quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Quando as pequenas cidades serranas terão suas redes de esgoto?

É como está neste artigo: Os políticos não dão prioridade a isto! Preferem fazer pirâmides e coretos nas praças... Sabem de onde falo, não?

1 de setembro de 2010 | N° 8915

SANEAMENTO

Quando SC terá cobertura total?

Um grande desafio para quem irá governar o Estado será o de equacionar o déficit da rede de coleta e tratamento do esgoto. A série Vida Real, busca saber dos candidatos ao governo respostas sobre questões que não fazem parte das generalidades da campanha. É um jeito de ajudar o eleitor a descobrir o que pensam os postulantes ao cargo de governador. Esta é a quinta matéria da série, que já abordou temas sobre segurança pública, educação, saúde e cultura.

Os números sobre saneamento básico são desfavoráveis para as estatísticas catarinenses. De acordo com pesquisa divulgada no dia 20 de agosto, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), os principais problemas estão relacionados à coleta e tratamento de esgoto.

Dos 293 municípios catarinenses, apenas 103 possuem rede coletora e só 47 deles tratam os dejetos recolhidos. A justificativa da Casan, órgão estadual responsável, e dos municípios é a mesma: falta de dinheiro.

Segundo o superintendente de Meio Ambiente e Recursos Hídricos da Casan, Cláudio Floriani, até 2002 poucos recursos foram liberados pelo governo federal e os critérios para aprovação eram muito rígidos.

Quando a empresa conseguiu os recursos financeiros, segundo ele, foi necessário rever os projetos para a implantação de esgotamento sanitário em diversos municípios. Para 2011, Floriani afirma que está previsto o valor de R$ 1 bilhão em investimentos.

O presidente da Federação Catarinense dos Municípios (Fecam), Saulo Sperotto, também afirma que o maior problema é conseguir financiamento para a implantação dos sistemas de esgoto nos cidades.

– O que nós esperamos do próximo governador é que seja parceiro dos municípios e que cobre da Casan responsabilidade sobre os serviços que deve prestar – afirma ele.

A falta de coleta e tratamento de esgoto é refletida na saúde, no meio ambiente e na economia do Estado. Segundo pesquisa da Fundação Getúlio Vargas, em parceria com o Instituto Trata Brasil, o risco de crianças morrerem antes de completar seis anos de idade aumenta em 22% quando esses serviços não estão presentes.

O diretor da Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental (Abes), Paulo José Aragão, explica que diversas doenças se proliferam, entre a população mais carente, devido à ausência de esgotamento sanitário.

O especialista destaca, também, os problemas com o meio ambiente e a economia. Um exemplo bastante evidente é a balneabilidade das praias. De acordo com dados do último relatório publicado pela Fatma, 57 dos 194 pontos pesquisados estavam impróprios para banho.

– A falta de balneabilidade está ligada ao saneamento. Nós medimos exatamente a quantidade de coliformes fecais presentes na água – diz o presidente da Fatma, Murilo Flores.

Além da poluição das águas, a questão da balneabilidade afeta o turismo catarinense.

Para Aragão, o problema não é resolvido por falta de recursos, mas também porque os políticos não colocam o saneamento básico como prioridade. Duas soluções sugeridas pelo especialista são criar um fundo de investimentos em que uma parte seria destinada a saneamento ou trazer investimentos do capital privado, por meio de parcerias e concessões.


mayara.rinaldi@diario.com.br

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