quarta-feira, 9 de janeiro de 2008

Ocorrência de PUMA CONCOLOR em Santa Catarina

OCORRÊNCIA DE PUMA CONCOLOR (LINNAEUS) (FELIDAE,
CARNIVORA) EM ÁREAS DE VEGETAÇÃO REMANESCENTE
DE SANTA CATARINA, BRASIL
Marcelo Mazzolli1

Veja artigo completo em http://uniplac.net/~puma/puma.pdf

ABSTRACT. PRESENCE OF PUMA CONCOLOR (LINNAEUS) (FELIDAE,
CARNIVORA) ON REMNANT HABITATS IN SANTA CATARINA, BRAZIL.
Several reports on puma (Puma concolor) have been done in the State of Santa
Catarina, Southern Brazil, most of them in remnant original habitats above 800
meters. These records show a thight relationship between the puma with the altitude
and mostly with the habitat quality. In the Eastmost side of Santa Catarina, these
habitats are found alongside the mountain chains of Serra do Mar e Serra Geral,
and limit the distribution of puma in the east side of the State. The definite
implementation of National Parks and Reserves, studies of movements, and
polimorfism analyses are suggested, in order to provide protected habitats and assure
the genetic flow amongst puma populations.

O tamanho do animal e o tipo de dieta do puma — Puma concolor (LINNAEUS,
1771) — exigem que este felino ocupe uma grande área para assegurar sua sobrevivência.
Com distribuição original extensa e contínua nas Américas, e adaptabilidade para
sobreviver em vários tipos de ambiente, suas exigências de área e alimentação só
recentemente mostram-se um fator de restrição para sobrevivência da espécie.
O puma ocorria originalmente desde o norte da Colúmbia Britânica, no Canadá,
até o sul da Argentina. Foi registrada a existência de pumas desde o nível do mar até
4.000 metros de altitude, e de áreas desertas até florestas tropicais da América do Sul.
Atualmente a pressão de caça e o desmatamento tem restringido seu território às áreas
montanhosas e menos populosas dos Estados Unidos e Canadá (CURRIER, 1983).
IHERING (1892) observou um retrocesso semelhante na distribuição do puma para áreas
montanhosas no Rio Grande do Sul, sul do Brasil.
O puma é considerado raro ao longo de toda a sua distribuição, ameaçado pela
caça, desmatamento e caça intensiva de suas presas (EMMONS, 1990), e ameaçado de
extinção no Brasil (BERNARDES et.al., 1990).
1. Biólogo, Projeto Puma, e-mail: marcelo_puma@yahoo.com

Revta bras. Zool. 10 (4): 581-587, 1993

(...)

Poucos estudos do puma foram realizados na América do Sul. YOUNG &
GOLDMAN (1946) e CABRERA (1957) estudaram a sistemática a nível de subespécie,
WILSON (1984), YáNEZ et.al. (1986) e EMMONS (1987) estudaram hábitos alimentares,
COURTIN et.al. (1980) estudaram, além de hábitos alimentares, preferências de habitat.
GREER (1968) e CARVALHO (1968) publicaram notas acerca de taxas de crescimento e
XIMENEZ (1972) sobre ampliação de distribuição da espécie. No Brasil os únicos
estudos de ecologia do puma foram feitos por SCHALLER (1983) e CRAWSHAW &
QUIGLEY (1984).
Os relatos mais precisos da antiga distribuição de "onças e tigres" no litoral
catarinense, são aqueles feitos por navegantes estrangeiros. Estes citam a ocorrência de
"onças e tigres"* na Ilha de Santa Catarina (FRéZIER, 1979; SHELVOCK, 1979; DON
PERNETTY, 1979). Segundo DON PERNETTY (1979), que desembarcou na Ilha em
novembro de 1763, "...nós apreendíamos sobretudo as onças, das quais nos tinham
mostrado algumas garras incrustadas em prata, e que os nativos diziam ser muito mais
comuns e cruéis que os tigres". KRUSENSTERN (1979) observou, em 1803, que já
haviam sido feitos extensos desmatamentos na Ilha de Santa Catarina, e que as "onças"
haviam desaparecido.
Neste trabalho não foi possível cobrir todo o Estado de Santa Catarina,
entretanto, são apresentados aqui um número significativo de registros de puma em
diversas localidades do Estado, os quais evidenciam uma estreita relação entre a
ocorrência deste felino com a altitude e principalmente com a qualidade do habitat.
ÁREA DE ESTUDO
O estudo foi realizado entre as Latitudes 26°S e 30°S, e Longitudes 52°W e 48°W,
no Estado de Santa Catarina.
O território catarinense está situado na Região Sul do Brasil, entre os Estados do
Paraná e Rio Grande do Sul, e faz divisa a Oeste com a Argentina. Apresenta um clima
subtropical, com temperaturas médias anuais que variam de 21,8°C no litoral a 13,0°C no
planalto (GAPLAN, 1986) .
Santa Catarina caracteriza-se por apresentar um altiplano levemente inclinado
para oeste e uma área que se desenvolve na borda do planalto até o mar, conhecidos,
respectivamente, por Região do Planalto e Região do Litoral e Encostas, e separadas
pelas Serras do Mar e Geral (PELUSO JúNIOR, 1986)(Fig.1). A Serra do Mar localiza-se
próxima ao litoral e ocupa um pequena faixa do litoral catarinense, e a Serra Geral
encontra-se mais afastada para o interior, fazendo com que o limite com o altiplano, na
maior parte do território catarinense, seja a Serra Geral (PELUSO JúNIOR, 1986).


Fig.1. Puma concolor. Ocorrência do puma no Estado de Santa Catarina, de acordo com o tipo de
ambiente. Em cinza os locais com vegetação primária remanescente acima de 800 metros de
altitude. Os números indicam localizações do puma nos municípios: 1-Praia Grande, 2-Meleiro, 3-
São Joaquim, 4-Urupema, 5-Urubici, 6-Bom Retiro, 7-Alfredo Wagner, 8-Anitápolis, 9-São
Bonifácio, 10-Antônio Carlos, 11-Blumenau, 12-Brusque, 13-Rio dos Cedros, 14-Rio Negrinho,
15-Joinville, 16-Campo Alegre, 17-Garuva, 18-Itapoá, 19-Rio do Campo, 20-Curitibanos, 21-Agua
Doce, 22-Ponte Serrada.

Um comentário:

Anônimo disse...

Realmente a população de pumas está voltando a crescer. Aqui na região de joinville, onde eu moro, já tive oportunidade de observar pegadas desses animais, em um parque ecológico, que não vou dizer qual pra preservar a espécie.