quinta-feira, 18 de junho de 2009

Gas de biodigestores

Ainda quero ter o meu biodigestor funcionando!

Tecnologia de biodigestor leva energia limpa a casas no RJ

da France Presse, em Petrópolis

A cidade serrana de Petrópolis (65 km do Rio de Janeiro), se converteu na capital brasileira da energia limpa graças à tecnologia de um biodigestor. Trata-se de um sistema de reciclagem de matéria orgânica que já está sendo utilizado em países como a Nicarágua, República Dominicana, Haiti e Espanha.

O projeto, incentivado pela ONG Instituto Ambiental (OIA), se baseia num princípio simples: o biodigestor aproveita as águas do esgoto para gerar a energia que alimenta as casas de cinco bairros populares da cidade.

Divulgação
Palácio de Cristal, em Petrópolis (RJ); cidade abriga um biodigestor, que leva energia limpa às residências de cinco bairros
Palácio de Cristal, em Petrópolis (RJ); cidade abriga um biodigestor, cuja tecnologia leva energia limpa às residências de cinco bairros

O sistema recupera o gás metano produzido naturalmente pela decomposição orgânica e o canaliza para uso doméstico. Desta forma, o gás (um dos causadores do efeito estufa e muito nocivo para a atmosfera) é aproveitado com um fim útil, conforme explica Jorge Gaiofato, diretor-técnico da OIA.

O lodo, que se origina no processo pode ser utilizado para fertilizar cultivos, e a água remanescente, menos poluída, pode ser obtida em rios vizinhos, algo muito importante num país como o Brasil, onde, segundo estatística oficiais, pouco mais da metade dos municípios têm rede de coleta de esgoto e de tratamento de águas.

"O biodigestor não trata os resíduos sanitários, ele os recicla e reutiliza. Tratá-los é função do governo, pois o volume gerado é muito grande. No entanto, o biodigestor é uma solução para sistemas situados em pontos onde não há rede coletora e de tratamento", acrescenta Gaiofato.

"Cada 10 casas que tratam seus esgotos em biodigestores geram gás para que uma seja autossuficiente", calcula Gaiofato.

Redução de custos

Os biodigestores de Petrópolis beneficiam bairros populares de Nova Independência, Vai Quem Quer, Nogueira, Vila Ipanema e Manga Larga. Outros seis aparelhos deste tipo serão instalados em outras partes da cidade, inclusive num condomínio de luxo.

"As medições que fazemos comprovam que a redução da carga orgânica (dos resíduos) chega a 98%", afirma Márcio Salles, superintendente da Águas do Imperador, a concessionária de serviços sanitários de Petrópolis, que adotou o sistema nas favelas da cidade.

Além disso, o custo de um biodigestor "chega a ser três vezes mais barato do que o da instalação de uma rede tradicional de saneamento", conclui.

Segundo a OIA, o custo para a construção de um biodigestor capaz de atender até quatro casas varia de US$ 1.000 a US$ 1.500.

Há alguns meses, Gean Carlos dos Santos, um professor de 35 anos, casado e pai de Sofia, de seis meses, decidiu trocar a fossa séptica que tinha em casa, na comunidade de Manga Larga, periferia de Petrópolis, por um biodigestor que ajudou a construir.

"Eu tinha uma fossa séptica em casa e, depois de um curso de ecologia, decidi trocá-la pelo biodigestor. Não contaminamos o rio e, além disso, posso usar o biogás", conta ele. Os eventuais vazamentos, explica, podem ser percebidos pelo odor característico do metano ou pelas bolhas em uma piscina de monitoração.

Entusiasmado com o sistema, Gean Carlos, que usa o metano para cozinhar até duas horas seguidas, diz que a poupança com o biogás é grande e que pensa em usá-lo para no aquecedor do banheiro.

"Antes eu comprava um botijão de gás a cada dois meses. Hoje, compro um a cada três meses e meio", observa.


(de http://www1.folha.uol.com.br/folha/ambiente/ult10007u582933.shtml)

Desmatamento e queimada nas encostas da Serra



Um amigo me enviou estas fotos de um desmatamento e queimada próximo à Serra do Corvo Branco (ao sul). Devagarinho vão cortando e queimando a mata nativa, Mata Atlântica, e vão plantando Pinus...

Fotos de uma queimada e desmatamento na SERRA CATARINENSE, próxima (ao sul) do passo do Corvo Branco.

Estas fotos documentam o desmatamento, inclusive em encostas com alta inclinação, aparentemente para plantação de Pinus. Já há Pinus nos arredores.

Assim a Mata Atlântica da nossa serra vai-se embora. E o lugar é uma atração turística.

Falta educação para o nosso povo! Falta quem os esclareça para o potencial da exploração turística através de pequenas pousadas. O que eles sabem fazer para ganhar dinheiro é apenas transformar a mata nativa em CARVÃO e plantar o Pinus "Idiotis", que não provê nem alimento nem abrigo para a fauna silvestre. Nem cobra tem embaixo das florestas de pinus, pois não há ratinhos nem passarinhos para elas comerem. E a picnina, substância presente nas agulhas dos ditos pinheiros exóticos, inibe o crescimento de gramíneas e outras espécies vegetais...

Localização aproximada da queimada e do desmatamento (Googlemaps):
http://maps.google.com.br/maps?f=q&source=s_q&hl=pt-BR&q=Parque+Nacional+da+Serra+Geral+-+Santa+Catarina&sll=-14.179186,-50.449219&sspn=80.382803,113.203125&ie=UTF8&cd=7&geocode=FaZyQ_4dXCQF_Q&split=0&ll=-28.067247,-49.412084&spn=0.019426,0.043945&t=h&z=15

quarta-feira, 10 de junho de 2009

Esgoto nos rios - falta de respeito pela criação de Deus

"Tem Deus cuidado dos bois?"

Tem! E dos peixes, e de todas as Suas criaturas!

Mais uma notícia triste:

Denúncia por despejo de esgoto em rio

A Companhia Catarinense de Águas e Saneamento (Casan) foi denunciada, no início desta semana, por prática de crime ambiental em São José, na Grande Florianópolis. A empresa é acusada de despejar esgoto, sem tratamento, diretamente no Rio Araújo, que fica no limite entre São José e Florianópolis.

A denúncia foi feita pelo Instituto Mangue Vivo e protocolada no Ministério Público de Santa Catarina. O diretor executivo do instituto, Paulo Douglas Pereira, relatou que a denúncia foi feita por moradores, que afirmaram que uma vez por mês, entre os dias 20 e 25, a Casan despeja o esgoto, o que normalmente é feito à noite para não chamar atenção.

Após as reclamações, Pereira informou que nos meses de março e abril membros do instituto passaram a fazer plantão no local para coletar provas. Segundo ele, a irregularidade foi comprovada. Além de fotos e vídeos, eles fizeram análise da água.

– O laudo técnico com os resultados da poluição é alarmante e demonstra claramente a prática do crime ambiental – concluiu.

Todas as provas foram reunidas e encaminhadas ao MP do Estado com mais de cem assinaturas de moradores.

– Eles poderão servir de testemunhas numa possível ação civil pública – disse.
O diretor executivo informou que, no ano passado, o Mangue Vivo havia denunciado as condições de poluição do rio. O fato resultou em inquérito instaurado pelo MP, mas desde então não havia sido comprovado.

O Rio Araújo nasce limpo no alto do Bairro Bela Vista, em São José, e deságua no mar na cidade, num trajeto de 5,3 quilômetros.

Diretor da Casan negou informação

O diretor da regional metropolitana da Casan, Jucenir Gualberto Soares, afirmou que jamais a empresa faria ou fará isso:

– Se um funcionário nosso for pego despejando esgoto no rio será demitido imediatamente.

Ele esclareceu que o que ocorre às vezes são problemas na elevatória do sistema de esgoto. A elevatória leva o esgoto de casas que estão em áreas mais baixas, para a estação de tratamento do Continente, que fica em Potecas, em São José.

– Mas, por motivos como uso indevido da rede de esgoto, excesso de chuvas, queda de energia e falhas no equipamento, pode ocorrer o despejo de esgoto no rio – explicou o diretor.

(de http://www.clicrbs.com.br/diariocatarinense/jsp/default2.jsp?uf=2&local=18&source=a2540487.xml&template=3898.dwt&edition=12490&section=213)

terça-feira, 9 de junho de 2009

Moto-serras

Interessante e bem escrito texto do Observatório da Imprensa:

Por que a ´coalizão da motosserra` leva vantagem
Postado por Luiz Weis em 8/6/2009 às 5:42:13 PM



O poeta Fernando Pessoa ironizava o suicida hesitante no poema que começa perguntando: “Se te queres matar / por que não te queres matar?”. Versos à frente, no mesmo tom, diz que “serás lembrado / aniversariamente / no dia em que nascente / e no dia em que morreste.”

