quinta-feira, 20 de março de 2008

A mata atlântica hoje é considerada um dos ecossistemas mais ameaçados do mundo.

Mais uma, do AN (), antes que a compra pela RBS faça com que de repente este tipo de informação "saia do ar"...

A mata atlântica hoje é considerada um dos ecossistemas mais ameaçados do mundo.

Mata atlântica agoniza no Sul do Brasil

Maior devastação de florestas ocorreu no Rio Grande do Sul, reduzindo a cobertura vegetal para só 2,6%

A forma de ocupação do solo e o uso das florestas nativas estão vinculados ao processo de desenvolvimento de Santa Catarina ao longo dos últimos cinco séculos. A utilização desordenada destes recursos, porém, deixou seqüelas. Enquanto em 1500 as florestas ocupavam 81,5% da área total do Estado, hoje, embora os números sejam divergentes, sabe-se que a cobertura vegetal é reduzida.

O mapeamento da Fundação do Meio Ambiente (Fatma) concluído em 1996 mostra que o Estado conserva 29,14% de cobertura vegetal em relação a sua área, um percentual até positivo se comparado com os demais Estados do Sul do País que abrigam a mata atlântica. Os números da Fatma englobam toda formação vegetal acima do solo, não diferenciando os tipos de floresta e os estágios de regeneração e incluem a área total do Estado que, a partir do decreto 750/93, passou a ser considerada de Mata Atlântica, independente da formação fitogeográfica.

Há, entretanto, quem afirme que a situação é pior que a diagnosticada pela Fatma. Dados da Organização Não-governamental SOS Mata Atlântica, que levam em conta as áreas de regeneração em estágio médio e avançado (excluindo os estágios iniciais), mostram que Santa Catarina apresenta 17,41% de cobertura florestal natural. Deste total, segundo o biólogo Ademir Reis, responsável pelo Laboratório de Ecologia Floresta da Universidade Federal de Santa Catarina, apenas 4% corresponde à vegetação primária (o que não quer mais dizer floresta virgem, já que não se pode garantir que o homem nunca entrou em contato com estas áreas).

O ponto positivo é que o rigor da legislação ambiental e o aumento da consciência ecológica em todo o mundo provocaram a redução do ritmo de devastação, ao mesmo tempo em que incentivaram a regeneração. Levantamento do SOS Mata Atlântica conclui que os estados do Paraná e Santa Catarina foram os que mais reduziram o ritmo de desmatamento: 50% e 30%, respectivamente, embora as regiões devastadas ainda sejam grandes.

O diretor de Estudos Ambientais da Fatma, David Vieira Fernandes, também constata a desaceleração do desmatamento. "Não quer dizer que está bom, mas somos um dos que menos degrada", destaca. O mapeamento da cobertura vegetal realizado pela Fatma constatou, ainda, que 4,14% da área de Santa Catarina está recoberta por reflorestamentos, principalmente pinus e eucalipto.

Tabuleiro e Joinville preservados

O diretor de Estudos Ambientais da Fatma, David Vieira Fernandes, afirma que atualmente as áreas mais preservadas em Santa Catarina são as microrregiões do Tabuleiro e de Joinville, com 66% e 63% de cobertura vegetal primária e secundária, respectivamente. Em contrapartida, no Oeste, Extremo-oeste e na região conhecida como Alto Uruguai estão os trechos com menor cobertura vegetal. A microrregião do Tabuleiro engloba os municípios de Águas Mornas, Alfredo Wagner, Anitápolis, Rancho Queimado e São Bonifácio e apresenta apenas 1% de áreas destinadas a reflorestamentos.

Vale lembrar, entretanto, que o levantamento da Fatma não diferencia os tipos de floresta, e soma toda a formação vegetal acima do solo. Já a microrregião de Joinville abrange os municípios de Araquari, Corupá, Garuva, Guaramirim, Itapoá, Jaraguá do Sul, Joinville, Massaranduba, São Francisco do Sul e Schroeder e 3% de área de reflorestamento . Uma das razões apresentadas por Fernandes, para isso, é o difícil acesso a algumas regiões - como a Serra Dona Francisca, por exemplo - e a atuação da Polícia Ambiental nos últimos anos.

Satélites ajudam no mapeamento

Lançado em 1996, o mapeamento da cobertura vegetal de Santa Catarina foi o resultado de três anos de pesquisas realizadas pela Fatma. Tudo foi reunido em um atlas, na forma de CD, concluído em 1996. Para chegar aos dados, foram utilizadas imagens de satélites fornecidas pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) da região de Santa Catarina. David explica que em um primeiro momento as imagens foram interpretadas no escritório e, a partir daí, partiu-se para as pesquisas de campo. Com isso, garantiu-se a exatidão do mapeamento.

O índice de 29,14% encontrado pela Fatma no mapeamento não está distante dos 33,4% de vegetação registrados pelo último inventário florestal nacional, em 1982. Porém ,não se pode afirmar que houve uma redução de 4,26 pontos percentuais da cobertura vegetal, já que foram usados parâmetros diferentes. O inventário levou em conta áreas de campo, ou savanas, que foram excluídas da pesquisa realizada pela Fatma. O índice também é próximo do encontrado pelo projeto Radam-Brasil, em 1986. O projeto constatou que as áreas com conservação maior da vegetação secundária situam-se na região da vertente atlântica e coincidem com os locais que, no levantamento da Fatma, obtiveram percentual superior a 50%.

Cronologia
Degradação da cobertura vegetal em SC
Ano Área Cobertura
1500 7.768.440 81,5%
1912 7.498.690 78,67%
1959 2.859.550 30%
1985 1.831.950 19,14%
1990 1.725.638 18,03%
1995 1.666.241 17,41%

Remanescentes florestais no Sul do País

Cobertura em relação à área total

* Paraná: 8,93%
* Santa Catarina: 17,41%
* Rio Grande do Sul: 2,69%

A área original de domínio da mata atlântica no País era de 1,2 milhões de quilômetros quadrados em 17 Estados. Hoje, resta menos de 8% do total.

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