Construtora consegue, na Justiça, alvará para prédio ser levantado sobre riacho, em Joinville
Prefeitura diz que vai continuar adotando Código Florestal, que impede obras a menos de 30 metros do leito dos cursos d’água
Camille Cardoso | camille.cardoso@an.com.brA história começa como tantas outras que Joinville tem vivido nos últimos dois anos. Um empreendedor planeja a construção de um prédio de apartamentos de R$ 36 milhões numa rua do Centro da cidade. Na consulta amarela (uma das etapas burocráticas para a construção) na Secretaria Municipal de Infraestrutura, em 2008, é negada a construção do prédio por causa de um braço do rio Mathias, já canalizado, que corta o terreno. A diferença é que a construtora não se conformou com a decisão da Prefeitura e foi à Justiça. O mandado de segurança teve decisão favorável na 2ª Vara da Fazenda Pública de Joinville e no Tribunal de Justiça. Assim, a Prefeitura concedeu alvará de construção. O desfecho dessa história, que durou de setembro de 2008 a dezembro de 2009, deve ter sido muito bem recebido pelo setor da construção civil na cidade.
A posição do TJ poderia fazer com que a Prefeitura de Joinville mudasse a disposição de usar o Código Florestal, lei federal que impede construções que não estejam pelo menos 30 metros das margens de rios — e que a Prefeitura resolveu seguir à risca desde o início de 2008. Como a cidade é cortada por vários rios, a restrição paralisou investimentos. Poderia. Porque a Prefeitura, oficialmente, se diz resolvida a continuar respeitando a lei federal.
Segundo o presidente da Fundação Municipal do Meio Ambiente (Fundema), Marcos Schoene, ainda não há garantias de que a decisão do TJ seja definitiva, ou mesmo se influenciará casos que forem à Justiça.
— Cada cabeça é uma sentença, cada promotor público tem um entendimento. O próprio Código Florestal não é claro em muitas situações. É muito aberto e dá entendimentos diferentes. O município tem que se resguardar quanto a questionamentos que puderem surgir — argumenta.
A saída da Prefeitura, segundo Schoene, está em um projeto de zoneamento que deve levar pelo menos mais dois anos. Inclui contratar uma empresa especializada, ao custo estimado em R$ 100 mil, para mapear Joinville e assim identificar as chamadas “áreas urbanas consolidadas”. Nessas áreas, não é necessário aplicar princípios de preservação permanente: estão degradadas há tanto tempo que não há mais meio ambiente a ser protegido.
Segundo uma resolução do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama), os municípios podem enumerar, por lei, suas áreas consolidadas. O mapeamento deve consumir pelo menos o ano de 2010 inteiro; depois, é necessário levar as propostas para votação na Câmara. Schoene é o presidente do Conselho Municipal do Meio Ambiente (Consema), que discute o uso do Código Estadual do Meio Ambiente, aprovado no ano passado, que protege uma área menor. A chance de ele vir a ser usado é pequena porque há uma ação de inconstitucionalidade do Ministério Público Federal.
terça-feira, 19 de janeiro de 2010
Se a justiça age assim, o que esperar?
Inundações como a de São Paulo, onde o solo está cada vez mais impermeabilizado e as várzeas de rios são ocupadas... Que suba o nível dos oceanos! Ou que venha a nova era glacial! Quem sabe assim os "empreendedores" aprendam que dinheiro não se come.
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