos produtos de origem animal que são exportados. Os técnicos concluíram, ainda, que o plano de controle de resíduos evoluiu bastante em relação à missão anterior, realizada em fevereiro de 2007.

De acordo com o ministério, a missão volta para a Europa amanhã. Os inspetores terão 25 dias úteis para encaminhar à SDA a minuta do relatório de auditorias. Em seguida o ministério terá o mesmo prazo para comentar o relatório preliminar e tomar as medidas que atenderão as sugestões dos técnicos europeus.

(de http://www1.folha.uol.com.br/folha/dinheiro/ult91u381380.shtml)

quarta-feira, 12 de março de 2008

O rompimento da cava C1 da Mineração Rio Verde (MRV)

Achei este artigo numa busca no Google pelos termos ""permanente de domínio da União""... Fico pensando no que ouvi falar, sobre os depósitos de rejeitos de minério da fosfateira nas cabeceiras do rio Braço do Norte... Já pensaram se rompem?
Coloquei em cor diferente o que me chamou a atenção...

Minas não é Minério
Depois do acidente de Macacos, a sociedade acorda e exige preservação
Frederico Vieira Estudante de Comunicação na UFMG

O rompimento da cava C1 da Mineração Rio Verde (MRV), no último 22 de julho em São Sebastião das Águas Claras, distrito de Macacos, próximo a BH, deixou um rastro de cinco quilômetros de destruição. Cinco operários mortos, uma adutora da Copasa arrastada, soterramento do córrego Taquaras, contribuinte do Velhas, contaminação dos mananciais de água, danos à flora e à fauna locais, prejuízo para o turismo. A lista parece não ter fim. O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) expediu multa de R$ 1,5 milhão contra a empresa. Mas isso não é suficiente: a sociedade quer saber quem são os responsáveis pelo acidente, e porque a maioria das mineradoras deixa, por onde passa, rastros de destruição.



Limite entre Barão de Cocais e Caeté não escapou: a Vale minera até as divisas

"Se a Fundação Estadual do Meio Ambiente (Feam) não tem competência e responsabilidade para analisar o projeto executivo de uma obra minerária, deve, mesmo assim, exigilo, para que haja responsáveis. Como a Feam não exigiu isso, a empresa não fez e ninguém se responsabilizou", declara Luís Carlos Teles, Procurador de Justiça do Estado que conduziu as investigações públicas sobre a MRV. Segundo Teles, a Feam com freqüência vistoriava a empresa, preocupandose com o conserto das instalações sanitárias, esquecida do mais importante: as barragens.

Rubens de Oliveira, diretor da área de Atividades Industriais e Minerárias da Feam, discorda do procurador. "É mais fácil pintar a Feam como diabo. A responsabilidade é da MRV que deve ter seus projetos. A Feam teria de ser um "superhomem" e contratar minimamente três mil pessoas para dar conta de tudo." Rubens assegura que a Feam quer estabelecer um trabalho conjunto entre a Secretaria de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad) e o MP. "Estamos adiantados no levantamento de todas as barragens de mineração existentes no Estado, ao mesmo tempo que operamos uma normatização mais detalhada da atividade minerária, para que as responsabilidades fiquem mais claras.

ApaSul aprovada
Uma medida importante para prevenir novos acidentes foi a publicação, no dia 27 de julho passado, da lei que declara como Área de Proteção Ambiental a região situada ao sul da cidade de BH (ApaSul), compreendendo, além de BH, Nova Lima, Raposos, Caeté, Itabirito, Brumadinho, Ibirité, Rio Acima, Santa Bárbara.

Na área da nova Apa, estão localizadas mais de 21 minerações, de acordo com diagnóstico ambiental realizado pela Copasa, em setembro de 2000. Segundo Valéria Barbosa, responsável pelo diagnóstico, “há necessidade de implantação nas empresas de programas de avaliação de riscos de acidentes ambientais, principalmente nas barragens de rejeitos e contenção de sedimentos”.

O zoneamento ecológico e econômico da Apa, que limita onde e como o homem pode intervir, deverá ser feito num prazo máximo de seis meses pela Semad. Mas o Procurador contesta: "o executivo mineiro não tem dinheiro para realizar esse zoneamento e está buscando receitas no Banco Mundial há bastante tempo. A criação da Apa contribuiu, por incrível que pareça, para a degradação da natureza naquela área. Vários projetos que poderiam ser melhor analisados, foram precipitadamente aprovados pelo próprio poder público. Loteamentos como o Alphaville, uma mina enorme da MBR com previsão de 400 pés de profundidade, tudo num processo acelerado. Todo mundo queria seu "pedaço" antes da efetivação da ApaSul". Teles denuncia que as mineradoras, através do Ins tituto Brasileiro de Mineração (Ibram), fazem lobby com os órgãos públicos.

Quase sem Piedade
Os moradores de Caeté, 60 Km a leste de BH, saíram na frente e deram um exemplo de mobilização social. O "S.O.S. Serra da Piedade", formado pelo Conselho Municipal de Desenvolvimento Ambiental (Codema) e outras associações populares, conseguiu que a Brumafer desistisse de minerar na serra. A empresa é sucessora da Miprisa, mineradora responsável pelos estragos ambientais na parte norte do maciço, em Sabará. Agora o Santuário da Padroeira do Estado, Nossa Senhora da Piedade, onde nascem os córregos Sabará e Baú, está, temporariamente, protegido.
Quem é quem?
O setor de mineração movimenta mais de 35% de todo o Produto Interno Bruto (PIB) de Minas Gerais. Essa produção representa 30% do total da produção brasileira e emprega cerca de 1/3 da mãodeobra mineira. Existem, basicamente, três tipos de mineradoras: as clandestinas, as regularizadas que obedecem ao licenciamento e as que não obedecem. A fiscalização do DNPM é fraca e conta apenas com quatro engenheiros para fiscalizar todo o Estado (na MRV ele já não ia há 10 anos). Muitas lavras, ao serem encerradas, deixam passivo ambiental ,cuja recuperação não é feita pelas empresas.



"Nós não precisamos esperar o relatório da Feam, temos que nos antecipar e colocar o que o povo quer para Caeté. O Estudo de Impacto Ambiental e Relatório de Impacto Ambiental (EIA-Rima) feitos pela Brumafer, que a Feam analisa, não são completos", afirma Ronaldo Pereira, presidente do Codema de Caeté. Segundo ele, a comunidade solicitou a análise dos documentos a dois geólogos sem envolvimento com a ques tão. Eles disseram que aspectos, como o de ouvir a opinião dos moradores a respeito do empreendimento, não foram levados em conta na elaboração do EIA-Rima.

Mas não é só: Caeté padece de um rastro deixado por outra mineradora, a Vale do Rio Doce. A empresa conta com mais de oito processos de licenciamento, dentre eles, quatro para operação, só no município. Enquanto a Vale avança, a lavra da Serra Luís Soares, de onde a empresa retirou todo o ouro, está em processo de fechamento há mais de quatro meses. O cianeto, utilizado até então no processo de beneficiamento, era descartado no córrego do Jacu, um dos abastecedores da cidade. Hoje há muitas cavas em aberto e a comunidade, tomando conhecimento disso, solicitou o estudo de fechamento da lavra à Feam. Até agora o movimento "S.O.S. Serra da Piedade" não obteve retorno da Feam.

Minas para os Mineiros
"O homem desconfia de si mesmo. A melhor criatura da natureza é o homem, embora não acredite nisso. Nós temos capacidade de melhorar a natureza", afirma Edézio Teixeira, geólogo do "Mapa de risco geológico da Bacia do Rio das Velhas" entregue à Feam, em maio, um mês antes da tragédia de Macacos. Nele, Edézio apontava a possibilidade de acidentes com barragens na região de Nova Lima.

O Projeto Manuelzão está de acordo com o geólogo; o homem pode e deve melhorar sua relação com o Meio Ambiente. "Eu não posso tirar minério sem montanhas", diz Edézio. "Se Minas não tiver um planejamento mais sistêmico, onde veja o empreendimento minerário como algo mais que perfurar serras e extrair algo de útil delas, não será possível que certas atividades coexistam". É por isso que trabalhamos pela vida dos rios, pela denúncia da negligência ambiental e pelo horizonte das serras mineiras. Afinal Minas não é só minério, são mineiros.
Mineração em Minas
O Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM) está vinculado ao Ministério das Minas e Energia, e suas responsabilidades são, dentre outras, concessão de lavra e fiscalização do exercício das atividades minerárias no território nacional. Em Minas, o licenciamento e fiscalização ambiental são responsabilidades do Conselho Estadual de Política Ambiental (Copam), com apoio técnico da Fundação Estadual de Meio Ambiente (Feam). O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e o Instituto Estadual de Florestas (IEF) são competentes em autorizar a eliminação da vegetação em área de preservação permanente de domínio da União e do Estado, respectivamente. Ao Instituto Mineiro de Gestão das Águas (Igam) cabe a concessão dos direitos de uso da água no Estado de Minas Gerais.

(fonte: http://www.manuelzao.ufmg.br/jornal/jorn-ulted16/mineracao.htm)

Pesquisa prova que criação em camas, com espaço, resulta em galinhas calmas

Para finalizar os posts de hoje sobre o assunto:

Pesquisa prova que criação em camas, com espaço, resulta em galinhas calmas

José Maria Tomazela - O Estado de S.Paulo
- Uma tese de doutorado defendida no ano passado pela zootecnista Sulivan Pereira Alves, do Núcleo de Pesquisa em Ambiência (Nupea) da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq/USP), demonstrou que o sistema de criação em camas, com espaço e liberdade para as aves, resulta em menos stress para as aves.

Foram estudadas poedeiras das linhagens branca e vermelha. Durante a pesquisa, ela registrou em câmeras de vídeo o comportamento das aves longe da presença humana. Ficou patente que as aves criadas nas gaiolas são mais sujeitas ao stress, que interfere na produção.

O sistema de cria em camas aviárias é de fato menos agressivo às galinhas. Nas gaiolas, sistema utilizado em 98% da produção de ovos comerciais do País, as aves ficam muito apertadas e manifestam sintomas de desconforto.

Na Granja Yamagushi, o comportamento das galinhas também é avaliado para mensurar se o sistema de criação produz o bem-estar das aves. De acordo com Romeu Leite, são analisados 17 itens capazes de indicar, conforme o resultado, o grau de satisfação da galinha. Entre eles, estão o ato de ciscar e o de se espojar na cama do galinheiro.

O espojamento, quando a ave se deita no chão e joga terra ou cama sobre o corpo, é alto indicador de satisfação. Outros indicadores de bem-estar são o cacarejar, a lubrificação das penas, a gala (relação com o galo) e a postura regular. Um sintoma revelador de distúrbio é o canibalismo. ''Se aparecer um caso, o lote leva nota zero e vamos procurar as causas'', diz Leite.

INFORMAÇÕES: Granja Yamaguishi, tel. (0--19) 3867-1173

(de http://www.estadao.com.br/suplementos/not_sup138722,0.htm)

Sem stress, aves produzem melhor

Isto também é interessante para "abrir a cabeça" dos produtores tradicionais...


Sem stress, aves produzem melhor

Tendência de valorizar o bem-estar animal nas criações comerciais resulta em alimento mais saudável, dizem criadores

José Maria Tomazela - O Estado de S.Paulo
- Além da qualidade e da segurança alimentar, o consumidor externo demonstra preocupação crescente com a maneira como o animal que origina alimentos foi criado. Há o entendimento de que o stress na criação ou na hora do abate afeta a qualidade da carne ou de produtos como leite e ovos.

A União Européia, por exemplo, já editou instrução normativa que impede, a partir de 2012, a importação de animais criados em sistemas que não permitam seu total conforto. No Brasil, já há sistemas de criação que levam em conta o bem-estar animal.

As poedeiras da Vila Yamaguishi, em Jaguariúna, região de Campinas (SP), por exemplo, não têm do que reclamar. Ao contrário das galinhas de criações convencionais, ali as aves não ficam presas em gaiolas. Para produzir entre 700 e 800 dúzias de ovos por dia, vivem soltas em aviários espaçosos e com poleiros. As aves ciscam, comem folhas verdes e escolhem onde botar. E desfrutam da companhia do galo, algo impensável em criações industriais. Por causa desse manejo diferenciado, os ovos produzidos ali são disputados, mesmo sendo até 50% mais caros. ''Vendemos tudo e às vezes falta ovo'', diz o veterinário Romeu Mattos Leite.

PRODUÇÃO ORGÂNICA

A Vila Yamaguishi, um projeto de produção comunitária de alimentos saudáveis iniciado em Jaguariúna, trabalha há 20 anos com produção orgânica e oferece à sua clientela uma lista com mais de 30 produtos.

São 12 mil poedeiras que, apesar de contidas em aviários, vivem como no terreiro. ''Criamos um ambiente para a galinha andar, ciscar e ter ritual reprodutivo. Sem isso a galinha fica estressada e há desvios como o canibalismo.'' Leite diz que a agressividade expressada no canibalismo (uma ave bica outra até feri-la e essa galinha é atacada pelas demais) indica nível elevado de stress decorrente do ambiente ou desequilíbrios nutricionais.

As galinhas da Yamaguishi ficam em aviários com lotação de 2,5 aves por metro quadrado - no sistema industrial são 10 ou 12 aves no mesmo espaço. Cada viveiro tem de 70 a 80 galinhas de linhagens vermelhas. O ambiente, com piso de cimento e cama de palha de arroz, tem comedouros de madeira e grandes ninhos comunitários. Os bebedouros são postos longe da comida, para as aves caminharem. Um teto solar faz com que o sol realize uma ''varredura'' no espaço, funcionando como desinfetante natural.

O milho é moído na forma de quirera grossa e as aves têm uma complementação de verduras. À tarde, os aviários são abertos para as aves ciscarem do lado de fora. Entre um aviário e outro, foram plantadas árvores frutíferas e as galinhas aproveitam as frutas que caem. Também pastam o capim e ervas que vicejam no ambiente. Após o ''passeio'', dá-se a ração, já nos viveiros.

Na Yamaguishi, há 1 galo para 17 galinhas. ''Os galos dão segurança e deixam as galinhas felizes.'' Mas o principal fator é a qualidade dos ovos. ''O ovo galado (fértil) é uma célula viva, com toda a vitalidade.'' Quando a galinha entra no choco, é tirada do ninho e posta numa gaiola com a porta aberta.

CICLOS NATURAIS

O sistema de criação respeita os ciclos naturais da ave. Enquanto na criação industrial a galinha começa a postura com 16 semanas, ali ela bota a partir de 24 semanas. O ciclo vai até 84 semanas - no convencional se encerra às 70 semanas.

A ração é fabricada na granja, com milho e soja orgânicos, além de verduras orgânicas.As aves não recebem antibióticos, nem produtos químicos, apenas vacinas obrigatórias. Ao contrário do que ocorre nos aviários industriais, as aves não têm os bicos cortados para evitar o canibalismo. Os ovos têm gema bem amarela. Na escala internacional de cores, a gema do ovo da Yamaguishi atinge intensidade entre 9 e 10, enquanto o convencional fica entre 6 e 7. A clara e a gema são consistentes. O veterinário faz uma demonstração espetando um palito na gema. O palito se mantém em pé e o conteúdo não vaza. Com um ovo comum, a gema se espalha no prato.

O tratamento aos pintinhos de 1 dia também é diferenciado. Em vez da campânula a gás, eles se acomodam sob uma espécie de tabuleiro com abas que imitam a asa da galinha. ''É uma mãe substituta, pois as abas retêm o calor dos corpos das avezinhas e elas se sentem protegidas.''

(de http://www.estadao.com.br/suplementos/not_sup138723,0.htm)

Na produção de frangos orgânicos de corte, conforto também é essencial

Aos produtores tradicionais de frango em Anitápolis e arredores: este é um nicho de mercado importante! Que tal mudar a forma de criação?


Na produção de frangos orgânicos de corte, conforto também é essencial

A Korin Agropecuária já cria aves por esse sistema e plano principal é partir[br]para a exportação

José Maria Tomazela - O Estado de S.Paulo
- Atentas às exigências internacionais pela carne saudável, algumas empresas paulistas já investem na produção de frangos orgânicos em escala comercial. A Korin Agropecuária, de Ipeúna (SP), produz frango orgânico caipira congelado de acordo com normas mundiais. A certificação é do Instituto Biodinâmico (IBD). Em 1995, a Korin já havia sido pioneira no lançamento do ''frango verde'', sem o uso de antibióticos e promotores de crescimento.

Uma parte da produção do frango orgânico deve atender ao mercado interno, mas o grande foco são as exportações. ''França, Alemanha, Japão e Estados Unidos são grandes consumidores de produtos orgânicos'', diz o gerente-comercial Edson Shiguemoto. Segundo ele, a Korin já exportou frango verde para o Japão e acredita que o frango orgânico também atenderá a esse mercado.

QUALIDADE

''Nosso frango atende a um número crescente de pessoas preocupadas com uma boa alimentação, aliada aos princípios de sustentabilidade ambiental e social, inerentes ao sistema de produção orgânica certificada.'' Além da alimentação orgânica, as aves contam com área de pastejo. ''Esse método valoriza o bem-estar animal, resultando em uma ave saudável, com sabor e textura diferenciados.''

Como o custo da matéria-prima utilizada, milho e soja orgânicos, é cerca de três vezes maior do que a ração convencional, o quilo do frango caipira orgânico está cotado entre R$ 10 e R$ 11 para o consumidor final. A produção inicial é de 20 toneladas de carne por dia. No mercado interno um dos parceiros da empresa para a comercialização do frango caipira orgânico será a rede de supermercados Pão de Açúcar.

Na produção de frangos de corte também já se procura reduzir o stress, sobretudo no período do pré-abate. De acordo com o pesquisador José Antonio Delfino Barbosa Filho, do Núcleo de Pesquisa em Ambiência (Nupea) da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq/USP), a falta de manejo cuidadoso acarreta grandes perdas na retirada dos frangos dos aviários e no encaminhamento para o abatedouro. É o período da criação em que as manifestações de stress são mais intensas e resultam em prejuízos para o criador.

Barbosa demonstrou que as aves ficam mais sujeitas a traumas, como fratura de pernas, asas e pescoço, durante o pré-abate. Essa condição é agravada quando o manejo para a coleta das aves, sua colocação em engradados e transporte para o abatedouro são inadequadas.

A perda de aves é maior quando essas operações são feitas em dias quentes. ''A má condução dessa fase anula todo o investimento feito em outras etapas da criação, pois a perda atinge frangos geneticamente melhorados, bem nutridos e que estavam prontos para reverter em benefício financeiro todo o custo da produção'', diz o pesquisador.

(de http://www.estadao.com.br/suplementos/not_sup138724,0.htm)

Oferta escassa compromete orgânicos

Esta é uma notícia que deveria despertar a atençaõ e a curiosidade dos nossos produtores em Anitápolis e região!

Oferta escassa compromete orgânicos
Bettina Barros, De Nurembergue (Alemanha)
11/03/2008

O produtor baiano Aristófanes Carneiro está prestes a entrar na Europa. No mês passado, processadores de bebidas da Alemanha fizeram uma proposta para comprar água de coco com certificação orgânica de sua plantação no Delta do Parnaíba, no norte do Piauí. "Eles querem comprar tudo o que eu conseguir produzir", conta. Aristófanes produz hoje 15 mil cocos por mês, o que dá uma média de 5 mil litros de água. "Se eu tiver mais, eles também vão comprar".


O coco orgânico, que hoje ele vende só no mercado interno, é uma nova frente de negócios. Em 2007, ele fechou um contrato de quatro anos de fornecimento de 14 toneladas de acerola orgânica certificada a uma processadora dos Estados Unidos.


"O mercado está aquecido", diz Aristófanes, em meio ao intenso vai-e-vem de pessoas ávidas para fechar negócios na Biofach Nurembergue, a maior feira de produtos orgânicos do mundo, realizada anualmente na cidade alemã. "A renda mais alta da população mundial está provocando isso", ele especula. E atesta: "Mas nós não temos condições nem de longe de atender esse mercado".


Aristófanes tem razão. O crescimento de dois dígitos do setor na última década estremeceu a relação oferta-demanda mundial. O segmento é hoje um negócio de gente grande: movimentou US$ 40 bilhões em 2007 e a expectativa é que atinja US$ 60 bilhões até 2010.


Para quem começou de forma artesanal, com uma filosofia de vida por trás, a expansão da área plantada com culturas orgânicas deve ser celebrada. Já são 30,4 milhões de hectares em 135 países certificados segundo os preceitos dessa agricultura, segundo o Instituto de Pesquisa de Agricultura Orgânica (FiBL), uma referência no assunto.


Líderes do movimento, que surgiu nos anos 40 como uma reação à crescente dependência por fertilizantes sintéticos, atribuem que o sucesso dos orgânicos a uma conscientização mais elevada hoje da população. Seria uma resposta à forma doentia como regemos o planeta.


A opção pela agricultura que respeita o ambiente e os animais - e que resulta em uma alimentação mais saudável - manteve a média de expansão de 20% em dez anos.


Seriam motivos para comemoração não fosse um descompasso perigoso: a oferta não está acompanhando a demanda global por produtos orgânicos. Esse cenário pressiona ainda mais os preços, que são tradicionalmente mais altos que os dos alimentos convencionais e explicam a pequena participação do setor em países de baixa renda, como o Brasil. A necessidade de mais orgânicos pode também abrir brechas para fraudes nas certificações.


É a dor do crescimento, admitem os produtores. "É a hora do setor encarar suas grandes questões", diz Beate Huber, do FiBL. Por enquanto, há mais perguntas que respostas.


A falta de sincronia entre o quanto se planta e o quanto se compra é o que mais aflige produtores e traders, por razões econômicas óbvias. Nos Estados Unidos, onde o mercado consumidor saltou 21% apenas no ano passado, a área de conversão para a agricultura orgânica subiu apenas 1% no mesmo período. Uma das explicações é que a regulamentação para o setor foi aprovada no país apenas em 2002, o que segurou a adesão de novos produtores.


Outro entrave está no tempo e custo de conversão. São necessários três anos de preparo da terra para obter a certificação orgânica. "E quem paga pelo processo é o produtor. Os americanos estão buscando alternativas para isso", diz Joe Smillie, vice-presidente da certificadora Quality Assurance Internacional.


A conjuntura internacional das commodities agrícolas também joga contra. Produtores de carne e leite orgânicos dizem sentir o peso da alta nos preços da soja e do milho - base da ração animal - e já falam em voltar à agricultura convencional. O milho orgânico, vendido a US$ 200 por tonelada no trimestre passado, vale hoje aproximadamente US$ 500, quando pode ser encontrado.


Um recente exemplo disso ocorreu quando uma unidade da americana Dean Foods, que processa leite de soja orgânico, anunciou ao mercado que abrirá mão da certificação por não tem condições de utilizar apenas a matéria-prima sem aditivos. Conclusão: a área plantada nos Estados Unidos não deslancha. Representa 0,5% da área total para cultivo e pastagem, segundo o governo.


Na Europa, a situação é semelhante. A demanda por alimentos orgânicos no continente cresceu 16% em 2006. O fato de ser historicamente uma agricultura familiar (com pequena escala) combinado ao pouco espaço disponível para a expansão agrícola levou a uma situação de escassez em quase todos as culturas orgânicas na Europa.


"Toda semana os preços estão subindo por conta da escassez de produtos orgânicos, e quando digo toda semana é isso mesmo", diz ao Valor Joseph Stern, presidente da americana SunOpta, uma processadora de bebidas orgânicas e importadora de matéria-prima. A carestia estende-se de pêssegos a limões, mas a situação é crítica em relação às frutas vermelhas produzidas na Europa (framboesa, amora, morango, etc).


Uma das opções foi encorajar produtores de países com clima semelhante para suprir a demanda. Em uma iniciativa inédita, a SunOpta pagará um prêmio aos alimentos "em transição" - produzidos em terras que não completaram o período de três anos de conversão. "Os varejistas querem até isso porque não há oferta", diz Stern. Segundo o executivo, falta só definir como e sob qual nome esses produtos serão introduzidos nas gôndolas dos EUA.


O projeto-piloto está sendo desenvolvido no Chile. Cerca de 24 agricultores receberão de 5% a 10% de prêmio por tonelada entregue de frutas vermelhas à empresa. O prêmio ao produto orgânico varia de 30% a 75%. "É uma forma de garantir fornecimento estratégico. Se der certo, replicaremos em outros países".


A pressão mundial por entrega, porém, já começa a deslocar a atenção para as certificadoras. Em momentos como esse, as chances de vista grossa sobre um ou outro preceito da agricultura orgânica tende a crescer. "A escassez aumenta a tentação para se trapacear", diz Beate Huber, do FiBL. "É um risco e estamos conscientes". Segundo a pesquisadora, 95% do sistema está funcionando. "Precisamos só reagir de forma mais rápida quando a fraude ocorrer".


De 2003 a 2007, o número de certificadoras no mundo subiu de 364 para 468. O ponto mais fraco é a comunicação. "Por falta de uma comunicação integrada, um produtor estrangeiro trocou uma certificadora exigente por outra que facilitou a entrada dele na Europa. Essa informação deveria chegar a nós."


A adesão de gigantes como Wal-Mart também é vista com suspeita. Muitos ideólogos do movimento temem que os critérios de sustentabilidade acabem se perdendo e que uma nova era de "business as usual" seja criada no segmento.


A discussão divide opiniões, mas no fim do dia todos parecem concordar que a chegada do grande varejo pode dar impulso maior à demanda e estimular a oferta.


Gerald Hermann, presidente da Federação Internacional dos Movimentos de Agricultura Orgânica (Ifoam, a "ONU dos orgânicos"), sintetizou o espírito de Nurembergue. "O orgânico virou 'mainstream'. Mas não podemos esquecer o espírito do começo, as raízes do movimento. É preciso dizer às grandes empresas que há uma abordagem ética".


A jornalista viajou a convite do projeto Organics Brasil


(da ValorOnLine - http://www.valoronline.com.br/valoreconomico/285/agronegocios/179/Oferta+escassa+compromete+org%c3%a2nicos,08113,,179,4821563.html)

terça-feira, 11 de março de 2008

Justiça barra cultivo de eucalipto em São Luiz do Paraitinga (SP)

E o que dizer da proliferação das áreas com eucaliptos nas nascentes do rio Tubarão em Anitápolis? Muitas áreas estão tendo a vegetação nativa SUPRIMIDA para dar lugar ao eucalipto!

Justiça barra cultivo de eucalipto em São Luiz do Paraitinga (SP)
CAROLINA FARIAS
da Folha Online

O TJ (Tribunal de Justiça) de São Paulo determinou a suspensão do corte, do replantio e o plantio de novos eucaliptos no município de São Luiz do Paraitinga (182 km ao leste de SP) até a realização de um estudo de impacto ambiental e a elaboração de um relatório dos danos ao ambiente da região. Caso a decisão seja descumprida, os responsáveis pagarão uma multa diária de R$ 10 mil. A decisão é da última quinta-feira (6).

Em novembro de 2007, a Defensoria Pública do Estado propôs ação civil pública contra expansão da monocultura de eucaliptos no município. De acordo com o órgão, as empresas responsáveis pelo cultivo do eucalipto seriam a Votorantim Celulose e Papel e Suzano Papel e Celulose no município. De acordo com a ação, o plantio de eucalipto causa danos graves ao ambiente e o êxodo rural na área.

Segundo o defensor público Wagner Giron, que assina a ação, rios e nascentes da região teriam secado, e animais e pessoas carentes foram contaminados por agrotóxicos e trabalhadores rurais ficaram desempregados.

"O objetivo é impedir o corte e o replantio de novas mudas até que seja feito um estudo. Os agrotóxicos usados para esses eucaliptos são carregados pela chuva e pelo vento e contaminam os mananciais. Com isso, animais estão morrendo e pessoas da região estão sendo intoxicadas", afirmou o defensor.

De acordo com a Defensoria, a ação foi resultado de um ano de estudo em conjunto com ambientalistas e do atendimento à população carente da cidade, que relatou os problemas que seriam conseqüência da monocultura de eucalipto.

O defensor afirma que as empresas são proprietárias das fazendas de eucalipto. O plantio das primeiras mudas aconteceu na década de 1970 e atualmente, segundo o defensor, 20% da área do município tem a cobertura de eucaliptos. Um estudo de impacto ambiental da área nunca foi realizado, segundo Giron.

"Cada árvore de eucalipto adulta consome de 25 a 30 litros de água por dia. Quem vai pagar pelo esgotamento dos rios e mananciais daquela região?", questiona o defensor.

De acordo com Giron, a ação também é contra a Prefeitura de São Luiz do Paraitinga e contra o Estado, que têm o dever constitucional de fiscalizar e exigir o cumprimento da legislação ambiental.

Quem assina a decisão é o desembargador Samuel Júnior, da 1ª Câmara de Direito Ambiental, em um recurso contra uma decisão, em primeira instância, de um juiz de São Luiz do Paraitinga.

A Folha Online entrou em contato com a Votorantim Celulose e Papel e com a Suzano Papel e Celulose, que informaram, por meio de assessorias de imprensa, que vão se manifestar assim que forem informados oficialmente sobre a decisão da Justiça.

(de http://www1.folha.uol.com.br/folha/cotidiano/ult95u380546.shtml)