terça-feira, 19 de agosto de 2008

Anitápolis e a exploração de fosfato por 30 anos

Matéria que saiu no Diário Catarinense:

27 de julho de 2008 | N° 8143

Ambiente

Incertezas geram temores

A audiência pública é um dos requisitos legais de um processo de licenciamento ambiental, como o de andamento para instalação da fosfateira. O objetivo é tornar o projeto público, esclarecer dúvidas e coletar sugestões.

Já realizadas em Anitápolis e Lages (onde o superfostafo será armazenado), as audiências, conforme participantes, foram insuficientes para esclarecer os impactos reais do empreendimento no município da Grande Florianópolis.

- Principalmente em relação à água, ficamos sem explicação clara. O rio será desviado? Como serão feitas as barragens? Existe risco e qual seria ele? Será que todas as partículas vão ficar nos filtros? Nada disso ficou bem esclarecido para a população e o rio passa no meio da comunidade - comenta a moradora Ana Maria Batista, professora de Biologia e Ciências da Escola de Educação Básica Altino Flores.

No entanto, conforme o diretor de Licenciamento Ambiental da Fatma, Luiz Antonio Garcia Correa, a audiência pública realizada em Anitápolis cumpriu seu papel.

- Pelo que me recordo da audiênca não houve manifestação pró e contra. Foi uma audiência que chamou a atenção por um nível muito bom. As pessoas têm o direito de saber o que vai acontecer e eles foram com esse espírito, e não de fazer confusão - sustenta Luiz Antonio Correa.

A comunidade a que a professora Ana Maria se refere é a São Paulo dos Pinhais, localizada a sete quilômetros de onde está a mina e próxima a uma das barragens de rejeitos. Ali moram cerca de 30 famílias, talvez as afetadas mais diretamente pelo empreendimento.

- Acredito que deveriam ser feitas reuniões mais localizadas, nas comunidades, de preferência com pessoas que falassem a língua da comunidade. Na audiência, algumas pessoas que vieram de fora, ambientalistas, foram enxotadas - lembra Ana Maria, lembrando a linguagem técnica e distante da maior parte da população utilizada na audiência.

- Ficamos com várias perguntas não respondidas na audiência. Gostaríamos que trouxessem alguém que nos explicasse. Essa barragem de rejeito, que ficará aqui em cima de casa, ela pode romper? E nesse caso, o que aconteceria? - questiona Raquel Back, 35 anos, moradora de São Paulo dos Pinheiros, comunidade vizinha ao empreendimento.

Entidades demonstram preocupações com o futuro

Integrantes da Associação Acolhida na Colônia, que prepara proprietários rurais ecológicos para receberem turistas em suas propriedades, e da Associação dos Agricultores Ecológicos das Encostas da Serra Geral também demonstram preocupação.

- Todos na região seriam atingidos. Achamos que faltaram esclarecimentos na audiência. Muita gente aqui vive da agricultura orgânica e teme ser afetado - teme Daniele Lima Gelbecke, agrônoma e técnica da Acolhida na Colônia. n

Mais
O que afirma o empreendedor do Projeto Anitápolis sobre os dejetos
> A usina de concentração de rocha fosfática separa o fosfato de outros minerais, os chamados rejeitos, que são descartados. Esses rejeitos serão armazenados no próprio complexo industrial, com segurança, conforme o empreendedor. Será construída uma barragem denominada Barragem de Rejeitos, para essa finalidade.
> A água que fluir da barragem de rejeitos deverá atender aos padrões de qualidade estabelecidos pela legislação, de modo a não interferir na qualidade das águas dos cursos dágua receptores, no caso o próprio Rio dos Pinheiros e o Rio Braço do Norte.
> Os efluentes líquidos gerados nas unidades industriais serão contidos, tratados e reutilizados. Já as emissões atmosféricas serão captadas e tratadas através de lavadores de gases, e os resíduos retidos no tratamento retornarão como insumos ao processo produtivo, ou vendidos a terceiros.
Fonte: Projeto Anitápolis



Nenhum comentário: