terça-feira, 25 de março de 2008

Sem mágicas, 37 cidades melhoram educação

Eu já dei aula no ginásio de Alto Paraíso, em Goiás. Embora sem ter o curso médio completo. Gostei! E meus alunos gostaram também! Um deles chamou-me de "enciclopédia ambulante"... Lembro-me de uma aluno cujo apelido era "Alemão". Ele morreu num acidente na rodovia que leva a Brasília...
Gostaria de dar aula, quando me aposentar. Sobre meio-ambiente... Mas não posso por não ter formação... Embora tenha conhecimento.

Abaixo uma sugestão: melhorar a formação dos professores das cidades da serra... Convênios com a UDESC, UFSC, para ensino à distância... Tanta coisa pode ser feita! Com educação se evitam muuuitos problemas, inclusive ambientais...

Sem mágicas, 37 cidades melhoram educação
Raquel Landim
25/03/2008

Quase 3.550 quilômetros separam Alto Alegre do Pindaré, no norte do Maranhão, de Arroio do Meio, no nordeste do Rio Grande do Sul. Para ir de um ponto ao outro de carro, são 41 horas de viagem sem parar, cortando o país de Norte a Sul. Uma característica une os dois municípios e outros 35 espalhados por todas as regiões do Brasil: ensino público de qualidade.

Pesquisa do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) com apoio do Ministério de Educação (MEC), obtida pelo Valor, mapeou 37 municípios que, apesar da situação social precária, oferecem boa educação para suas crianças. Outra característica destas cidades é que as escolas atuam em rede, mantendo a eqüidade no ensino.

"Uma rede é forte quando os nós são fortes", diz Salete Lacerda Almeida e Silva, coordenadora de pesquisa do Unicef e ex-secretária de educação de Salvador. Ela diz que os "nós" das redes de aprendizagem são as escolas. "Não adianta ter uma escola pública ótima e outra péssima", diz. Em regiões carentes, a importância da escola é maior, ocupando um espaço que deveria ser da família.

Santarém (PA), Presidente Dutra (BA), Sete Barras (SP), João Monvelade (MG), Realeza (PR) e Sapiranga (RS) são algumas cidades que obtiveram nota superior a média nacional no Índice do Desenvolvimento de Educação Básica (Ideb), que combina aprovação escolar com notas obtidas nas provas de avaliação de conhecimentos de português e matemática do governo federal. A avaliação é feita com os alunos de 1ªa 4ª série.

Com base nesses dados, os pesquisadores do Unicef foram a campo verificar se as cidades funcionam como verdadeiras redes de aprendizagem. O objetivo era encontrar a receita do sucesso. Como oferecer educação de qualidade sem dinheiro? A resposta não tem nada de fantástico - é o be-a-bá da educação. Os pesquisadores enumeraram 10 pontos presentes em todas as redes: foco no aluno, boa gestão municipal, compartilhar experiências, avaliação periódica, valorização e formação do professor, prioridade para leitura, atendimento individual e parceria com universidades, empresas ou organizações não-governamentais.

Em São Jorge D'Oeste (PR), prefeito, vice-prefeito, presidente da câmara e secretário municipal de educação, todos são professores. Não é preciso chegar neste extremo, mas o conhecimento da área ajuda a focar na aprendizagem do aluno. Nas redes pesquisadas, qualquer centavo gasto é para aprender. "Pode parecer óbvio, mas algumas cidades estão mais preocupados com melhorar as instalações das escolas", diz Salete.

A pesquisa demonstra que a parceria com o secretário de educação - apontado com protagonista, um papel mais importante que o do prefeito - é a base do bom funcionamento da rede de aprendizagem. Se a relação entre escolas e secretaria está azeitada, existe espaço para o planejamento compartilhado, mencionado por quase 70% das escolas como fator de sucesso. Em Rio Verde (GO), por exemplo, diretores, professores, merendeiras e até vigilantes das escolas elaboram um plano individual de trabalho. Os compromissos assumidos são cobrados pela direção da escola durante o ano.

Para Justina Iva de Araújo Silva, presidente da União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime), o bom desempenho das redes públicas depende de fatores objetivos, como salário e infraestrutura, e fatores subjetivos, como compromisso e envolvimento. Ela diz que os prefeitos começam a se dar conta da importância de apontar um educador como titular da pasta, mas critica a submissão da educação à área financeira. "O secretário não é gestor pleno de seus recursos", diz.

Estímulo, formação e avaliação do professor também mereceram destaque. Em Alto Alegre do Pindaré (MA), os professores fazem prova e os que obtiverem notas ruins são convocados para aulas de reforço. Em Altamira (PA), professor tem prioridade no atendimento médico e não paga cinema.

A formação da maioria dos professores das cidades que se destacaram é fraca, mas, em alguns casos, é feito um esforço em mutirão. Em Guaramirim (SC), uma parceira com a universidade estadual permitiu oferecer o curso de pedagogia a distância. Em Presidente Dutra (BA), mais de 80% dos professores faz faculdade, porque a prefeitura paga 50% do custo.

Salete diz que redes de aprendizagem são raras no Brasil. "A consciência de trabalhar em rede é algo em formação até no mundo empresarial, mas ganhou impulso com a Internet", diz. A pesquisa será divulgada hoje em Brasília durante um fórum de secretários de educação dos municípios com os piores resultados no Ideb. "O objetivo é jogar luz nas boas experiências", diz Maria do Pilar, secretária de educação básica do MEC. A pesquisa está sendo divulgada em ano de eleições municipais. Para o MEC e a Unicef, o momento é perfeito, pois ajuda na transição. Salete admite, porém, que os resultados podem ser usados como propaganda por quem pretende se reeleger ou fazer um sucessor.

(de http://www.valoronline.com.br/valoreconomico/285/primeirocaderno/especial/Sem+magicas+37+cidades+melhoram+educacao,08253,,59,4842057.html)

Nenhum comentário: