quinta-feira, 18 de setembro de 2008

O que a FATMA faz?

Isso, vejam:

A FATMA DEU AUTORIZAÇÃO PARA DESMATAMENTO ASSUSTADOR





Todo entulho e restos dos desmates foram parar sobre a nascente de água do ribeirão Manfrini.

A matéria abaixo foi publicada neste diário no dia 13 de julho de 2006, edição número 1601, e ora, tudo indica, fez parte do roll de ações de depredações acionadas a partir de loteadores de Biguaçu ou na Grande Florianópolis, e abaixo consta o nome da empresa que deu entrada com o processo na Fatma, em Florianópolis, aonde foi aprovado e ontem foram presos um coordenador e dois técnicos safados aquele órgão. Em Jaraguá do Sul todos os moradores antigos sabem que a nascente do Ribeirão Manfrini ficava neste local, (fotos) que ora sofre aterramento oriundo do morro desmatado, conforme as fotos, e como o projeto de loteamento resulta em muitas e muitas erosões, cada vez mais esta sendo lançado barro na baixada aonde esta a nascente de água que a Fatma permitiu aterrar, e pior, mesmo a Associação de Defesa e Educação Ambiental de Jaraguá do Sul – ADEAJS, ter dado entrada com Notícia-Crime bem fundamentada na Promotoria do Meio Ambiente da Comarca de Jaraguá do Sul, o processo foi arquivado, sob o argumento de que a ADEAJS teria que patrocinar um geólogo provando que ali tem nascente de água, porque um geólogo que seria ou é funcionário da Fatma, ou então funcionário da Prefeitura de Joinville cedido para a Fatma em Joinville, teria atestado aos loteadores que no local não havia nascente de água. Há época o dono das terras, Valdomiro Eller, teria falado que havia pago R$ 20 mil para ter dito loteamento liberado, - isso depois que a ADEAJS formulou as denúncias que ontem à noite já foram encaminhadas à superintendência da Polícia Federal em Florianópolis para analisar uma possível continuidade da ação da Dríade. Agora que vocês já leram a matéria acima, analisem a abaixo...




Também foi permitido pela Fatma e Fujama um deposito de entulhos se construção sobre essa nascente.

A denúncia feita na edição de ontem pelo JORNAL ABSOLUTO sobre enorme desmatamento trouxe a Jaraguá do Sul, na tarde de ontem, dois fiscais da Fatma lotados no escritório de Joinville. No local, acompanhados de um fiscal da Fujama, constatam que o órgão deu a autorização para um loteador da Grande Florianópolis conhecido lá no local do desmate só por Júlio César, em 7 de abril passado. O documento esta assinada por James Schroeder, que deixou as funções tão logo o seu ex-chefe no escritório da Fatma em Joinville, Jaime Duarte, entregou o cargo depois da prisão de outro ocupante de cargo semelhante na Fatma, em Canoinhas. A outra assinatura permitindo a derrubada de matas nativas que consta do documento é do atual chefe do escritório da Fatma em Joinville, Júlio Adelaid Serpa. Autoriza a derrubada de matas em uma faixa de área com 1.065,31 metros de comprimento, por largura variando em 200 metros. Totaliza uma área com mais de 170 mil metros quadrados de floresta de ombro fila densa em estagio secundário. E pasme, a previsão é ser retirado do local quase dois mil metros cúbicos de madeira, - ou 2.148,18 metros estéreos, como consta do processo, o que representa mais de 100 cargas de caminhão grande.