A imprensa lembra de muitos assuntos aniversariamente. O que pode ser bom – afinal é para isso que existem os aniversários e se criam as datas de uma infinidade de coisas –, dependendo de como ela trata aqueles assuntos nos outros 364 dias do ano.

O mais recente marco do gênero foi o Dia Mundial do Meio Ambiente, na sexta-feira, 5, instituído pela ONU em 1972. Serviu para a Folha de S.Paulo produzir um excelente caderno especial sobre o tema, no Brasil. No seu melhor, focalizou o xis da questão ambiental no país, que o próprio jornal e os concorrentes abordam apenas fragmentariamente a maior parte do tempo, ao sabor dos fatos do dia-a-dia.

Trata-se da “tensão constante”, como se lê no título da principal matéria, que o assunto provoca no governo Lula, no qual os ambientalistas são uma ilha cercada de todos os lados por uma poderosa falange de interesses e doutrinas que convergem para um ponto: nas decisões dos poderes públicos, a economia deve ter prioridade sobre o ambiente.

A arena em que o economicismo leva ampla vantagem é, evidentemente, a Amazônia.

E essa vantagem muito pouco, ou nada, tem a ver com o estilo que a mídia costuma chamar “performático” do ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc. Porque nos cinco anos e meio em que foi titular da Pasta, até 2008, a senadora Marina Silva – cujo comportamento é oposto ao do seu sucessor – praticamente só fez colecionar derrotas. Até que ela anunciou que perderia o cargo, “mas não o juízo”, e pediu as contas.

A hegemonia, no governo Lula, daquilo que pelo menos um jornal chamou “coalizão da motosserra”, não tem sido suficientemente explicada pela imprensa. De vez em quando, matérias e textos de análise chamam a atenção para a importância da bancada ruralista e os negócios miliardários que ela representa (quando não os seus próprios membros encarnam) na base parlamentar do Planalto.

Mas isso dá a falsa impressão de que, não dependesse ele do seu apoio, o presidente respaldaria pelo menos uma vez ou outra o Meio Ambiente, quem quer que fosse o seu ministro, contra o partido do agronegócio, cujo principal porta-voz, mas não o único, no Executivo. é o titular da Agricultura, Reinhold Stephanes.

No entanto, mais decisivas do que a armação política para a supremacia da turma da pesada – e menos trabalhadas do que merecem pela grande imprensa – são as convicções pessoais do presidente sobre as posições em confronto.

Essas convicções têm tudo a ver com a sua biografia. Lula começou a superar as imensas adversidades de sua origem social e a descobrir o mundo como torneiro-mecânico no ABC, matriz da vanguarda do desenvolvimento industrial brasileiro.

O país festejava o milagre econômico do regime militar, quando o ministro do Interior, Costa Cavalcanti, chefe da delegação brasileira à primeira conferência das Nações Unidas sobre meio ambiente, em Estocolmo – onde, aliás, foi criado o respectivo Dia Mundial – fez história ao declarar “bem-vinda” a poluição.

Não se sabe ao certo o que o metalúrgico Luiz Inácio da Silva pudesse pensar a respeito, à época. Mas, se ele tivesse de escolher entre carteira assinada e ar puro, não pensaria duas vezes.

De mais a mais, assim como não levava a sério “os barbudinhos da USP” quando se pôs a transitar do sindicalismo para a política, no percurso que desembocaria na fundação do PT, tampouco tinha lá muito respeito pelos verdes.

Lula – o que só um texto de jornal lembrou outro dia – é um “desenvolvimentista à moda antiga”, do tempo em que só uns poucos no Brasil falavam em desenvolvimento sustentável e eram ignorados pela imensa maioria.

Entre a construção de uma hidrelétrica, ou a abertura de uma estrada, ou a expansão da fronteira agrícola nacional – especialmente para a produção de biocombustível – ou ainda o aumento do nível de emprego na Amazônia, de um lado, e a sujeição de qualquer dessas coisas a critérios de proteção ambiental, de outro, o presidente não hesita.

O que de mais revelador ele disse sobre as restrições ambientais – como bem lembrou o caderno especial da Folha – foi a comparação com o surgimento da nova capital. “Se o Juscelino Kubitschek fosse construir Brasília hoje”, afirmou Lula há questão de dois meses, “não teria nem licença ambiental para construir a pista para ele descer com seu aviãozinho.”

A imprensa não precisa atacar ou defender o presidente por isso. Basta que remeta o leitor à nascente das suas opiniões sobre o que ele considera progresso e os ambientalistas, retrocesso.

(de http://observatorio.ultimosegundo.ig.com.br/blogs.asp?id_blog=3&id={DF9B2A93-76B4-42ED-B8F5-6FD9A72162FE})

sexta-feira, 5 de junho de 2009

Santa Catarina na contra-mão.

Enquanto em outros estados recuperam amata ciliar, aqui a devastam:

Volume de crimes cresce 8,9%

Talvez ainda seja prematuro associar as catástrofes naturais que assolaram SC, em novembro de 2008, às estiagens que atingem o Oeste do Estado.

Mas os especialistas em meio ambiente alertam para os rumos incertos que as mudanças climáticas podem provocar. Na contramão, o número de crimes ambientais continua crescendo.

Um relatório recente do Ministério Público aponta um aumento de 8,9% das ações referentes ao meio ambiente em 2008 em relação a 2007.

De acordo com o documento, as ocorrências saltaram de 1.415 para 1.541. Já as ações civis públicas tiveram um incremento de 26%. Motivos estes que não fazem do Dia Mundial do Meio Ambiente um motivo para comemoração hoje.

O Promotor de Justiça e Coordenador-geral do Centro de Apoio Operacional do Ministério Público de Santa Catarina, Luiz Eduardo Souto, explica que o corte de vegetação de mata ciliar, aquela que fica às margens dos rios, é a campeã entre as ações criminais.

– Exatamente o crime que esta parcialmente descaracterizado pelo Código Ambiental – menciona.

Para o presidente da Fatma, Murilo Flores, a questão ambiental é o maior problema do Estado, sendo a contaminação das águas pela suinocultura, na região Oeste, e pela falta de coleta e tratamento de esgoto, o principal motivo de preocupação.

No último relatório de balneabilidade, foram detectados 48 pontos impróprios dos 193 analisados em Santa Catarina. Na Capital, são 15, do total de 63.

(do DC de 05/06/2009 - http://www.clicrbs.com.br/diariocatarinense/jsp/default2.jsp?uf=2&local=18&source=a2535276.xml&template=3898.dwt&edition=12462&section=213)

Contra o código ambiental de Santa Catarina!

Saiu no DC de 05/06/2009:

Ocupação da terra provoca estiagem

O professor do departamento de Geociências da Universidade Federal de SC (UFSC), Luiz Fernando Scheibe, aponta a água como um dos principais problemas ambientais do Estado.

A estiagem, por exemplo, está relacionada ao clima, mas também ao modo de ocupação da terra. Com a retirada da mata nativa de margens de rios e nascentes, a infiltração de água no solo – o que garante o abastecimento das águas subterrâneas – diminui e fica comprometida. Sem recarga de água e com chuvas escassas, os rios perdem força.

Além do uso da terra, a contaminação dos cursos de água impossibilita diversos tipos de uso. Scheibe aponta a mineração, além da falta de saneamento nas cidades e da suinocultura, como as principais formas de contaminação, resultando na disponibilidade de água afetada.

Scheibe sugere que o Estado adote uma gestão integrada dos recursos hídricos mais eficiente. A precipitação média anual em SC é suficiente. Entretanto, a distribuição não é regular, motivo pelo qual é necessária a gestão. Ações como armazenagem de água da chuva no Oeste, por exemplo, devem ser propostas.

A aplicação falha dos dispositivos previstos nas legislações federais e estaduais – “fora o Código Ambiental do Estado” – permitem a ampliação do desmatamento, segundo o coordenador do Comitê Estadual da Reserva da Biosfera da Mata Atlântica, Erico Porto Filho.
(de http://www.clicrbs.com.br/diariocatarinense/jsp/default2.jsp?uf=2&local=18&source=a2535275.xml&template=3898.dwt&edition=12462&section=213)

Santa Catarina na imprensa nacional: triste!

Este artigo saiu na Folha de São Paulo... Até quando nosso estado vai ser notícia por ocorrências tão tristes?

Cidade de SC acelera a destruição de árvores

AFRA BALAZINA
enviada especial da Folha de S.Paulo a Santa Catarina

Dia do Meio Ambiente Um perfume bom se espalha pela área. Infelizmente, a razão é o corte de exemplares da cheirosa canela-sassafrás. A espécie não é a única vítima do desflorestamento na cidade de Santa Terezinha, em Santa Catarina. Num só dia a reportagem flagrou o desmate de araucárias, imbuias, cedros e tarumãs.

A mata atlântica que recheia a fazenda Parolin, com cerca de 11 mil hectares --o equivalente a quase 70 parques Ibirapuera-- vem sendo abatida de forma impune. Os buracos abertos são, na sequência, invadidos por famílias que plantam e erguem construções.

Marlene Bergamo/Folha Imagem
Araucária derrubada em Santa Terezinha, terceiro município que mais desmatou em SC entre 2005 e 2008; madeira é serrada na própria mata
Araucária derrubada em Santa Terezinha, 3º município que mais desmatou em SC entre 2005 e 2008; madeira é serrada na mata

Tanto ONGs como os proprietários da área já fizeram inúmeras denúncias, mas a situação se mantém.

Além das toras no chão, a Folha viu madeira que foi serrada dentro da própria mata. Troncos de árvores menos nobres estavam empilhados perto da estrada --possivelmente para servir como lenha. Por toda a região é possível ver também exemplares de pínus e eucalipto plantados nas margens de rios e em encostas, onde antes havia floresta nativa.

O município está em terceiro lugar entre as cidades que mais desmataram no Estado entre 2005 e 2008, segundo dados da ONG SOS Mata Atlântica e do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais). Mas, segundo João de Deus Medeiros, do Ministério do Meio Ambiente, essa é a região de Santa Catarina que mais tem motivado denúncias de desmatamento à pasta ultimamente.

Terra sem lei

A Lei da Mata Atlântica --que só permite o desmate do bioma em casos excepcionais, como para realizar projetos de utilidade pública-- tem sido ignorada. Em vez de punição, os envolvidos são incentivados a permanecer no local. Ônibus escolares entram nas áreas desmatadas e invadidas e até luz elétrica foi instalada em alguns pontos. O prefeito, Genir Junckes (PMDB), admite enviar transporte escolar para a área problemática. "Se não mandar, o promotor me obriga." Mas nega apoiar as ações ilegais.

Ele afirma que a administração municipal não tem estrutura para fiscalizar os desmatamentos. E cita que o trabalho caberia à Polícia Militar Ambiental da cidade de Rio do Sul --com efetivo de 11 pessoas e um total de 29 municípios para atender-- e ao Ibama.

O superintendente da Fatma (Fundação do Meio Ambiente de SC), Murilo Flores, também diz ter equipe pequena e desaparelhada, mas que trabalha para aumentar a fiscalização. "Iremos contratar 80 novos funcionários, e cerca de 50 devem se tornar fiscais."

Leandro Casanova, da ONG Associação de Preservação do Meio Ambiente e da Vida, trabalha na região desde 1997 e está chocado com a devastação: "Aqui deveria ser criado o Refúgio da Vida Silvestre do Rio da Prata, mas o processo está parado na Casa Civil. Se continuar assim, em um ano não haverá mais nada".



(de http://www1.folha.uol.com.br/folha/ambiente/ult10007u576989.shtml)

Polêmica

Como saber a verdade? Mas pode ser que os resultados valham à pena!

Cowboy da Amazônia participa de ONG ambientalista de produtores rurais

RODRIGO VARGAS
da Agência Folha, em Cuiabá

Dia do Meio Ambiente Chamado de "Amazon Cowboy" pela imprensa americana, o fazendeiro texano John Carter, 43, enfrentou a desconfiança dos ambientalistas e pesquisadores até ser aceito nas mesas de discussão sobre o futuro da Amazônia.

Proprietário de terras em Mato Grosso desde a década de 1990 e fundador da Aliança da Terra --primeira ONG ambientalista de produtores rurais do país, criada em 2004--, Carter sempre foi visto com ressalvas.

Em quatro anos de atuação, sua ONG conseguiu atrair e filiar 167 produtores rurais que, juntos, detêm quase 2 milhões de hectares na região --o equivalente ao território de Sergipe.

Cada um deles concordou em submeter suas terras a uma espécie de "diagnóstico" que identifica eventuais passivos ambientais --como desmatamento em áreas de reserva legal e de preservação permanente-- e avalia questões como o manejo do solo e a produção e destinação de resíduos.

O passo seguinte é a assinatura de um "Compromisso de Adequação Socioambiental", por meio do qual o produtor estipula um prazo para corrigir as pendências.

"Estabelecemos um cronograma para a recuperação, de acordo com o orçamento e a capacidade de cada produtor. Este prazo pode ir de 5 até 30 anos, mas há metas anuais que precisam ser cumpridas", disse.

Um balanço referente ao ano passado mostrou que 69% das metas haviam sido atingidas pelos filiados. Mas o projeto contabiliza apenas 5.545 hectares recuperados ou em processo de recuperação.

"Estamos falando de recuperação de áreas de preservação permanente, intervenção em processos erosivos e o tratamento de resíduos. É uma ação de longo prazo", disse.

Em cinco anos, de acordo com Carter, a Aliança da Terra e seus filiados pretendem ingressar no mercado de serviços ambientais _que prevê compensações financeiras pela preservação e a recuperação de áreas degradadas.

Faroeste

Formado em geologia para prospecção de petróleo, Carter conheceu sua mulher, uma engenheira agrônoma brasileira, quando cursava uma especialização em pecuária no Texas.

Já casado, mudou-se para o Brasil em 1993 e seguiu direto à região do Xingu, onde o sogro possuía terras.

A ideia de constituir uma ONG, segundo ele, veio da constatação de que a maioria dos projetos ambientalistas não "tinha nenhum resultado prático". "Em geral, o dinheiro vem, o projeto é feito, muitos ganham a vida com isso, mas o ritmo do desmatamento não muda", afirmou Carter.

Viria daí, segundo ele, a resistência inicial a suas ideias em parte do movimento ambientalista. "99% dos projetos financiados não têm serventia alguma. Não há mais mata em pé por causa deles. Então muitos temiam dividir a verba internacional com uma entidade de fato queria mudar este cenário."

A Aliança da Terra recebe ajuda de entidades como a fundação David e Lucile Packard e o Blue Moon Fund, ambos sediados nos EUA, que ajudam a subsidiar 50% dos custos dos diagnósticos ambientais. O governo americano, por meio da USAID (Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional), repassou em 2008 uma doação de US$ 169 mil para o projeto.

Para um ambientalista ouvido pela Folha,que preferiu não se identificar, a iniciativa de Carter é bem intencionada, mas ao mesmo tempo fechada e pouco transparente.

Segundo ele, há dificuldade de diálogo com o texano e dúvidas sobre a validade de seu modelo, no qual os instrumentos de fiscalização oficiais ficariam em segundo plano.



(da Folhaonline - http://www1.folha.uol.com.br/folha/brasil/ult96u576601.shtml)

Mata ciliar retorna ao Vale do Paranapanema

Quando a mata ciliar vai voltar a existir às margens dos nossos rios de Santa Catarina? O Rio Imaruí, o rio Cubatão, o rio Braço do Norte, o rio do Povoamento e tantos outros agradeceriam por este carinho!

Mata ciliar retorna ao Vale do Paranapanema

da Folha de S.Paulo

Se os números da recomposição das matas ciliares (vegetação na beira de rios fundamental para a biodiversidade) ainda são tímidos no Estado de São Paulo, existe pelo menos uma mudança de cultura em relação ao problema, segundo pesquisadores ouvidos pela Folha.

"Aqui no Vale do Paranapanema, a situação melhorou muito", diz Giselda Durigan, engenheira florestal do Instituto Florestal de São Paulo. "Pelo menos não há mais lavoura até a margem do rio. Plantios foram feitos e a qualidade da água dos rios melhorou", diz.

Apesar das ações pró-ativas, a recuperação ainda engatinha. Como a recomposição da mata ciliar só é obrigatória para quem desmatou a partir de 1989, e ela chega a custar R$ 15 mil por hectare, poucos plantios ocorrem de fato.

Em São Paulo, existe 1 milhão de hectares degradados de mata ciliar. "Temos hoje comprometidos, via Ministério Público, a recuperação de 18 mil hectares, que está em curso", diz Ricardo Rodrigues, da USP.

O Estado tem ainda um banco de áreas no total de 1.900 hectares para os interessados.



(da FolhaOnLine: http://www1.folha.uol.com.br/folha/brasil/ult96u576610.shtml)

quinta-feira, 4 de junho de 2009

Sustentabilidade

Há tanto que se pode fazer! É preciso mostrar ao zé povinho as oportunidades!

Empresa abre espaço para ativo da mata atlântica

Extrato certificado da candeia atrai atenção da indústria de cosméticos em Minas Gerais

Andrea Vialli - O Estado de S.Paulo

Ernesto Rodrigues/AE

Selo verde - os sócios da Atina: Cristina Saiani e Eduardo Roxo

SÃO PAULO - A candeia, árvore nativa da mata atlântica, cresce em abundância da Serra do Espinhaço, em Minas Gerais, até o sul da Bahia. O óleo essencial da candeia é rico em alfa-bisabolol, um anti-inflamatório natural que tem ampla aceitação na indústria farmacêutica e de cosméticos - o que já estava levando a práticas predatórias de exploração da espécie.

Foi para tentar reverter esse quadro que os sócios Eduardo Roxo, biólogo, e Cristina Saiani, ex-executiva da área de marketing, criaram a Atina - Ativos Naturais S.A., para "produzir ativos naturais com rastreabilidade e sustentabilidade", nas palavras de Cristina.

O ponto de partida para valorizar a matéria-prima da candeia e não associá-la ao uso descontrolado dos recursos florestais foi buscar a certificação FSC, uma das mais conhecidas no mercado internacional, que atesta que a matéria-prima vem de áreas de manejo.

"Foi a primeira vez que o selo FSC foi emitido no País para um produto de origem florestal não amazônica", diz Roxo, que também buscou o selo de orgânicos Ecocert, para facilitar a entrada no mercado europeu.

Modelo Inovador

A extração da candeia é feita em uma fazenda certificada de cerca de 400 hectares na região de Carrancas (MG). Há também produtores terceirizados, mapeados por uma equipe de 25 profissionais, entre técnicos, agrônomos e engenheiros florestais. Uma fábrica em Pouso Alegre, também em Minas Gerais, emprega 60 funcionários diretos e transforma a planta em ativos para uso na indústria. Cada metro cúbico de candeia tem potencial para gerar até 8 kg de óleo essencial, de onde é retirado o alfa-bisabolol.

Os sócios ainda encontram dificuldades para fazer deslanchar o modelo de negócios inovador, centrado no relacionamento entre fazendeiros e comunidades. O fornecimento da matéria-prima depende de aspectos sazonais e da descoberta de novas áreas de manejo. "Demoramos três anos só para criar um modelo de rastreabilidade da cadeia da candeia. Agora o desafio é fazer com que o mercado aceite pagar um valor a mais pelo extrato certificado", diz Cristina.

Hoje, 95% da produção do óleo vai para o exterior: o produto é utilizado por gigantes como L’Oreal, Beiersdorf (dona da Nivea) e Symrise, da área de perfumaria. No Brasil, o principal comprador é a Natura, que criou uma linha de produtos de maquiagem com os ativos certificados.

Apesar das dificuldades, os sócios já estão abraçando outras frentes de negócios. Além da candeia, estão estudando as cadeias de outros ativos naturais da biodiversidade brasileira - que o mercado conhecerá em breve. "Estamos trabalhando em ativos ‘inéditos’, comprovados e de valor tecnológico para o mercado de cosméticos", diz Cristina.

terça-feira, 2 de junho de 2009

A Esperança vive!

Junto com ela o Amor, bem maior! Amor pela Criação de Deus!

Mundo sustentável

Xico Graziano

A natureza está em alta nesta semana. Em 5 de junho celebra-se o Dia Mundial do Meio Ambiente. Governos, escolas, empresas e ONGs programam significativos eventos. Bonitos discursos serão ouvidos. Há o que comemorar?

O meio ambiente é assunto recente na História da humanidade. Um impactante relatório, intitulado Os Limites do Crescimento, publicado em 1972 pelos especialistas do Clube de Roma alertava para o colapso nos recursos naturais. Foi um marco teórico. No mesmo ano, a ONU promoveu a Conferência de Estocolmo sobre o Ambiente Humano. Representantes de 113 países recomendaram, pela primeira vez, a utilização de políticas públicas em defesa do meio ambiente. Governos entraram na briga.

Antes disso, cientistas e entidades civis já se movimentavam pela causa ecológica. A primeira ONG, a União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN), surgiu em 1947, na Suíça. No Canadá, apareceu em 1971 o Greenpeace. O agrônomo José Lutzenberger, na mesma época, formou a Associação Gaúcha de Proteção ao Ambiente Natural (Agapan). Logo depois, José Goldemberg e Fábio Feldmann despontaram com sua luta idealista.

Dois livros cumpriram papel fundamental na tomada da consciência ecológica. Primeiro, o impressionante Primavera Silenciosa, de Rachel Carson, publicado em 1962. Sua contundente crítica contra a contaminação por agrotóxicos dos pinguins da Antártida varreu o mundo. A vida do planeta estava ameaçada. Segundo, o marcante ensaio População, Recursos e Ambiente, escrito por Paul e Anne Ehrlich e publicado em 1970. O foco crítico dos cientistas norte-americanos recaía sobre as nefastas consequências da explosão demográfica. Assim se inicia o livro: "... essa massa humana ameaça destruir a maior parte da vida no planeta. A própria humanidade está agora muito próxima da destruição total". Apavorante.

Obviamente, os donos do poder reagiram a essas posições, amenizando-as. Influenciado pelo catolicismo, até hoje o ambientalismo menospreza a demografia. Mas a questão ambiental entrou, para não mais sair, na agenda do desenvolvimento mundial. E os resultados da luta começaram a aparecer. Uma década após as denúncias de Rachel Carson, os perigosos inseticidas organoclorados, extremamente contaminantes, como o DDT e o BHC, começaram a ser mundialmente banidos. Grande vitória.

O então chamado Terceiro Mundo demorou a participar da agenda ambiental. Justamente o Brasil capitaneou a posição conservadora dos países periféricos. O governo militar da época defendia claramente o "direito de poluir", incentivando as empresas "sujas". Importava o progresso material.

A opinião pública, todavia, exigia a tomada de decisões. Em 1974 o eminente Paulo Nogueira-Neto assumiu, no âmbito federal, a Secretaria Especial de Meio Ambiente. Em São Paulo, Franco Montoro criou, em 1983, o Conselho Estadual do Meio Ambiente, germe da atual secretaria de Estado. O ambientalismo oficializava-se. Até desaguar na Conferência da ONU realizada no Rio de Janeiro em 1992. Avançavam os compromissos.

Percebe-se que o mundo descobriu há pelo menos quatro décadas o problema ecológico. E, aos trancos e barrancos, resolveu enfrentá-lo. Os céticos, ou pessimistas, valorizam o fracasso e continuam vendo o fim do mundo. Os crédulos, ou otimistas, destacam o sucesso e enxergam o futuro promissor. Quem tem razão?

De certa forma, ambos. Veja-se o caso das florestas. Em São Paulo se anuncia a proteção do cerrado remanescente e a recuperação da vegetação ciliar de mata atlântica. Uma página virada no desmatamento. Mas em outros locais, principalmente no bioma da Amazônia, as portas da derrubada florestal continuam abertas. Arde a motosserra.

O Rodoanel de São Paulo expressa a moderna fase da agenda ambiental. Concebido para aliviar o trânsito da capital, reduzindo a poluição atmosférica, seu soerguimento causa fortes impactos na região dos mananciais. Por isso, no licenciamento ambiental, exigências e condicionantes foram rigidamente definidas, visando a mitigar ou compensar tais prejuízos sobre a biodiversidade e os recursos hídricos. Resultado: o zelo ambiental tornou o Trecho Sul do Rodoanel um exemplo para a engenharia brasileira.

Há quem não acredite nessas informações positivas. Esse é o ponto a destacar. Ronda a questão ambiental um problema de comunicação. Sempre sobressai a notícia ruim, o lado negativo. Faz parte da origem. O ambientalismo iniciou-se como denúncia das mazelas do crescimento. Era preciso aparecer, chamar a atenção, subir em árvores para que não as derrubassem.

Esse denuncismo até hoje permeia o movimento ambientalista. Primo do discursismo e parente do sensacionalismo, ambos se alimentam das desgraças para sobreviver. Uma nova fase, porém, se cristaliza entre as organizações e lideranças do terceiro setor: o ambientalismo de resultados. Significa menos conversa, mais gestão. Difícil para quem se acostumou a gritar, mas absolutamente necessário para concretizar os sonhos da mudança civilizatória. Ação efetiva.

Existe ainda muita lição de casa a fazer, no lixo, no esgoto, no desperdício, na energia limpa. A luta dos ambientalistas, entretanto, certamente é vitoriosa e qualquer ganho na agenda ambiental deve sempre ser comemorado, todos os dias. Embora com sofreguidão, constroem-se as bases do novo desenvolvimento. Brota o mundo sustentável.

Falta uma tarefa, a maior de todas, para impulsionar o processo: investir fortemente na educação ambiental das crianças. Mudança de valores, com novas atitudes, somente se consegue dando prioridade à sala de aula, com professores conscientes e valorizados.

Demora uma geração, mas fica irreversível.

Xico Graziano, agrônomo, é secretário do Meio Ambiente do Estado de São Paulo. E-mail: xico@xicograziano.com.br
Site: www.xicograziano.com.br
(de http://www.estadao.com.br/estadaodehoje/20090602/not_imp380714,0.php)