sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Dica para os viveiristas que só vendem Eucalipto e Pinus...

Porque não reflorestar com Cambotá e outras espécies nativas?
Há muitas espécies cujas sementes são fáceis de se coletar...
Vejam este artigo:


Com ou sem código, cresce demanda por muda nativa

altVotação da nova lei de reposição florestal segue indefinida, mas mercado de mudas nativas está aquecido, dizem viveiristas
Mesmo diante do impasse do Código Florestal, produtores de sementes e mudas nativas seguem com mercado aquecido, dada a crescente demanda por serviços de reposição florestal. As exigências da atual lei estão por trás da maioria dos casos de reflorestamento, mas hoje já há projetos de plantios voluntários, de interessados em valorizar a propriedade ou por simples consciência ecológica.
"Em regiões muito degradadas, como o Estado de São Paulo, a restauração florestal tem se mostrado uma grande oportunidade de negócio", diz o professor Ricardo Ribeiro Rodrigues, do Laboratório de Ecologia e Restauração Florestal (Lerf) da Esalq/USP. Em 2001, segundo levantamento do Instituto de Botânica, havia 55 viveiros cadastrados e eram produzidos 13 milhões de mudas (277 espécies) por ano. Em 2009, o número de viveiros cadastrados passou para 114; as espécies para 582, e a produção de mudas chegou a 30 milhões por ano, com capacidade para 53,3 milhões de mudas/ano.
"Vale lembrar que o plantio só é necessário nas áreas extremamente degradadas; áreas não tão prejudicadas têm a capacidade de se regenerar sozinhas. Isso sai do senso comum de dizer que restauração custa caro e que o Brasil vai quebrar com o cumprimento do atual Código atual", diz Rodrigues.
A demanda por mudas tem sido grande em função da quantidade de áreas a serem restauradas - sobretudo as áreas de preservação permanente (APP) e de reserva legal previstas pelo atual Código Florestal, segundo o professor Paulo Kageyama, da Esalq. "Só no Estado de São Paulo estima-se um déficit de 2 milhões de hectares de APP, considerando que as matas ciliares somam, em média, 10% da propriedade e que o total do Estado é de 22 milhões de hectares", diz.
Com a recomendação técnica de plantar 2 mil mudas por hectare, isso representa cerca de 4 bilhões de mudas. "O Estado tem de 20 a 30 viveiros que produzem mais de 1 milhão de mudas/ano, diz a Secretaria de Meio Ambiente, portanto muito longe da necessidade."
Para garantir uma boa diversidade de espécies, o produtor Guaraci Diniz, do o setor avançou muito, sobretudo em relação à tecnologia de produção de sementes e à diversidade de espécies. "Há dez anos, eram 25, 30 espécies. Hoje são mais de 80 disponíveis. A diversidade é crucial para sustentar uma mata", diz. Sítio Duas Cachoeiras, em Amparo (SP), trabalha em parceria com outros viveiristas. "Em vez de competição, vira cooperação. Trocamos sementes e, como cada um é de uma região, elevamos o número de espécies."
Diniz, que também dá cursos de coleta e identificação de sementes de árvores brasileiras, está instalando viveiro próprio, com capacidade inicial de 10 mil mudas, de pelo menos 150 espécies diferentes. "A ideia é a de que o viveiro atue na capacitação de mão de obra, pois falta pessoal qualificado no setor", diz. Hoje, parte do sítio é Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN).
Compensação. O mercado de compensação ambiental divide-se em três tipos: o da compensação obrigatória, que consiste, basicamente, na reparação de dano ambiental por meio do plantio de árvores; o compulsório, que envolve grandes empreendimentos passíveis de licenciamento ambiental, e o voluntário, sem fins comerciais. "Tem todo tipo de cliente", diz o biólogo especialista em conservação Otávio César Cafundó de Moraes, da Brasil Diverso Soluções Ambientais.
Moraes vê futuro promissor para o mercado, mas também chama a atenção para a carência de profissionais que executem - e bem - projetos de reflorestamento. "Não é só plantar. Para formar floresta é preciso adotar técnicas de plantio e avaliar que espécies atraem aves e outros animais, por exemplo. Se a floresta consegue atrair animais, estes trazem mais sementes e a enriquecem, tornando-a viável ao longo do tempo."
Após constatar essa lacuna, também resolveu investir na produção de mudas e está instalando, em Sorocaba (SP), um viveiro. "Um dos gargalos do setor é a semente. Garantir um lote de mudas viável e com variabilidade genética é difícil." O viveiro tem capacidade para 45 mil mudas/ano, com meta de chegar a 300 mil/ano.
A coleta de sementes é feita o ano todo, mas no Estado de São Paulo, o fim do inverno é considerado o pico da "safra". Em um mês de coleta, o biólogo conseguiu 46 espécies. Além de ter "olho clínico" para o negócio, Moraes diz que é essencial que o produtor tenha mudas para pronta entrega e faça controle do estoque. "Quem consegue aliar essas duas coisas a um trabalho de pós-venda, que é o acompanhamento do projeto, tem mercado."
Profissional disputado no mercado, o técnico agrícola Emilson José Rabelo, do viveiro Ambiental Mudas Nativas e Exóticas, em Araraquara (SP), tem talento inato para identificar espécies e é experiente coletor de sementes. "É um trabalho árduo. Tem que entrar na mata de madrugada, subir em árvore, enfrentar calor, bichos. Tem que gostar muito." O viveiro produz, por ano, mais de 1 milhão de mudas, de 120 espécies nativas.
Recipientes para muda nativas (tubetes):altGeralmente utilizados na capacidade de 55 cm³ ou 290 cm³ e acondicionados em bandejas próprias, tubetes plásticos são os recipientes com melhor aceitação no mercado atualmente. Apresentam como vantagens o uso racional da área do viveiro, permitindo o acondicionamento de um número grande de mudas, automatização do sistema de produção, desde o seu enchimento até a semeadura e expedição das bandejas para a área de germinação. Os tubetes também podem ser reutilizados por mais de dez anos, dependendo da qualidade do plástico utilizado na sua fabricação e do adequado armazenamento. Um cuidado especial na escolha dos tubetes é em relação à existência de estrias verticais internas que direcionem as raízes para a abertura inferior dos mesmos, onde serão podadas pelo contato com o ar.
Visão de mercado
Segundo Solano Aquino, Diretor Presidente do Instituto Brasileiro de Florestas – IBF – o seguimento de produção de mudas nativas nunca esteve tão em alta. O IBF, associação focada no restauro florestal, irá bater o recorde de produção de mudas nativas em 2011 fechando o ano com 12 milhões de mudas produzidas. “Estamos em fase de ampliação. Iremos inaugurar mais 8 viveiros  no estado de São Paulo com capacidade produtiva de 1 milhão de mudas por viveiro, para atender a demanda vertiginosa por mudas com porte de 50 centímetros a 1 metro produzidas em tubetes de 290 cm³, o que reduz significantemente o custo de implantação do restauro, por se tratar de uma muda mais resistente a campo”.
Como disseminador de conhecimento e melhores práticas, o IBF realiza mensalmente o Curso de Produção de Mudas Nativas, onde o objetivo é abordar assuntos relacionados à coleta de sementes, produção de mudas, estrutura do viveiro e também a comercialização. Saiba mais acessandohttp://www.ibflorestas.org.br/pt/curso-de-producao-de-mudas.html
Todas as vagas ofertadas pelo Curso são totalmente preenchidas, demonstrando o interesse por parte de empreendedores pela promissora área, com perspectivas altamente positivas quanto a rentabilidade devido às crescentes demandas.
Fonte: Texto adaptado de FERNANDA YONEYA - O Estado de S.Paulo de 21 de setembro de 2.011

Um comentário:

Empreendorismo Sustentavel disse...

Que vença a sustentabilidade nessa questão. Já ficou provado que bons negócios podem e devem andar lado a lado com a sustentabilidade.