Grande parte da área já foi desmatada. Ontem dois homens com motos-serras deram inicio a derrubada das matas no morro lado oposto a de uma área alagada e onde moradores dizem haver água “muito boa num poço de nascente”. Mas onde a Fatma determinou que fosse mantida a área verde, "se tinha um poço, secou", constatou ontem o fiscal da Fatma, Afrânio Ladeira, após vistoriar o local. "A água daquele poço não prestava nem para lavar roupa, porque fedia”, disse ontem a tarde uma moradora cujo imóvel faz margem com o pequeno capão de matas, de 4.378,51 metros quadrado, segundo o documento de autorização da Fatma. Já na área alagada, de várzea e que fica praticamente no centro da área a ser desmatada, que outrora teria sido usada para cultivo de arroz irrigado – arrozeiras -, e em parte fora aterrada por outro loteador, a Fatma deu autorização para derrubar toda a vegetação com abertura de ruas, - o que significa que será aterrada. No entanto ontem no final da tarde, a reportagem do JORNAL ABSOLUTO viu umas saracuras e marrecas do mato fazendo festa nas águas do lago que já teve muito peixe, mas “acabaram com tudo”, disseram vizinhos, caracterizando que “até as aracuâs ou jacupembas que vinham todo dia aqui comer baguinhas naquela árvore tranqüilamente, é viviam por aqui, já devem ter sumido”, disse desolada uma senhora residente bem próximo à margem do lago, enquanto apontava para uma árvore com pequenos frutos. E tanto a jacupemba como aracuã fazem parte do anuário BRASIL 500 PÁSSAROS, que apresenta as 500 espécies de aves em vias ou em extinção pela devastação do seu habitat natural, mas alguns raros espécimes vivem em pequenos capões da flora.

Mas jacupemba ou aracuãs, igual saracuras grande e pequena e marrecas do mato não foram anotadas no laudo de estudo faunistico da área assinado pela engenheira florestal Gina da Silva Voz. Lá constam só essas espécies de aves comuns em todo o centro urbano, como rolinhas, juritis, anus, bico-de-lacre, coleirinhas e cambacicas entre outras espécies que são avistadas em toda a urbe. O processo foi protocolado em 2004 na Fatma pelo Loteador Paraíso – Construtora - Incorporadora e Terraplenagem Ltda., com endereço em Biguaçu, na Grande Florianópolis, solicitando autorização para derrubar a vegetação na área de propriedade de Waldomiro Elert, - morador antigo do bairro Chico de Paula.





Foi derrubada muita mata nativa, último refúgio de aves e animais silvestres em vias de extinção.


Ontem, depois que os fiscais da Fatma e Fujama deixaram o local, chegaram lá dois homens ocupando um jipe importado com placa de Biguaçu. “São os donos da loteadora”, disseram os trabalhadores contratados para fazer a derrubada de matas, e numa antiga Rural Wyllis tipo jipe, com placa de Jaraguá do Sul, chegou o dono da área aonde visam implantar 307 lotes, com metragem variando de 300 a 450 metros cada, e preços “acima de 40 mil, pois vão ter toda a infra-estrutura, até asfalto nas ruas”, contaram os trabalhadores contratados da empresa Novo Mundo, de Joinville, - especializada em fazer a extração da madeira. Se para os madeireiros é fato normal derrubar árvores ou trabalhar empilhando toras e lenha, para os moradores próximos significa "tristeza, porque a gente vê pela falta de chuva, e já falta água, a necessidade de se preservar o pouco que ainda resta de árvores", disse Ilton de Azevedo. Até o fiscal da Fatma, Afrânio Ladeira, ao ser entrevistado pelo radialista Sérgio Luiz, da tradicional rádio Jaraguá AM, demonstrou insatisfação ao declarar: "Eu, como fiscal, também não gosto de ver desmatamentos, mas se a Lei permitiu e foi autorizado pela Fatma, os serviços podem continuar", declarou. A verdade é que brechas nas Leis existem, como também na elaboração dos processos, - mas fato incontestável mesmo é que o homem, mesmo o depredador, até depois da morte precisa de madeira extraída das árvores para ser sepultado numa urna fúnebre, - pois os caixões são confeccionados com madeira...

Adelmo Luís Müller - Editor do JORNAL ABSOLUTO.

Nenhum comentário: