quarta-feira, 22 de outubro de 2008

Luto.

Terça-feira, 21 de outubro de 2008

Homenagem póstuma

Filhote de puma foi capturado em julho de 2007Foto: Guto Kuerten

Guto Kuerten

A morte do filhote de leão-baio, ou puma (nome científico Puma concolor), mantido em um cativeiro na sede do Ibama em Lages, na Serra Catarinense, acontece exatamente um ano após a primeira vez que prestei atenção à sua história.

O filhote de leão-baio morreu neste sábado, por conta de complicações após uma cirurgia no joelho dianteiro direito. Sua espécie é, depois da extinção da onça-pintada, a topo da cadeia alimentar dos animais da região, controlando a população das outras espécies silvestres.

Ou seja: por conta do seu porte físico — que pode chegar até a um metro e meio de comprimento e os 80 quilos — nenhum outro animal, exceto o homem, mete medo em um leão-baio. Sua preservação é importante para garantir que não haja um desequilíbrio populacional entre as outras espécies.

Eu não fazia idéia desta informação em outubro de 2007, quando cursava a 7ª fase do curso de Jornalismo da UFSC e estava indeciso sobre qual assunto escolheria para a reportagem que seria o meu trabalho de conclusão de curso, o TCC.

Apesar de ser natural da Serra Catarinense, já ter estado na sede do Ibama, e saber da captura de um filhote de leão-baio, havia pouco mais de três meses, nunca tinha parado para refletir sobre a conflituosa existência deste animal na região.

— A captura deste leão-baio rende um TCC — sugeriu uma professora, no meio de uma discussão em sala de aula. Nunca tinha pensado nesta hipótese, mas apostei nela, apesar de ter dúvidas sobre a validade do tema.

Foi em uma viagem à região, na metade do mês de outubro de 2007, em que vi o filhote pela primeira vez. Ao saber as dificuldades que rondavam o animal em cativeiro — a maior parte delas já eram em decorrência da luxação no joelho que seria responsável pela sua morte — e de como a existência desta espécie é polêmica na região, graças aos constantes ataques a rebanhos de bezerros e ovelhas, não tive mais dúvidas de que esta era uma grande história.

Era um enredo que prometia um final feliz: aos cuidados de pesquisadores do Projeto Puma, uma ONG respeitada na região pelo cuidado a animais silvestres, o filhote de puma poderia ser solto novamente na natureza em um programa assistido por biólogos para garantir a sua adaptação e sobrevivência.

Na pior das hipóteses, ficaria para sempre em cativeiro, à exposição para estudantes e da sociedade serrana, que conhecem o leão-baio apenas como o temível felino que ataca bezerros e ovelhas sem piedade.

Agora, o que pode ser feito é empalhá-lo e deixá-lo em exposição pública, para que mais pessoas possam ter acesso à sua história e vejam que a preservação do leão-baio da Serra Catarinense pode ser mais urgente do que se pensa.

Postado por Leo Branco às 23h41

(de http://www.clicrbs.com.br/blog/jsp/default.jsp?source=DYNAMIC,blog.BlogDataServer,getBlog&uf=2&local=18&template=3948.dwt&section=Blogs&post=115282&blog=524&coldir=1&topo=3994.dwt)

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